Eis uma história que já foi contada inúmeras vezes. Há personagens que nunca morrem e vão sendo recuperadas por “reeboots” ou novas abordagens. Desta vez, trata-se de uma continuação da história, com "flashbacks" a lembrar o original animado da Disney. Passaram já muitos anos desde que o homem, outrora conhecido por Tarzan, trocou a selva Congolesa pela vida londrina, como John Clayton III, Lord Greystoke (Alexander Skarsgard), na companhia da sua amada mulher, Jane Porter (Margot Robbie). Convidado a regressar a África e ao Congo, no papel de Emissário do Parlamento, John desconhece que vai assumir o papel de peão num perigoso jogo de ganância e vingança, orquestrado pelo belga Leon Rom (Christopher Waltz) e pelo Chefe Mbonga (Djimon Hounsou), respectivamente.

Realizado por David Yates (o mesmo de “Harry Potter e a Ordem da Fénix”, “Harry Potter e o Príncipe Misterioso”, “Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 1 e 2”), este filme de aventura readapta a história clássica criada por Edgar Rice Burroughs, em 1912, sobre o jovem órfão criado por gorilas, que cresceu para se tornar um herói da selva e dos povos indígenas. Christoph Waltz é o vilão de serviço e Samuel L. Jackson o americano que vem dar o tom cómico ao filme.

O filme, que estreou esta semana em Portugal, é um daqueles "blockbusters" de verão, por isso, é assim que devemos considera-lo e não como uma expectável obra prima de David Yates, tal como fez com os últimos quatro volumes de "Harry Potter".

“A lenda de Tarzan” parte do pressuposto de que toda a gente conhece a história de Tarzan e, por isso, vai ilustrando-a com "flashbacks" do seu passado, mas tal pode ser errado, sobretudo para as gerações mais novas. E isso pode resultar em algum aborrecimento, dado que é na essência da personagem que a ação de Tarzan se torna mais empolgante. Por exemplo, Tarzan comunica melhor com animais do que com os humanos, e essa é outra parte pouco desenvolvida...

Mas o filme entretém, acreditem. As paisagens são magníficas, os animais são sublimes e muito realistas e as poucas vezes em que Tarzan se pendura nas lianas dão uma sensação de expansão e liberdade, que nos impelem a “voar” com ele…

Este Tarzan parece mais próximo de demonstrar sentimentos que alguma vez já vimos na personagem (sem contar com o da Disney). E a Jane, quando fica à mercê de Leon Rom, nem por isso é a típica donzela em apuros, mostrando atitude e garra. Quanto às personagens secundárias, Leon Rom, no Congo, a fazer cumprir ordens do Rei Leopoldo da Bélgica, e George Washington Williams, o norte-americano que alerta Tarzan para a situação no Congo, muito bem retratados por Cristopher Waltz e Samuel L. Jackson, baseiam-se em personagens verídicas de Burroughs, embora se denote que tenha havido alguma liberdade criativa neste “A Lenda de Tarzan”.

Concluindo, Tarzan tornou-se um homem mais séria e sisudo, mas graças ao amigo Williams, conseguimos ver nele outras nuances que nos permitem criar empatia com o protagonista. E sim, ele também faz o famoso grito, algures. No final, este filme, ao contrário de outros congéneres, acaba por fazer sentido e tem muitas coisas para se gostar e desfrutar.

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