Pois é, sabem como sou com as efemérides. Então de algo de que gosto… E cá está, banda desenhada. Embora tenha sido no ano passado, não queria deixar de dar conta de tão importante aniversário.

A primeira aventura de Lucky Luke foi publicada pela primeira vez a 7 de dezembro de 1946, numa revista de banda desenhada. E dos livros aos quadradinhos até à grande tela do cinema, o "cowboy" mais rápido do que a própria sombra não mais parou. E ainda continua a dar cartas…

Criado pelo lápis do belga Morris (nome artístico de Maurice de Bévère), o herói solitário do Far West foi concebido como um típico cowboy do Oeste norte-americano, de chapéu na cabeça, camisa, colete, lenço vermelho à volta do pescoço, uma pistola pendurada no cinto, umas botas de cabedal daquelas com esporas na zona do calcanhar e um cigarro no canto da boca. Atravessou os tempos e tornou-se um ícone da banda desenhada.

Toda a vida de Lucky Luke é passada a perseguir bandidos na companhia do seu fiel cavalo, Jolly Jumper. E quem se pode esquecer dos também “eternos” irmãos Dalton? Os quatro fora-da-lei, que pecam por alguma falta de inteligência, são as mais recorrentes vítimas do nosso cowboy e acabaram por se tornar, também eles, figuras incontornáveis do universo da banda.
Aqueles que o conheceram numa fase inicial sabem que, no atual lugar da palha no canto da boca, esteve durante muito tempo um cigarro. Tudo mudou a partir de 1983, quando a sociedade deixou de ver os fumadores com bons olhos. A partir daí, Morris deu um pequeno twist ao seu pistoleiro, algo que lhe valeu uma distinção da Organização Mundial de Saúde.

Ao longo destes 70 anos, Lucky Luke recebeu na sua terra figuras icónicas como o presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, o criador das calças de ganga, Levi Strauss, o famoso fora-da-lei americano Jesse James e a actriz Sarah Bernhart.
O salto para o ecrã deu-se em 1978, com a primeira longa-metragem “A Balada dos Dalton”. Uma das mais famosas adaptações acabou por surgir apenas em 1990, com um filme realizado e protagonizado por Terence Hill – o mesmo actor que, dois anos depois, levou o enredo até ao pequeno ecrã. No novo milénio, houve ainda espaço para mais dois filmes: “Os Dalton Contra Lucky Luke” (2004) e “Lucky Luke” (2009).

Voltando às origens, tendo surgido na revista franco-belga “Spirou”, o guião da personagem passou, anos depois, a depender do imaginário de René Goscinny, um dos criadores de Astérix, que colaborou com Morris até ao ano em que morreu, 1977. Lucky Luke passou pelas mãos de vários autores e publicações e voltou a sobreviver quando, em 2001, Morris cedeu a uma embolia pulmonar. Daí em diante, e ainda hoje, é o artista francês Achdé quem continua a ilustrar as aventuras de Lucky Luke.

O 70.º aniversário ficou assinalado pela edição de um novo álbum, "A terra prometida". O desenho deste sétimo volume de "As Aventuras de Lucky Luke segundo Morris" ficou novamente entregue a Achdé. Quanto ao argumento, tem pela primeira vez a assinatura de Jul, autor de "Silex and the city".

Dos quadradinhos à tela grande do cinema, passando pelos jogos de computador, Lucky Luke mantém-se invencível, tendo inclusive resistido à morte do seu autor, em 2001. Ao fim de 70 anos, com mais de 300 milhões de exemplares vendidos e traduções em mais de 30 línguas, é mesmo um caso sério de sucesso.


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