Lançado na passada segunda-feira, o novo álbum de Madonna, "MDNA", o seu décimo segundo de estúdio, é já o mais vendido na loja virtual do iTunes em pelo menos 35 países (Portugal incluído), até à data de hoje. Madonna regressa às lides musicais com um disco que se revela um sopro de renovação entre os trabalhos recentes da cantora… Nomeadamente, o “morno” “Hard Candy”, onde experimentou uma influência mais hip-hop e colaborou com Justin Timberlake, Pharrell Williams e Timbaland.

Estou certo de que nenhum disco este ano foi ou será tão “badalado” quanto este “MDNA”. Uma misssão nada fácil, mesmo para uma artista do porte do tamanho de Madonna, que praticamente, ainda não encontra par no panorama da música pop actual. Assim que o novo álbum foi dado a conhecer, os fãs seguidores da cantora, comigo incluído, bem como a crítica em geral, celebraram o trabalho. "MDNA", um “triple entendre”, como a própria cantora o define, é um regresso ao que Madonna faz melhor: canções puramente pop com uns toques de controvérsia, sua imagem de marca. É também um regresso à sua receita vencedora: trabalhar com produtores europeus de referência...

Portanto, “MDNA” vem colocar Madonna de volta ao seu percurso de criatividade e representa um momento importante de sua carreira, pois assinala 30 anos do lançamento do seu primeiro single ”Everybody”. O seu conteúdo remete novamente para as pistas de dança, tal como fizera com “Confessions on a dancefloor” e o próprio nome do disco, para lá de ser um jogo de letras alusivo ao seu nome, também faz referência a uma droga comum utilizada em “discos” e outros espaços noturnos, MDMA. Portanto, além deste interesse em proporcionar catarse coletiva a todos nas pistas de dança, este novo álbum assinala um regresso voraz, a reforçar o seu estatuto. Ainda em grande forma, apesar dos seus 53 anos, Madonna parece ter descoberto em ‘M.D.N.A.' o novo ‘elixir da juventude'. Para dançar e vibrar até mais não… E não pensem que se trata de música fácil. É, sim, uma música pop sintética bem mais adulta… “MDNA” traz ainda letras que, de alguma forma, exorcizam o seu divórcio com o realizador inglês, Guy Ritchie…

“MDNA” chega repleto de colaborações ilustres. A começar com a participação da filha de Madonna, Lourdes Maria, que faz coro em “Superstar”, além das portentosas colaborações de Nicki Minaj e M.I.A. Este novo trabalho conta com a produção do DJ francês Martin Solveig, da dupla italiana Benny e Alessandro Benassi, mas, mais importante, do seu antigo colaborador, William Orbit. Recorde-se que, com Orbit, Madonna conseguiu re-inventar a sua carreira, confluindo tendências da música eletrónica nos anos 90, em “Ray Of Light”. Em parte, é o mesmo processo que procura aqui. Uma tomada de um novo rumo, num mundo bem mais concorrido…

Este novo álbum vem recheado de bons momentos. No geral, Madonna consegue impôr a sua vasta experiência e entrega-nos canções para, simplemente, dançarmos e curtirmos… “I’m Sinner”, um dos temas que tem a mão directa de Orbit, é uma das que ficam no ouvido por horas e traz-nos à memória o sabor de sua fase “Ray Of Light”. E temos também canções impactantes, como “Love Spent”, “Turn up the radio”, entre outras… De todas, a mais curiosa é “Gang Bang”. Apesar de ser um recado para o ex-marido Guy Ritchie, foi pensada como se de um filme de Tarantino se tratasse (parece, inclusive, que este foi já convidado para realizar o respectivo vídeo) e traz Madonna a falar de desafectos…

“MDNA“ é também uma mudança importante no seu currículo: é o primejro trabalho para a Interscope. Madonna tinha largado a Warner e assinado um contrato milionário para três álbuns com esta nova editora da Universal... Quando se trata de Madonna, é assim… Ela é a artista feminina que mais vendeu álbuns na história – a sua cifra passa dos 300 milhões de discos vendidos - e está na lista das 25 mulheres mais poderosas do século pela revista "Time". E segundo a revista americana “Billboard”, “Madonna ainda é a Rainha da Pop. Quase 30 anos após chegar, pela primeira vez, ao topo das tabelas, mostra, como sempre, como se faz o trabalho”.

Para além de todos os méritos, é certo de que ‘M.D.N.A.' vai ser um dos pontos fortes do concerto que a cantora vai dar em Coimbra, no próximo dia 24 de Junho, onde já tenho lugar marcado. Numa era cada vez mais digital, é na arena pública que os artistas mais ganham e onde melhor expressam a sua criatividade, a sua arte. Tome-se o exemplo do último Super Bowl. O maior evento televisivo do mundo, na noite de 5 de fevereiro, teve, no intervalo da grande final do campeonato de futebol americano, mais de três milhões de televisores sintonizados no espetáculo, pois era a altura do espetáculo de Madonna. Com uma indumentária que lembrava Cleópatra, a cantora bateu o recorde de audiência da história da televisão mundial! É obra!

Portanto, para lá das Lady Gagas, Rihannas e afins, temos Madonna para dar e vender! Com um trabalho sempre regular e consistente, Madonna consegue, ainda, afirmar-se acima de qualquer ídolo pop existente. “MDNA” vem confirmar isso mesmo, assim como os vídeos dele decorrentes, que já saíram, restabelecendo a sua marca, como algo a ser respeitado e acompa¬nhado… com curiosidade e referência...

Posto tudo isto, Madonna ainda tem tempo para lançar o seu perfume “Truth or Dare by Madonna”, com a mesma dupla de fotógrafos que utilizou em “MDNA”, os espantosos Mert Alas and Marcus Piggott… 2012 é, sem dúvida, um ano "madónico" por excelência...

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