“Eu nasci sob circunstâncias pouco comuns”. É assim que começa "O Estranho Caso de Benjamin Button". Um interessante drama, baseado no clássico romance homónimo de F. Scott Fitzgerald, escrito em 1920, sobre um grande amor, que tudo vence.
O filme trata da história de Benjamin Button (Brad Pitt), um homem que nasce com a aparência de um idoso e que, misteriosamente, começa a rejuvenescer, passando a sofrer as bizarras consequências, tanto físicas, como psicológicas e sociais, do estranho fenómeno. Button nasce, estranhamente, com 80 e poucos anos, em Nova Orleães, em 1918, quando a Primeira Guerra está a chegar ao fim. A cronologia avança normalmente, com ele a acompanhar os tempos, à medida que vai ficando mais jovem. Nós vamos seguindo a sua história até ao limiar do século XXI, acompanhado uma jornada de vida fora do normal, por sua vez tão única e tão pouco usual como a vida de qualquer homem pode vir a tornar-se.

Falei tratar-se de uma história de amor, porque Benjamin conhece, em criança, a mulher que o vai acompanhar até ao fim dos seus dias. Daisy (Cate Blanchett)vai nutrindo um enorme carinho desde pequena que, aos poucos, se vai transformando num amor descomunal. Mesmo que só se consigam amar por um curto período de tempo, quando, aos 40 anos, as suas trajectórias se cruzam. No restante tempo, Benjamin e Daisy vão vivendo vidas paralelas, por vezes, até inversas. Uma bela e inusitada históra de amor que nos vai sendo narrada pela filha (Julia Ormond) de Daisy, quando esta já se encontra internada num hospital, à beira da morte. Enquanto aguardam pelo inevitável, Daisy dá um diário à filha e pede-lhe que lho leia, em voz alta. Um diário que relata, na primeira pessoa, "O Estranho Caso de Benjamin Button".

Sendo um filme relativamente longo, a sua narrativa, com um constante retorno a um passado que vai sempre evoluindo, apresenta um ritmo diferente, que não causa cansaço. Notável, o momento em que a personagem de Brad Pitt surge tal e qual o actor é hoje. Sente-se um suspiro feminino na sala, quase um respirar de alívio por verem o seu belo actor surgir, finalmente, no seu esplendor.

A realização está impecável. David Fincher concebeu, certamente, uma das novas obras-primas do cinema, mesmo depois de já nos ter dado grandes obras como “Se7en”, “The Game”, “Panic Room” ou “Zodiac”, para nomear alguns. O elenco também está soberbo. Além de Brad Pitt e de Cate Blanchett, como principais protagonistas, “O Estranho Caso de Benjamin Button” possui no elenco outro nomes interessantes, como Julia Ormond e a sempre surprendente Tilda Swinton. Destaque para o desempenho de Taraji P. Henson, no papel de Queenie, mãe adoptiva de Benjamin.
O filme é ainda detentor de uma esplêndida fotografia e de uns notáveis e discretos efeitos especiais, que nos conseguem mostrar diferentes Brad Pitt, de acordo com todas as fase de velhice, juventude e criancice. Excelentes são também as reconstituições das diversas épocas retratadas.

"O Estranho Caso de Benjamin Button" é um grande conto sobre um homem incomum, as pessoas e lugares que ele vai conhecendo ao longo do caminho, os amores que encontra, as alegrias da vida e a tristeza da morte, e, sobretudo, o amor que prevalece para além do tempo. E lança uma importante mensagem: todos podemos ser diferentes e não devemos ser condenados por isso. Por tudo isto, "O Estranho Caso de Benjamin Button" é um sério candidato aos Óscares…

Etiquetas:

Comente este artigo