Artista japonesa residente em Paris, Kimiko Yoshida tem vindo a executar um trabalho onde o seu auto-retrato é sempre o centro da sua obra de arte. Por mais de uma década, Kimiko Yoshida cria fotos de si mesma, onde usa trajes elaborados que fazem referência a uma ampla gama de temas, desde a alta costura e culturas indígenas aos cânones da pintura ocidental.

Ao fazer constantemente o que, por princípio, parece tratarem-se de auto-retratos, Yoshida diz: "Eu estou basicamente a dizer que não existe tal coisa como um auto-retrato. Cada uma destas fotografias é, na realidade, uma cerimónia de desaparecimento. Não é o ênfase da identidade, mas o oposto, um apagamento da identidade".

Subtil, imaginário e paradoxal, o seu trabalho intitulado "Bachelor Brides", por exemplo, forma um conjunto de auto-retratos quase monocromáticos, fragmentos de uma web íntima, elaborando uma história singular: a condição feminina no Japão. As suas imagens de grande formato, quadradas e luminosas, sublinham a sua biografia fantasiosa e épica. Ainda muito jovem, Kimiko Yoshida ficou impressionada com a história da sua mãe, que conheceu o seu marido, pela primeira vez, no dia do casamento. A própria história de Kimiko é convincente. Nascida no Japão, ela foi para a França em 1995, onde veio a adotar uma nova linguagem, uma nova maneira de viver, de criar. Kimiko estudou fotografia na École Nationale, em Arles, tendo ido depois para Le Fresnoy Studio, em Tourcoing.

O seu sucesso é tal que já teve direito a vestimentas e acessórios criados por Paco Rabanne. Usando cores monocromáticas na maioria das imagens, Kimiko descreve a sua obra como um "desaparecimento" da artista, sobrando apenas a arte. Kimiko Yoshida tem-se vindo a concentrar nesta sua série de "auto-retratos intangíveis", que podem ser lidos como uma busca para a hibridação de culturas, para a transformação do ser e talvez, até mesmo, como uma supressão de identidades. A metamorfose de sua própria identidade numa multiplicidade de identificações expressa o desvanecimento da singularidade, a "desconstrução" do eu.

Um trabalho fascinante, a ser seguido. Vejam aqui alguma da sua arte...





























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