A magia da Disney nunca cessa… E a versão live action de “A Bela e o monstro”, cujo lançamento original em desenho data de 1991, fazendo parte de uma renascença criativa, era um inevitável passo nesta nova fase “mágica” e lucrativa dos estúdios. Primeiro, tivemos “Maléfica” que foi um prelúdio do filme de animação de 1952, depois veio “Cinderela”, que refez o clássico de 1950, e a seguir “Mogli - O Livro da Selva”, que veio dar vida às personagens de 1967. Agora, esta nova versão de “A Bela e o Monstro” chega aos cinemas bem apegada às origens.

Com 45 minutos a mais, o filme expande-se no enredo e dá consistência às suas personagens, com um elenco certeiro. Emma Watson recria Belle de forma digna. Sendo uma das actrizes mais bonitas da sua geração, encaixa-se na perfeição na pele de uma princesa que emana beleza, até pelo nome. Luke Evans faz a encarnação perfeita de Gaston, com todas as vaidades e burrices da personagem. E a algo polémica versão gay de LeFou, que apenas veio evidenciar o que estava subliminal em 1991, com grande momentos cómicos graças a Josh Gad. É lamentável que tal tenha causado tanto debate em pleno século XXI… O filme apresenta a primeira personagem homossexual no universo da Disney, o que provocou o cancelamento da exibição do filme em algumas salas de outros países. Porém, a forma subtil e cuidadosa como Josh Gad desenvolve esse lado da personagem dificilmente fere as susceptibilidades das mentes mais conservadoras, causando, por outro lado, alguma surpresa a quem esperava encontrar uma manifestação mais evidente.

E o talento do elenco prossegue também nas vozes de Ewan McGregor (Lumière), Ian McKellen (Cogsworth ou Horloge) e Emma Thompson (Mrs. Potts ou Madame Samovar), entre outros. E ainda a presença de Dan Stevens como o Monstro. Embora, confesso, seja algo difícil ver o ator naquela mistura de homem e animal feita por computação gráfica. Merecia melhor...

O realizador Bill Condon (o mesmo de “Dream Girls”), neste filme, que marca a sua estreia à frente de um projecto da Disney, consegue desenvolver bem todos os cenários e assume a perfeição na recriação das cenas musicais, tanto nas sequências de “Belle” e “Gaston”, como na de “Be Our Guest”. No geral, as músicas mantêm-se fiéis às suas primeiras versões e novas canções como "Days in the Sun" e "Evermore", igualmente assinadas por Tim Rice e Alan Menken, surgem para justificar a sua anterior exclusão.

Concluindo, o remake em versão live-action de um dos clássicos mais acarinhados da Disney e que inspirou várias gerações, continua a encantar. Visualmente apaixonante, a Disney mostra que ainda não perdeu a magia de nos surpreender. Obviamente, o filme encontra as necessárias limitações que uma adaptação de uma história já conhecida enfrenta. E a decisão da Disney de produzir remakes em live-action dificilmente torna os filmes melhores do que os seus originais. Mas não é isso o pretendido. E temos um belo filme e duas horas bem passadas. Todas as idades têm motivos para ir ver esta versão - os mais velhos, por nostalgia e revivalismo, e os mais novos para, finalmente, ficarem a conhecer uma das histórias mais fascinantes da Disney.

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