Há duas décadas, Portugal recebeu a Exposição Internacional de Lisboa, um evento que veio mudar para sempre a cidade, bem como o espírito lusitano... Exactamente há 20 anos, Lisboa tornava-se a capital do mundo. Fez, nesta terça-feira, 20 anos que abriu portas a Exposição Mundial dedicada ao tema "O Futuro dos Oceanos", que chegou a ser visitada por quase 10 milhões de pessoas. A Expo'98 decorreu no período entre 22 de Maio e 30 de Setembro de 1998, e no seu último dia, bateu o record de afluência, com o recinto a ser visitado por 200 mil pessoas que não quiseram perder o espetáculo de encerramento, o Aqua Matrix.

Quem não se lembra dos vulcões de água, do Oceanário, das filas intermináveis, do frenesim generalizado que se instalou em Lisboa, dos olharapos ou da simpática figura do Gil? Para muitos, como eu, parece que foi ontem, mas também há quem não tenha qualquer memória de um dos maiores eventos que Portugal já recebeu e uma das maiores mutações que a cidade de Lisboa sofreu. Hoje, quem passa pelo Parque das Nações nem imagina o que a Exposição Mundial, que centrou as atenções em Lisboa, transformou aquela zona da cidade. Nesta área esquecida do Estuário do Tejo havia todo um espólio industrial, habitado por contentores e lixo. Uma parte oriental de Lisboa que veio a ser totalmente revitalizada para receber a Expo e transformar-se numa nova cidade dentro da cidade assim que o evento terminou.



Desde essa época, alguns equipamentos chegaram aos nossos dias, mostrando apontamentos da Expo. Por exemplo, os icónicos vulcões de água, que faziam as delícias de todos de cada vez que explodiam, após alguns anos sem actividade, voltaram a “explodir” água. A trabalhar incessantemente desde o dia em que a Expo abriu portas, está o teleférico, que ainda faz uma viagem de 1.230 metros ao longo do rio Tejo, entre o Passeio de Neptuno, perto do Oceanário, e o Passeio das Tágides, junto à Torre Vasco da Gama. Alguns dos pavilhões mais emblemáticos também permanecem até aos dias de hoje, como é o caso da Altice Arena, outrora Pavilhão da Utopia. Com o fim da Expo foi transformado numa sala de espectáculos e eventos, e baptizado de Pavilhão Atlântico. Entretanto, foi vendido e rebaptizado de Meo Arena até adquirir o nome actual.



Subsistem, também, o Oceanário, o Teatro Camões, o Pavilhão do Conhecimento -- Ciência Viva (antigo Pavilhão do Conhecimento dos Mares), o Casino de Lisboa (que foi o Pavilhão do Futuro), a Torre Vasco da Gama, que foi um restaurante panorâmico durante a exposição e actualmente é um hotel, e ainda é possível vislumbrar três bonecos do Gil de braços abertos espalhados ao longo do Parque das Nações. O ex-líbris da exposição - o Pavilhão de Portugal, desenhado pelo conceituado arquitecto Álvaro Siza Vieira permanece, uma estrutura de grande beleza que não mudou de nome e 20 anos depois continua, com destino incerto. Depois de ter sido palco de vários eventos, foi recentemente vendido à Universidade de Lisboa, que pretende vir a revitalizá-lo. Por último e para lembrar a actividade industrial existente naquela zona antes da Exposição Mundial, ficou a Torre da Galp, da primeira refinaria portuguesa - a Refinaria de Cabo Ruivo -, que para muitos serviu de orientação ou ponto de encontro aquando a Expo.



Sem dúvida, a Expo’98 foi um verdadeiro êxito, não só porque mostrou Portugal ao mundo, mas também por ter recuperado uma das zonas mais degradadas e esquecidas de Lisboa. Para o nosso turismo, o evento foi igualmente marcante, pois o sector mobilizou-se para trazer alguns milhões de visitantes estrangeiros ao nosso país, o que impulsionou o lançamento de novas unidades de hotelaria, bem como de outros projectos. Até final de 1997, o evento já tinha gerado receitas de 19,5 milhões de contos, a que se juntavam 39 milhões de contos da venda de terrenos.

Balanço feito, soube-se que a Expo’98 recebia 61 mil visitantes por dia, com o Oceanário e os pavilhões da Utopia, do Conhecimento dos Mares, do Futuro, de Portugal e da Realidade Virtual entre os mais visitados. A Expo’98, a última Exposição Mundial do século XX, tinha valido a pena: para o turismo, para o urbanismo, mas sobretudo, para todos nós.




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