Há já algum tempo que não falava aqui de cinema... Uma das minhas paixões e lazeres. Pois bem, antes estes meus post eram começados por "Filme da semana" mas agora passa a ser denominado "At the movies", por achar piada mas, sobretudo, por ser mais abrangente, dado que numa semana poderei nem sequer pôr os pés num cinema, e na seguinte poderei ir duas vezes ver filmes... Aqui fica o primeiro de muitos. “Hereafter-Outra vida” é o mais recente filme de Clint Eastwood. E é sempre bom termos algo novo deste fabuloso realizador…

Trata-se de uma história de “suspense sobrenatural”, que gira à volta de três pessoas – George, um americano sem rumo(Matt Damon), Marie, uma jornalista de televisão francesa (Cecile de France) e Marcus, uma criança britânica (Frankie/George McLaren) - afectadas pela morte, das mais diferentes maneiras. E as suas relações com a morte que lhes foi próxima, quer pelo dom de contactar os mortos, quer por ter passado por ela e ter regressado à vida ou por alguém demasiado próximo ter morrido, são o cerne da narrativa. Cada personagem enceta uma viagem na busca da verdade, as suas vidas ligam-se e interagem, e são completamente mudadas por aquilo que elas acreditam ser – ou dever ser – o que existe para além da morte…

É um filme bem diferente daqueles que Eastwood nos costuma apresentar, mas reconhecemos nele a mesma realização minuciosa e rígida, tão sua. Dizem que quando Steven Spielberg, um dos produtores, se deparou com o guião, convidou, sem hesitar, Clint Eastwood, pois, segundo ele, só este poderia realizá-lo de forma credível.

Portanto, “Hereafter” assenta num tema polémico e o filme mostra-nos isso: lida com críticas, ao nos mostrar que há muitos esquemas fraudulentos, sugere-nos que nem todas as pessoas estão preparadas para aceitar esta “verdade” e chega a indiciar-nos uma certa conspiração global que tenta refutar estudos científicos na área. Mas ainda assim, a forma como esta temática é explorada tem o cunho de Eastwood, denotando o seu rigor no tratamento da história e na realização. O ritmo é pausado, e bem poderia trata-se de um telefilme típico do final dos anos 70, mas a sequência inicial e outras cenas de grande impacto que se lhe seguem, vêm dizer-nos o contrário.

Como filme de Eastwood, confesso que me deixou um pouco aquém… Não pela temática em si, à qual, tal como algumas pessoas na história, sou indiferente, não ligo muito, mas porque estou habituado a ser surpreendido pela beleza, carga dramática e emoção a que este realizador nos acostumou. Mas, tal como Spielberg, acho que só ele poderia ter feito este filme. E, nesse sentido, “tiro-lhe o chapéu”!

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