Finalmente, pude ir novamente ao cinema. E a uma entusiasmante antestreia. “Mortal Kombat”, baseado no conhecido franchising de videojogos surgido, originalmente, na década de 1990, é um dos filmes em cartaz que assinalou a reabertura dos cinemas nesta terceira fase do desconfinamento.

Após algumas complicações legais, a Warner Bros. Pictures adquiriu os direitos da adaptação cinematográfica do título em 2009, assim como as propriedades intelectuais da Midway Games, empresa de Chicago que desenvolveu os conhecidos jogos Mortal Kombat. Em 2011, depois da falência da Midway, a produção de jogos Mortal Kombat passou a ser adquirida pela Warner Bros, tornando-se a empresa em Netherealm.
 
Após anos em desenvolvimento na Warner Bros. Pictures e New Line Cinema, “Mortal Kombat” está finalmente entre nós no grande ecrã. Sendo uma adaptação de um videojogo, o filme tinha a premissa de adaptar de forma muito fiel o mesmo. Numa equipa encabeçada pelo realizador Simon McQuoid e pelo argumentista Greg Russo, esta nova longa-metragem tenta agradar os fãs veteranos do franchiging, bem como conquistar os mais recentes, gerando um possível lugar de destaque em Hollywood. Porém, mesmo tratando-se de um filme para maiores de idade, “Mortal Kombat” teve que cortar algumas cenas sangrentas... Simon McQuoid garante que a sua versão para os cinemas é sangrenta tal como os fãs do jogo esperam, mas, mesmo assim, ele teve que suprimir algumas cenas que "poderiam ter causado problemas" para a produção, pois "havia uma linha que o filme não podia cruzar", principalmente se não quisesse (como o jogo original) ser banido de alguns países.



A história é a seguinte: Cole Young (Lewis Tan), um lutador de MMA sem sucesso e com uma misteriosa marca de dragão no peito, começa a ser perseguido por Sub-Zero (Joe Taslim), assassino do Outworld. Rapidamente, Cole precisa de confiar noutros guerreiros, como Kung Lao e Liu Kang, e descobrir a sua verdadeira linhagem, de forma a torná-lo digno de competir pela Terra. O filme então revela que Outworld ganhou nove dos dez torneios em Mortal Kombat, o que significa que mais uma vitória significará o fim de Earthrealm. Como os vilões nunca jogam limpo, Shang Tsung (Chin Han) decide manipular o torneio final de certa forma, matando preventivamente os campeões de Earthrealm, enviando os seus lutadores para despachá-los um a um. Jax (Mehcad Brooks) tenta avisar Cole do seu destino antes de ter os seus braços congelados e arrancados pelo vilão Sub-Zero. “Mortal Kombat” realmente ganha vida com tais sequências de luta e suas fatalidades. Cole encontra o seu caminho até Sonya Blade (Jessica McNamee), que, juntamente com o brincalhão e dúbio mercenário Kano (Josh Lawson), levam o protagonista para o templo de Raiden, o Deus do Trovão, para ele poder treinar para o próximo torneio. E é aqui que "Mortal Kombat" entra em pausa, onde cada personagem tem que treinar para aprender a perceber quais os seus "arcanos" ou poderes especiais que se poderão revelar.
 
Porém, ainda não é neste filme que veremos o verdadeiro Mortal Kombat, ou seja, o torneio em si. Tal decisão prepara o terreno para possíveis sequelas e continuações. Pelo menos, é o que indica uma entrevista do actor Joe Taslim, que interpreta a personagem Sub-Zero, para a revista Variety, onde ele afirma ter assinado contrato com a produtora para mais quatro filmes, além do que já está em cartaz. “Não sabemos se existirá uma sequência, espero que sim. [...] Se este for um sucesso, talvez façamos mais” - revela o actor. Com uma boa recepção do público e da crítica especializada, esta nova adaptação da série de jogos de luta tem tudo para produzir uma continuidade.



Voltando ao filme, os efeitos visuais e cenários resultaram muito bons e convincentes. E um dos principais pontos altos são Scorpion e Sub-Zero. Desde a sua rivalidade no Japão Feudal, envolvendo os clãs Shyrai Ryu e Lin Kuei, até aos dias atuais onde Hanzo continua em busca da sua vingança pela morte da família, Hiroyuki Sanada e Joe Taslim provaram ser escolhas perfeitas para tais papéis. Fazendo jus aos seus talentos para cenas de confronto, os dois conseguem entregar fascinantes lutas, com Sub-Zero a exercer um medo quase como uma personagem de filme de terror, verdadeiramente aterrorizante.
 
Embora muitos possam não saber, houve uma versão cinematográfica em 1995 e a mesma possui o Mortal Kombat, um torneio com o confronto entre Liu Kang e Shang-Tsung. Mas quase 30 anos depois de Mortal Kombat ter mudado o cenário dos jogos de luta para sempre, “Mortal Kombat” convence logo pelo prólogo eficaz que abre o filme, passado no Japão do século XVII, quando os assassinos de Lin Kuei liderados por Bi-Han (Joe Taslim) atacam Hanzo Hasashi (Hiroyuki Sanada) e a sua família, matando a sua mulher e filho. A coreografia nesta primeira cena é surpreendentemente intensa, misturando movimentos familiares aos fãs de Mortal Kombat com um nível de combate intenso que há muito já não se via na Meca do Cinema...
 
“Mortal Kombat” recupera o fôlego com algumas lutas climáticas, incluindo uma bem forte entre as duas personagens mais lendárias do franchising. Eu, que nada sabia ao respeito, nem nunca tinha jogado o videojogo, penso, tal como muitos, que o filme é inegavelmente bom e convincente. Porém, deixa a desejar por mais...



Etiquetas:

Comente este artigo