A chegada do bom tempo indica, não apenas o regresso das idas à praia e das esplanadas com amigos, como também, sobretudo para quem gosta de cinema, o início da época dos grandes filmes, não necessariamente bons, do ano – os chamados “blockbusters”. Isto porque foram pensados para levar muita gente até às telas, gerando receitas que só o Natal iguala ou ultrapassa… No ano passado, filmes como “Prometheus”, “O Cavaleiro das Trevas Renasce”, “MIB 3” ou “O Fantástico Homem-Aranha” fizeram parte da lista dos filmes mais esperados do ano para esta época. Este ano, a variedade é igualmente farta, mas vou-me centrar apenas naqueles que recentemente vi… Homem de Aço Clark Kent (Henry Cavill) tenta levar uma vida normal, tentando não recorrer aos seus poderes sobrenaturais. Para não dar nas vistas.. Para não ser ostracizado… O tempo passa, os seus poderes vão sobressaindo e se tornando, de certa forma, num problema, pois põe em evidência que ele não é um ser humano. O que vem romper com todas as histórias da sétima arte à volta deste super-herói. No entanto, esta revela-se uma tarefa nada fácil devido à chegada à Terra de um desmedido rival, o impiedoso General Zod (Michael Shannon), que veio ao nossos planeta à procura de vingança, após a destruição de Krypton. Posto itso, a humanidade começa a correr perigo e chega a hora das pessoas conhecerem aqueles que passarão a chamar de Super-Homem… A realização deste novo filme do maior super-herói da DC Comics ficou a cargo de Zack Snyder (o mesmo de “300”, “Watchmen”, “Sucker Punch – Mundo Surreal”, entre outros) e conta com um elenco fabuloso. Para além de Henry Cavill e Michael Shannon, temos também as participações de Amy Adams (no papel da mítica Lois Lane), Russell Crowe (como o pai Kryptoniano Jor-El) e Lawrence Fishburne (na pele de Perry White, Director do “The Daily Planet”). A adaptação foi escrita por David Goyer baseada em uma história que ele criou com Christopher Nolan, produtor do filme. E tla não veio ao acaso… Depois de (muito) satisfeita com o sucesso da trilogia Cavaleiro das Trevas, a Warner Bros. dera carta branca a Nolan para que ele produzisse um novo rumo para o maior de todos os super-heróis. Porém, bem diferente do que muitos imaginavam, pois Nolan não fez pesar sua mão neste “Homem de Aço”, que nada tem de "sombrio" do seu outro herói da DC, herdando deste realizador apenas o realismo que sempre o interessou. E isso está bem patente nesta nova versão. Voltando ao filme, cruzar e comparar os flashbacks em “Smallville”, com o trabalho de Terrence Malick (em “A Árvore da Vida”) é evidente, ao vermos um alienígena desenvolvido na Terra, a contemplar a beleza da vida e a explorar, de forma errante, os E.U.A. São nestas cenas que o público se consegue relacionar com Clark Kent e não o ver apenas como um alienígena, mas como alguém com sentimentos tão comuns quanto os seus. Brilhante! Claro que isto tudo vem conjugado com um resquício do estilo do próprio Snyder, que filma lutas como ninguém, com “takes” bem longos e físicos, privilegiando o impacto. Aqui, não só Kal-El parte para a luta, como até o seu pai, Jor-El, que abandona a fachada de cientista calmo e passivo, para se revelar numa pessoa cheia de recursos e capaz de tudo para defender a família e o legado do planeta. Lutas excessivas, porém, vão acontecendo, com direito a momentos que lembram a devastação épica de “Transformers 3” e