Eis um filme que bem poderia ser bom para vermos numa tarde de inverno em casa, tipo home cinema, mas não. O elenco e a frescura do mesmo merecem uma ida ao cinema.

Nos arredores da Califórnia, quatro amigas de longa data, já na casa dos 60 anos, decidem ler, no seu clube do livro mensal, o polémico "As Cinquenta Sombras de Grey". E a partir daí inicia-se uma mudança que vai abalar as suas vidas por completo…

No original, este “Do Jeito Que Elas Querem” chama-se “Book Club”, o que vem mais a propósito, pois é a partir do seu clube de leitura que estas amigas, já na terceira idade, vão ver as suas vidas alteradas. De alguma forma, as suas vidas sexuais e amorosas ganham um novo fôlego graças ao romance erótico da britânica E.L. James (que até faz um cameo no filme). É esta a premissa da comédia co-escrita e realizada por Bill Holderman, que assinou o guião de "Por Aqui e Por Ali" (“A walk in the woods”), de 2015, e agora estreia-se a comandar um filme após um percurso também dedicado à produção.

Conforme disse, o elenco é o grande trunfo deste filme. A dar vida ao quarteto central temos Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen e Mary Steenburgen, todas atrizes com carreiras longas em Hollywood, e que é sempre um privilégio voltar a vê-las trabalhar. A elas juntam-se nomes igualmente interessantes, como Andy García, Don Johnson, Craig T. Nelson, Alicia Silverstone, Richard Dreyfuss ou Wallace Shawn, entre outros.


Vivian, Diane, Sharon e Carol são quatro amigas de longa data e inseparáveis. Bem posicionadas na vida, elas possuem boa saúde e trabalhos estáveis, de modo que o único assunto que as aflige diz respeito à vida afetiva. Seguindo uma dinâmica algo parecida com “Sex and the City”, o argumento desta comédia romântica oferece quatro personalidades complementares: uma mulher que só pensa em sexo, mas que não quer assumir um compromisso a longo prazo (Jane Fonda), outra ocupada demais com a vida de profissional de juíza para se dedicar aos romances (Candice Bergen), outra ingénua e sonhadora, a única ainda casada (Mary Steenburgen) e aquela que reúne o grupo, além de ser a narradora da história (Diane Keaton).

O quarteto reúne-se mensalmente sob o pretexto da discussão de um livro, que não parece muito verossímil – raramente discutem literatura nas suas reuniões. Porém, elas conversam, e muito, sobre as suas vidas. O clube de leitura acaba por assentar em diálogos, onde as amigas se confrontam quanto às suas visões do mundo e trazem à tona conflitos morais e geracionais: por exemplo, ainda é tarde para pensar em sexo depois dos 60? É possível encontrar um novo amor e fazer planos para o futuro’ Ou reacender a chama de um casamento demasiado estável?

De certo modo, o humor de “Do jeito que elas querem” reside na semelhança entre as quatro mulheres seniores e as adolescentes: elas têm o mesmo receio quanto ao sexo, de conquistarem o homem desejado ou de serem rejeitadas. E não sabem o que vestir ou se maquilharem perante novas situações. Além disso, o filme faz questão de ter um tom solto e leve. A sua estética contribui para um certo positivismo, com os cenários e figurinos a adoptarem cores suaves, e a música bem “feel good” ajuda a manter o optimismo. E a mensagem final acaba por passar: uma mulher, independente da idade, pode encontrar a felicidade. Tal como Vivian defende, a idade delas não é um indício de que devam parar de viver. Pelo contrário! A partir do momento em que estas senhoras se permitem descobrir coisas novas, a ideia de que a velhice é monótona desfaz-se por completo e o passado acaba por ser colocado de lado para que elas possam aproveitar o presente com maior entusiasmo.


O factor decisivo para que “Do jeito que elas querem” resulte tão agradável e carismática não reside apenas nas piadas que as amigas vão lançando ou no enredo em si. Está no próprio conceito do filme e nas quatro premiadas atrizes. Desde o início, é bem evidente que a intenção do filme não é a de ser inovador ou memorável. É simplesmente a de mostrar uma história ligeira e agradável a partir de personagens com as quais é fácil nos identificarmos e mostrar que, independentemente de termos 16 ou 70 anos, podemos sempre apaixonar-mo-nos. E, nisso, acreditem, o filme é bem-sucedido!

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