Costuma publicar fotos da sua vida e manifestar-se sobre diversos temas, como os direitos LGBTQ+ — além, claro, de promover marcas mundialmente reconhecidas, entre elas, Proenza Schouler, Vêtements, Prada ou Chanel. É, tal como muitas outras influenciadoras, bonita, misteriosa e encantadora. A diferença é que Lil Miquela não é real. Algo que, aparentemente, não importa para os seus milhões de seguidores, que até são bem elogiosos em todas as partilhas que faz na sua plataforma.
Mas como é Lil Miquela? A narrativa digital diz que é uma modelo de 19 anos que mora em Los Angeles. O seu nome é Miquela Sousa e é brasileiro-americana. Possui sardas, lábios carnudos e cabelos escuros. Nas imagens que publica no Instagram, aparece a usar roupas da marca Prada e acessórios de Chanel, Supreme e Vans. A revista Vogue até já a apelidou de "rapariga fictícia do momento". E junto a Bella Hadid, foi protagonista de um vídeo promocional Bella Hadid and Lil Miquela Get Surreal, da Calvin Klein. Uma campanha realmente “surreal”, com o encontro da modelo de carne e osso com a famosa CGI (imagem gerada por computador).
Esta curiosa influencer até já lançou um single em 2017 que se tornou viral no Spotify, o Not Mine, e conta com milhares de partilhas, deu entrevistas e chegou a ser capa de várias revistas. Ela usa a rede social para apoiar causas sociais, como o recente movimento Black Lives Matter (campanha em resposta a episódios de violência policial contra negros nos EUA), e a organização Black Girls Code, que disponibiliza aulas de programação e robótica para jovens negras. Tal tende a estreitar as fronteiras entre o mundo real e o virtual, em que Lil Miquela “vive”.
Até hoje, quem gere a sua conta no Instagram não fornece muitas informações, tampouco se pronunciou se ela é real, fictícia ou uma composição de uma pessoa real aperfeiçoada com imagens geradas por computador. O que se especula é que esta influenciadora digital tenha sido criada pela equipa de uma misteriosa startup de Los Angeles chamada Brud, que se descreve como "um grupo de solucionadores de problemas em robótica, inteligência artificial e seu uso para empresas de comunicação".
A indústria da moda e do comércio parecem ter percebido que uma modelo digital pode oferecer uma nova dimensão à maneira como uma empresa promove os seus produtos. Porém, Giordano Contestabile, da Bloglovin, empresa que conecta marcas com influenciadores, opinou à BBC: "Acho que (as celebridades virtuais) representam oportunidades para determinadas marcas promoverem os seus produtos, mas acho que é mais superficial do que seria com uma pessoa real".
"O aspecto humano da promoção com influenciadores é essencial para isso. Não acho possível reproduzi-lo", avalia. "É fácil fazer com que te sigam no Instagram. Mas fazer alguém se identificar e criar uma conexão emocional é um desafio diferente", conclui.
Ao que parece, nem tudo funciona na perfeição. Mas será este o que o futuro nos reserva? De influencers CGI?
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