Deixando o pó assentar, aqui me têm no meu habitual resumo da 93ª cerimómia dos Oscars. E, claro, tendo acontecido em tempo de pandemia, nunca poderia resultar num evento como de costume...


O acontecimento anual da Academia fez história antes mesmo de o primeiro Oscar ter sido entregue. Após anos de críticas por falta de diversidade, a lista de nomeados deste ano apresentou algumas estreias notáveis. Foi a primeira vez que uma equipa de produção totalmente negra foi indicada para melhor filme. Foi também a primeira vez que dois actores de ascendência asiática receberam nomeação de “Best Actor” e ainda o primeiro ano em que duas mulheres foram indicadas para Melhor Realizador. Quando os vencedores foram revelados, tal refletiu o espírito da desejada inclusão.


Chloe Zhao levou para casa o troféu de Melhor Realização, tornando-se a segunda mulher a reivindicar o título. O seu filme, “Nomadland”, também recebeu o prémio principal da noite, Melhor Filme. No entanto, contrariamente à tradição, este Oscar não foi entregue por último. Em vez disso, foi entregue antes dos galardões de Melhor Actriz e Melhor Actor. Ainda não está bem claro por que a Academia fez essa alteração... 

Mia Neal e Jamika Wilson, dois terços da equipa de cabelos e maquilhagem por trás de "Ma Rainey’s Black Bottom", também fizeram história no domingo. As duas são as primeiras mulheres negras a receber uma nomeação de melhor maquilhagem e penteado e, também, as primeiras a vencer.

 

“Soul”, que recebeu o Oscar de Melhor Filme de Animação, também é o primeiro filme da Pixar a apresentar uma personagem negra no papel principal.

 

Yuh-Jung Youn foi a primeiro artista coreana a vencer numa das quatro categorias de actuação, tendo levado o Oscar de Melhor Atriz Secundária pelo seu trabalho em "Minari", de Lee Isaac Chung.

 

Uma das surpresas da cerimónia foi Anthony Hopkins ter levado o troféu de Melhor Actor sobre o falecido Chadwick Boseman. Boseman foi agraciado, postumamente, com prémios de melhor actuação nas cerimónias Critics Choice, Golden Globes e Screen Actors Guild deste ano.

 

A Netflix foi a grande vencedora da noite, levando para casa sete troféus - dois para “Ma Rainey’s Black Bottom”, dois para “Mank” e prémios individuais para Melhor Curta de Acção ao Vivo, Melhor Curta de Animação e Melhor Documentário. A Disney teve a segunda maior arrecadação, com cinco Oscars, incluindo três para “Nomadland” e dois para “Soul”.



Quanto à cerimónia em si, este ano foi uma experiência muito mais íntima, quer para os participantes, quer para nós, que assistimos em casa. Devido às restrições de viagens e à necessidade de maior distanciamento social por causa da pandemia de Coronavírus em curso, o evento deste ano foi realizado em dois locais de Los Angeles: o Dolby Theatre e a Union Station, onde até 170 convidados, entre nomeados e apresentadores, se puderam reunir.




A cerimónia também foi tratada como um cenário de filme. Os nomeados foram autorizados a permanecer sem máscara enquanto estavam diante das câmaras e dos flashes, mas tiveram que colocá-las de volta quando as mesmas pararam de filmar.



 

Embora tenha havido momentos de leveza, como Glenn Close a dançar "Da Butt", os Oscars deste ano foram moderados e focados principalmente nos próprios prémios. Com as restrições da Covid, havia poucas brincadeiras entre os apresentadores e a maioria dos Oscars era concedida apenas por uma pessoa.




Ao contrário dos anos anteriores, todas as apresentações ao vivo dos nomeados para Melhor Música foram pré-gravadas e difundidas antes do início do evento principal, enquanto os convidados eram recebidos na passadeira vermelha.



 

Normalmente realizado em Fevereiro, os Oscars foram adiados dois meses, na esperança de que o afrouxamento das restrições da Covid-19 possibilitasse um evento mais luxuoso. Mas, mesmo com uma cerimónia reduzida, os organizadores tentaram dar o seu melhor para recuperar o glamour pelo qual o evento é sobejamente conhecido. E as estrelas presentes também fizeram a sua parte, vestindo uma variedade de dramáticos tons de vermelho e dourado, com atitudes ousadas, onde peças de alta costura desfilaram entre ténis e Crocs dourados.



 

Maria Bakalova usou um vestido de "distanciamento social": um Louis Vuitton com uma saia de tule enorme. Carey Mulligan surgiu em ouro oversized de Valentino, enquanto Regina King luziu outro Louis Vuitton, com mangas largas como asas de borboleta. Angela Bassett, em Alberta Ferretti, ostentou um vestido vermelho com laço gigante e Laura Dern surpreendeu com a sua saia emplumada por Oscar de La Renta. Amanda Seyfried desfilou num Armani Privé escarlate com um decote deslumbrante e uma saia plissada de alguns metros de diâmetro. Halle Berry surgiu triunfante num Dolce and Gabbana e Margot Robbie num “discreto” Chanel.




A supermodelo Paulina Porizkova, também em dourado, fez-se acompanhar pelo argumentista Aaron Sorkin, tornando a sua relação oficial na maior noite de Hollywood. Também na red carpet Chloé Zhao fez “história”, com os seus ténis brancos, carteira a tiracolo e duas tranças.




