Um excelente filme, um grande exemplo de vida. Harvey Milk foi um pioneiro dos direitos homossexuais nos Estados Unidos. 30 anos depois da sua morte, sai este filme, em jeito de homenagem, mostrando-o como arauto do movimento gay norte-americano. A vida e a morte desta personagem singular, o primeiro homem abertamente homossexual a ser eleito para um cargo oficial no estado da Califórnia, é o fio condutor deste convincente filme de Gust Van Sant.

Protagonizado por um Sean Penn no seu melhor, "Milk" evoca um momento delicado para a comunidade homossexual da Califórnia. Ele contribuiu para impedir a aprovação de uma proposta que pretendia impedir o trabalho de professores gays. De cidadãos seniores a trabalhadores sindicalizados, Harvey Milk foi mudando a natureza do que significa ser um lutador dos direitos humanos, tornando-se num herói para todos os americanos.

"Milk" mostra-nos também os perigos do ódio face à diferença. O supervisor camarário, Dan White, vem a tornar-se no assassino do Mayor George Moscone e de Harvey Milk, em 1978. Ao matar estes homens, fez com que morresse, com eles, a esperança de uma imensa minoria. White é brilhantemente interpretado por Josh Brolin.

Milk tinha 48 anos quando fora assassinado. Era um homem aberto, não apenas a respeito da homossexualidade em geral, como também fazia piadas sobre ele próprio. Conta a História que, quando assumiu temporariamente o posto de Moscone como Mayor, ele avançou com uma das suas piadas numa cerimónia de inauguração, enquanto cortava a fita: "Provavelmente, devo ser o único Mayor que corta a fita e depois a coloca no cabelo". Para além do humor, Milk era tido como muito profícuo no jogo das palavras e os seus discursos saiam-lhe naturalmente, sem qualquer vislumbre de demagogia. O filme faz jus a isso e mostra muito mais do espírito contagiante de Milk.

Mesmo sabendo, de antemão, o seu final, é com tristeza que abandonamos a sala. Há injustiças que não deveriam acontecer… Uma coisa é certa, a sua vida mudou a História e a sua coragem mudou muitas vidas. A sua vitória não foi apenas para os direitos dos gays, mas para os direitos humanos e os de todas as minorias.

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