as lutas, como me disse uma amiga minha na ante-estreia, da série animada Dragon Ball Z, que até nos fazem questionar onde está o sentido de preservar os humanos inocentes, por parte de Clark Kent… Mas contado em fragmentos, com boas elipses temporais (como o que acontece após a queda da nave no Kansas) e flashbacks emotivos, o “Homem de Aço” não é um filme de super-heróis típico. E é por isso que gostei tanto dele. Eu, que desde a minha adolescência, tenho acompanhado os mais variados super-heróis, ora da Marvel, ora da DC, tanto em livros na BD como na sétima arte. Fiquei surpreendido! E, claro, aconselho! Além da Escuridão: Star Trek Quando a tripulação da Enterprise é chamada de volta a casa, descobre uma imparável força de terror dentro da própria organização, que destrói a frota e tudo o que a mesma representa, deixando o nosso mundo em estado de crise. Com contas pessoais a ajustar, o Capitão Kirk (Chris Pine) lidera uma demanda numa zona de guerra e inimiga, para capturar uma arma de destruição maciça. Enquanto os nossos heróis são empurrados para um épico jogo de vida ou morte, o amor será desafiado, amizades serão postas à prova e sacrifícios terão de ser tomados para a única família de Kirk: a sua tripulação. A recém-renovada equipa da nave espacial USS Enterprise enfrenta a ameaça mortal de John Harrison (Benedict Cumberbatch), um terrorista com planos de aniquilação galáctica. Cumberbatch está aterrorizante em momentos, absolutamente lúcido noutros e fascinante todo o filme. Além da Escuridão - Star Trek traz todas as referências possíveis para os fãs de longa data, ao continuar a trabalhar a relação da dupla Kirk/Spock (McCoy ainda fica no seu canto, surgindo quando é necessário) e encontra espaço para todo o elenco, outrora mais secundário, trabalhar: a Tenente Uhura (Zoë Saldana) nunca esteve tão interventiva, assim como Scotty (Simon Pegg, com destaque imprevisto). Chekov e Sulu ficam um pouco mais apagados, mas isso é necessário para dar atenção à grande força do filme, o antagonista John Harrison. A primeira pergunta de muitos é a de se este continuação "supera o primeiro"…”Além da Escuridão - Star Trek”, sequência do inteligente reboot da série de 2009, é tão bom ou melhor do que o seu antecessor - e prossegue na entrega do que se espera desta nova série: camaradagem, excelente desenvolvimentos de personagens, desafios maiores e acção surpreendente. Com o regresso de J.J. Abrams na realização de mais este filme da saga “Star Trek”, não desilude e prevê-se mais um novo episódio… Pois, sem necessidade de conhecimento prévio, mas valorizando quem já o tem, “Além da Escuridão - Star Trek” mantém o mesmo equilíbrio entre entretenimento empolgante e respeito histórico do primeiro filme, mas aumenta o drama e mergulha mais fundo no passado, de onde extrai ideias conhecidas e as torna suas. Mais um filme a não perder… Bom, e muitos outros há e/ou estão aí a chegar: “A Ressaca – Parte III” (The Hangover – Part III), “Wwz: Guerra Mundial” (World War Z), “Velocidade Furiosa 6 (Fast & Furious 6)”; “Depois da Terra (After Earth)”, “O Mascarilha” (The Lone Ranger), “Batalha do Pacífico” (Pacific Rim) e “Wolverine” (The Wolverine) Quanto à pequenada ( e aos meninos que ainda habitam em nós), dois “blockbusters” surgem para nos agradar, ambos sequelas, mas está aí a chegar "Turbo" (dos mesmos criadores de” Madagáscar“ e “O Panda do Kung Fu“).

