Depois de ter visto o musical com o mesmo nome num palco londrino, bem antes desta “febre”, foi um prazer rever toda a emoção que lá tinha sentido. É um dos musicais de que mais gosto e vê-lo agora adaptado para o cinema, torna-se ainda mais especial. Tal como a peça, ou não tivesse sido realizado pela sua encenadora, “Mamma Mia!” faz-nos cantar (até nos apercebermos que estamos numa sala cheia de gente), faz-nos sorrir, emocionar, enfim, diverte-nos muito. Tratando-se de uma comédia musical, este filme ligeiro e muito bem disposto, é dedicado aos nostálgicos (e não só) das fantásticas e inesquecíveis músicas dos ABBA. Por outro lado, é um autêntico “cartão postal”, a servir de promoção às ilhas gregas, graças aos fabulosos cenários naturais onde decorrem as cenas. Last but not least, “Mamma Mia!” dá-nos também a prova de que Meryl Streep é uma actriz camaleónica, que tudo consegue fazer e interpretar, sempre num registo superior. Numa brilhante interpretação e quase sexagenária, ela consegue cantar, dançar e saltar. Será que Meryl tem aqui mais uma nomeação para os Óscares?

Tudo se passa em 1999, na bela ilha grega de Kalokairi, quando Sophie (Amanda Seyfried), prestes a se casar, resolve convidar para a cerimónia três homens desconhecidos – Sam Carmichael (Pierce Brosnan), Bill Anderson (Stellan Skarsgard) e Harry Bright (Colin Firth), acreditando que um deles possa ser seu pai. De diferentes partes do mundo, estes três homens resolvem voltar à ilha e à mulher por quem se apaixonaram há vinte anos atrás… Mas quando chegam, a mãe de Sophie, Donna (Meryl Streep), fica muito surpreendida e transtornada quando dá de caras com os seus ex-namorados, que nunca conseguira esquecer. Para ajudar (ou talvez não), Donna conta com as suas duas melhores amigas, que também chegam para o casamento: a prática e divertida Rosie (Julie Walters) e a multi-divorciada e adepta de cremes, Tanya (Christine Baranski), as quais pertenciam à banda que as três compunham no passado, “Donna and the Dynamos”.

A história do musical “Mamma Mia!” remonta aos anos 80, quando a produtora Judy Craymer se encontrava a trabalhar com Benny Andersson e Björn Ulvaeus como produtora executiva do primeiro projecto deles pós-ABBA, o musical “Chess”. Inspirada no aspecto teatral do trabalho destes dois compositores, Judy teve a ideia de criar um musical a partir de canções já existentes do grupo, num original formato. Andersson e Ulvaeus ficaram, inicialmente, relutantes, mas em 1995, acabaram por concordar com o projecto. Dois anos depois, Craymer convidou a teatróloga Catherine Johnson para escrever o musical. Mais tarde, já com uma empolgante história em mãos, a produtora trouxe para o seu projecto a conceituada Directora de Teatro e Ópera, Phyllida Lloyd. O primeiro espectáculo estreou a 6 de Abril de 1999, no Prince Edward Theatre, em Londres (local onde eu o vi, algures em 2002), tornando-se num fenómeno global de entretenimento e atraindo um público de mais de 30 milhões de pessoas, em 170 cidades e oito idiomas. Phyllida Lloyd acabou por se tornar na realizadora do filme.

Não há dúvida que os Abba voltam a estar na moda, ou melhor, nunca o deixaram de estar. Ainda há muito pouco tempo, foram revisitados por Madonna na abertura do seu single “Hung Up”, já para não falar do grupo A Teens, que fizeram versões das suas canções num álbum intitulado “The Abba Generation”. O facto é que as músicas dos Abba nunca deixaram de ser cantadas por esse mundo fora. Por isso, não é de se estranhar que tenha surjido um filme dedicado às músicas deste famoso grupo sueco. E agora, com a ajuda deste, muitos mais milhões passarão a cantarolar as eternas melodias dos Abba...

Ver e ouvir canções como "Mamma Mia", a fantástica "Dancing Queen", que reune todas as mulheres da ilha, "Super Trouper" a marcar o regresso das "Donna and the Dynamos", “Money, Money, Money”, a sentida “The Winner Takes It All”, a divertida “Chiquitita”, “I Have A Dream”, “Take A Chance On Me”, “Honey, Honey”, entre muitas outras, é sempre emocionante. O filme decorre a um ritmo alucinante e o final não deixa de ser surpreendente. Apesar das críticas, algo negativas, nos jornais, digo-vos que se trata de um filme musical realmente bom. Não percam!

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