Quem ainda não ouviu falar de Lady Gaga? Pode nem sequer ter ouvido uma das suas músicas, mas pelo menos, já se deve ter cruzado com alguma imagem das suas excentricidades… É que Lady Gaga esteve em todas: capas de revista, artigos, Grammy Awards, MTV Awards, Oprah Show, foi entrevistada pela mítica Barbara Walters, etc, etc... 2009 foi, sem dúvida, o ano de Lady Gaga, nome artístico de Stefani Joanne Angelina Germanotta. Nascida em Nova Iorque em 1986, esta cantora de dance-pop e eletrónica é já vencedora de 2 Grammy Awards. Mas lutou muito para chegar aos lugares cimeiros da Pop. E se o conseguiu, foi à custa de muito trabalho e criatividade...

Aos 4 anos já sabia tocar piano de ouvido, aos 13 compôs a sua primeira balada, com 14 lançou-se nas ruas de Manhatan, montando os seus próprios shows e aos 17 ingressou na "Tisch School of the Arts". Gaga não se conforma em ser apenas mais uma personagem efémera do universo underground de Nova Iorque e introduz-se muito jovem na indústria discográfica. Aos 19 anos de idade, trabalhou como compositora para artistas conhecidos como Pussycat Dolls e Akon. Este, depois de ouvir Gaga cantar, convenceu o presidente da Interscope Records a contratá-la para um acordo musical entre esta e a sua Akon Kon Live. Daí, até ao seu álbum de estreia "The Fame" ser lançado (em Agosto de 2008), foi um ápice. Este seu primeiro trabalho discográfico contou com um grande êxito comercial e crítico, chegando ao primeiro lugar de vendas em quatro países, além dos Estados Unidos. Os dois primeiros singles do álbum, "Just Dance" e "Poker Face", tornaram-se grandes sucessos internacionais. E numa era em que os CDs convencionais estão a decair, Lady Gaga conseguiu a proeza de vender 8 milhões de álbuns a nível mundial, para além de mais de 20 milhões de singles digitais, o que fez dela uma das artistas que mais vendeu em 2009. Aos 23 anos, Lady Gaga tornou-se a terceira artista na história a obter três nº1 de um álbum de estreia na "40 Top Mainstream Chart", da Billboard.

Musicalmente, Gaga inspira-se em cantores e grupos de glam rock como David Bowie e Queen (não é à toa que o seu nome artístico seja retirado do êxito destes, “Radio Gaga”), em artistas plásticos, como Andy Warhol, e em cantores pop dos anos 70 e 80 como Cher, Cyndi Lauper, Michael Jackson e Madonna, a quem agradece nos créditos do seu álbum. Aliás, é com Madonna com quem mais se identifica. E vice-versa. Sobre Gaga, Madonna afirmou: “Revejo-me em Lady Gaga. Quando a vi no início, ela também não tinha muito dinheiro para a sua produção, tinha buracos nas meias e havia erros em todo o lado, mas no meio da confusão, consegui ver que ela tem o factor X, aquilo que a torna única. É bom ver isso numa fase tão crua…” Hoje, até já fizeram um dueto cómico no programa “Saturday Night Live”(como já noticiei)…

Mas Gaga também é, e muito, inspirada por moda, o que ela afirma ser essencial para as suas composições e apresentações. Os seus outfits estonteantes e, às vezes, chocantes, despoletaram um crescente interesse na moda avant-grade em todos os quadrantes. Algo que não se via, talvez, desde… Louis XIV? Neste campo, como no da música, a influência de Gaga é pandémica. Por isso, e estatisticamente falando, se tem ouvidos, provavelmente já ouviu a sua música, se tem olhos, já a deve ter visto e se tem mente, certamente não a esquecerá. Esta é uma das primeiras regras da Gagaland: ser mutável, histórico e memorável.

Gaga está em completo controlo do complexo industrial da sua música. Ela escreve e faz a co-produção de todas as faixas; serve-se como dramaturga, coreógrafa e estrela principal nas suas performances e dirige um pequeno grupo de “conspiradores” na sua Haus of Gaga, onde entre outros, está incluído o designer Matthew Williams. Ali, “eles nada mais fazem do que viver e respirar a sua arte”. A Haus of Gaga assegura que não hajam pontas soltas na produção da sua mentora. Cada sua aparição tem por trás uma muito estudada e coreografada performance. Como a própria Gaga assegura, “sou uma actriz de método. Estudei Stanislavski por seis anos…”.

Se cada segundo que passa é, para ela, uma cena, as suas múltiplas aparências quase valem uma dissertação. Nela, tudo é encenado, nada é deixado ao acaso. O seu sentido de estética é a constituição de uma nova utopia. “Eu acredito em viver uma vida de glamour e acredito num lifestyle glamuroso”, defende. Voltando à música, os sintetizadores dos anos 80 que encontramos em "The Fame", fazem jus à sua época musical preferida. Lady Gaga compara-se e é comparada, por isso, a Debbie Harry, a (novamente) Madonna, David Bowie e Grace Jones. E quando ouvimos "The Fame Monster", uma edição especial e melhorada do seu primeiro álbum, com 8 novas canções, tal comprova-se - o que nos vem à memória, são, de facto, os sons e ambientes da década de 80.

É indiscutível – quer se goste ou não, Lady Gaga veio para ficar. Com um talento tamanho, que abrange vários níveis (como diz Gaga, “a Arte é uma mentira e todos os dias eu mato-me para torná-la verdadeira”), que agrada a homens e mulheres, jovens e crianças, Lady Gaga conseguiu o mais complicado – conquistar as massas e as minorias. Por exemplo, ela apoia 100% a comunidade gay e “responsabiliza-a” pelo seu sucesso inicial. Mas não se pense que a vida desta mulher de mil imagens é fútil, antes pelo contrário. Ainda recentemente, aliou-se a Cindy Lauper e à marca de cosméticos MAC para promover um baton, cujas receitas vão para raparigas menores com SIDA.

Uma das suas maiores virtudes é que ela pertence ao presente, fazendo de tudo para que seja reconhecida antes de entrar para a História da música. Temos artista!

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