Mais um remake americano de um filme de terror asiático, pelas mãos de Alexandre Aja, realizador que já tem no seu currículo um par de filmes do género. Mas o que me levou a ver este filme de arrepiar foi ter um Kiefer Sutherland à cabeça do elenco. Um actor que admiro e que gosto de ver trabalhar.

Enquanto filme de terror despretensioso, com uma história "credível", “Espelhos” aguenta-se bem e dá para o susto. Alguns sustos… Os espelhos são os verdadeiros protagonistas da narrativa. Contendo um espírito demoníaco à procura de uma vingança entre os humanos, os espelhos vêem em Ben Carson (Kiefer Sutherland) a pessoa que lhes vai possibilitar realizar tal proeza. Ben já vivera melhores dias… Desesperado por voltar a endireitar a sua vida e decidido em unir novamente a sua família, após ter morto um colega da polícia por acidente, ele aceita um trabalho como segurança nocturno nas ruínas de um grande armazém de luxo, que sucumbira às chamas. Enquanto Carson vai patrulhando os escombros, ele começa a se aperceber de que algo sinistro habita nos inúmeros espelhos que se encontram nas imensas paredes daquele espaço. Reflectidas nas suas superfícies, vão surgindo horríveis imagens de pessoas ou situações que não existem no lado real de Ben e que o vão paralisando de medo. E a nós também. Para além disso, os espelhos também começam manipular a realidade…

Como Ben se encontra num momento em que está a deixar uma situação de alcoolemia, ninguém parece acreditar nele, até começar a ser tarde demais… A sua irmã Angela (Amy Smart), solidária com Ben mas céptica, não dá importância às alucinações bizarras do irmão, considerando-as derivações do stress e da sua culpa pelo tiro acidental. Acaba por se tornar numa das primeiras vítimas dos espelhos. Já a mulher de Ben, Amy (Paula Patton), médica legista, é menos condescendente com a situação. O comportamento cada vez mais estranho do marido acaba por a assustar, é certo, pois ela teme pela segurança dos dois filhos de ambos, mas uma ameaça mortal vem à tona, presa nos espelhos e superfícies reflectidas que permeiam o seu quotidiano caseiro, fazendo-a ficar de lado de Ben. Entretanto, este, ao investigar o que poderá estar por detrás dos espelhos, percebe que uma força malévola e sobrenatural está a usar o seu reflexo como um meio de o aterrorizar a ele e à família.

"Espelhos” acaba por se tornar num filme de grande suspense e aterrorizador. Alexandre Aja mostra que domina bem os truques que provocam sustos de tempos em tempos, desde o "básico" pombo que faz um estrondo ao levantar voo na escuridão, até às acções horrendas que os espelhos reflectem. Mas medo metem também os diálogos e as interpretações credíveis, como as de Kiefer Sutherland ou a da actriz que faz de sua esposa, que se envolve numa desesperada luta molhada no final, contribuindo para a "intensidade" do clímax. Claro está que nem tudo são rosas, pois acabamos por ir adivinhando algo, aqui ou ali, do que está para acontecer a seguir, mas no geral, “Espelhos” é um convincente filme do género.

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