Gru, o Maldisposto 2 Este segundo episódio do vilão que “adoça” com três órfãs, surpreendeu-me pelo muito que me entreteve. Gru, que já tinha deixado de ser maldisposto, vive em tranquilidade com as suas três meninas, servindo-se dos seus adoráveis e cómicos Mínimos (os bonequinhos amarelos) para dar início a uma nova carreira a produzir geleias. Porém, eis que um novo vilão surge e a brigada anti-vilões procura a ajuda de Gru, agora ex-vilão, para encontrar o bandido misterioso que roubou um soro capaz de transformar coisas inofensivas e fofinhas em bonecos terríveis e feiosos. No meio disto tudo, existe tempo para o surgimento de um novo amor para Gru (com traumas de infância de Gru a o impedirem de se entregar à paixão) e a introdução de novos personagens, com uma galinha muto irritante incluída. A nova história funciona, diverte e tem a capacidade de captar a atenção dos mais novos e dos menos novos, como eu, com vários momentos de humor, quase sempre a cargo dos Mínimos. Aqui reside o ponto forte deste filme (e do seu antecessor), pois é impossível resistir aos bonequinhos amarelos e deixar de rir quando estes entram em ação. O seu sucesso é tal, que em 2014, os ajudantes amarelos do Gru vão ganhar um filme próprio… Destaque para a banda sonora, a cargo de Pharell Wiliams, que, tal como no primeiro, voltou a ser aposta certeira. O groove da sua voz e do seu ritmo voltou a estar na moda (basta ter presente o sucesso da música “Get Lucky”, dos Daft Punk ou de “Blurred lines” de Robin Thicke, sem esquecer o que fez com Madonna em “Hard Candy”) e, portanto, as músicas produzidas para este filme foram bem conseguidas. Monstros: A Universidade Não é novidade nenhuma que estúdios de cinema venham a exploram uma fonte de sucesso até que a mesma se esgote, transformando o que uma vez foi um aclamado de êxito pelo público e crítica, em algo descartável. Mas há sempre excepções… E em “Monstros: A Universidade”, uma prequela de “Monstros e Companhia” (2001), que nos chega mais de dez anos depois do seu predecessor, foge completamente desse padrão e prova que é possível ir mais longe e ainda encontrar nova fórmula de sucesso. O filme resulta muito divertido, tem um argumento bem estruturado, uma animação de primeira linha e é tecnicamente irrepreensível. Apenas um senão: a magia dos filmes anteriores da Pixar volta a não ser encontrada aqui. Ficando até, por isso, menos Disney… A tal ternura que deixa a lágrima no canto do olho, o momento inspirado de génio. O que não é drama nenhum, pois “Monstros: A Universidade” é mesmo um óptimo filme. E tal como outros filmes da Pixar, “Monstros: A Universidade” não é feito só para divertir, mas aprofunda-se em questões sociais e morais. O enredo mostra as origens da dupla que, na sua fase adulta, é campeã em sustos da companhia de energia. O pequeno Mike Wazowski (com a voz de Billy Crystal na versão em inglês) é um sonhador e esforçado monstrinho que se quer tornar num grande assustador. Para isso, ele deve estudar numa das melhores faculdades de sustos: a Universidade Monstros. Quando o nosso estudioso Mike se encontra com o popular Jimmy Sullivan (voz de John Goodman na versão inglesa), filho de um grande assustador e, por isso, chegado ao campus com uma bela reputação, fica claro que, para a amizade começar a tomar forma, algo tem de mudar… Por ser um curso extremamente concorrido, não é fácil ser-se bem sucedido no programa de sustos. A austera diretora Hardscrabble (com a voz de Helen Mirren na versão em inglês) exige dos seus alunos uma mistura de talento nato e conhecimento técnico, algo que nem Mike, nem Sullivan têm por completo... Depois de algumas tentativas falhadas, resta-lhes recorrer aos Jogos de Susto, competição anual que premeia a fraternidade mais assustadora da Universidade. De entre as inúmeras fraternidades, nenhuma das quais aceita estes dois renegados, surge a Oosma Kappa (OK), formada exclusivamente por monstros falhados e esquisitos, vulgos “nerds”, outrora igualmente reprovados no Programa de Sustos… Fica, então, formado o grupo mais invulgar, que tem de tudo para perder a competição… E estão os dados lançados para mais um filme de animação ao melhor nível, onde o equilíbrio entre o lado mais dramático e a vertente humorística faz-se sem esforço e a amizade crescente entre as personagens ganha terreno. Bom, e aqui ficam já algumas sugestões de blockbusters, bem como a promessa de novos por vir. Resta saber quais destes irão ver no cinema…

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