Mas fiquem com o registo dos vencedores desta 93ª edição de entrega de prémios do cinema:

 

MELHOR FILME

“Nomadland – Sobreviver na América” (Vencedor)

“O Pai”

“Judas e o Messias Negro”

“Mank”

“Minari”

“Uma Miúda Com Potencial”

“O Som do Metal”

“Os 7 de Chicago”

 

MELHOR REALIZAÇÃO

Chloé Zhao, “Nomadland – Sobreviver na América” (Vencedora)

Lee Isaac Chung, “Minari”

Emerald Fennell, “Uma Miúda Com Potencial”

David Fincher, “Mank”

Thomas Vinterberg, “Mais uma Rodada”

 

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL

Emerald Fennell por “Uma Miúda com Potencial” (Vencedora)

Will Berson e Shaka King por “Judas e o Messias Negro”

Isaac Chung por “Minari”

Darius Marder e Abraham Marder por “O Som do Metal”

Aaron Sorkin por “Os 7 de Chicago”

 

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO

Christopher Hampton e Florian Zeller por “O Pai” (Vencedores)

Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Dan Swimer, Peter Baynham, Erica Rivinoja, Dan Mazer, Jena Friedman e Lee Kern por “Borat, o Filme Seguinte”

Chloé Zhao por “Nomadland – Sobreviver na América”

Kemp Powers por “Uma Noite em Miami”

Ramin Bahrani por “O Tigre Branco”

 

MELHOR ACTRIZ

Frances McDormand, “Nomadland – Sobreviver na América” (Vencedora)

Viola Davis, “Ma Rainey: A Mãe do Blues”

Andra Day, “Estados Unidos vs. Billie Holiday”

Vanessa Kirby, “Pieces of a Woman”

Carey Mulligan, “Uma Miúda Com Potencial”

 

MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA

Yuh-Jung Youn, “Minari” (Vencedora)

Maria Bakalova, “Borat, o Filme Seguinte”

Glenn Close, “Lamento de uma América em Ruínas”

Olivia Colman, “O Pai”

Amanda Seyfried, “Mank”

 

MELHOR ACTOR

Anthony Hopkins, “O Pai” (Vencedor)

Riz Ahmed, “O Som do Metal”

Chadwick Boseman, “Ma Rainey: A Mãe do Blues”

Gary Oldman, “Mank”

Steven Yeun, “Minari”

 

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO

Daniel Kaluuya, “Judas e o Messias Negro” (Vencedor)

Sacha Baron Cohen, “Os 7 de Chicago”

Leslie Odom Jr., “Uma Noite em Miami”

Paul Raci, “O Som do Metal”

Lakeith Stanfield, “Judas e o Messias Negro”

 

MELHOR FILME INTERNACIONAL

“Mais uma Rodada”, Dinamarca (Vencedor)

“Better Days”, Hong Kong

“Collective”, Roménia

“The Man Who Sold His Skin”, Tunísia

“Quo Vadis, Aida?”, Bosnia-Herzegovina

 

MELHOR CURTA-METRAGEM

Dois Perfeitos Estranhos” (Vencedor)

“Feeling Through”

“The Letter Room”

“The Present”

“White Eye”

 

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

Soul: Uma Aventura com Alma” (Vencedor)

“Bora Lá”

“Para Além da Lua”

“A Ovelha Choné, o Filme: A Quinta Contra-Ataca”

“Wolfwalkers”

 

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO — CURTA

Se Acontecer Alguma Coisa, Adoro-vos” (Vencedor)

“A Toca”

“Genius Loci”

“Opera”

“Yes-People”

 

MELHOR MAQUILHAGEM E PENTEADOS

Sergio Lopez-Rivera, Mia Neal e Jamika Wilson por "Ma Rainey: A Mãe do Blues" (Vencedores)

Marese Langan, Laura Allen and Claudia Stolze por "Emma"

Eryn Krueger Mekash, Matthew Mungle e Patricia Dehaney por "Lamento de uma América em Ruínas"

Gigi Williams, Kimberley Spiteri e Colleen LaBaff por "Mank"

Mark Coulier, Dalia Colli e Francesco Pegoretti por "Pinocchio"

 

MELHOR GUARDA-ROUPA

Ann Roth por "Ma Rainey: A Mãe do Blues" (Vencedora)

Alexandra Byrne por "Emma"

Trish Summerville por "Mank"

Bina Daigeler por "Mulan"

Massimo Cantini Parrini por "Pinocchio"

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO

A Sabedoria do Polvo” (Vencedor)

“Collective”

“Crip Camp: Uma Revolução pela Inclusão”

“The Mole Agent”

“Time”

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO — CURTA

Colette” (Vencedor)

“A Concerto Is a Conversation”

“Do Not Split”

“Hunger Ward”

“Uma Canção de Amor para Latasha”

 

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Andrew Jackson, David Lee, Andrew Lockley e Scott Fisher por "Tenet" (Vencedores)

Matt Sloan, Genevieve Camilleri, Matt Everitt e Brian Cox por "Love and Monsters"

Matthew Kasmir, Christopher Lawrence, Max Solomon e David Watkins por "O Céu da Meia-Noite"

Sean Faden, Anders Langlands, Seth Maury e Steve Ingram por "Mulan"

Nick Davis, Greg Fisher, Ben Jones e Santiago Colomo Martinez po "O Único e Imcomparável Ivan"

 

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Donald Graham Burt e por Jan Pascale por “Mank” (Vencedores)

Peter Francis e Cathy Featherstone por “O Pai”

Mark Ricker, Karen O'Hara e Diana Stoughton por “Ma Rainey: A Mãe do Blues”

David Crank e Elizabeth Keenan por “News of the World”

Nathan Crowley e Kathy Lucas por “Tenet”

 

MELHOR FOTOGRAFIA

Erik Messerschmidt por "Mank" (Vencedor)

Sean Bobbitt por "Judas e o Messias Negro"

Dariusz Wolski por "News of the World"

Joshua James Richards por "Nomadland — Sobreviver na América"

Phedon Papamichael por "Os 7 de Chicago"

MELHOR MONTAGEM

Mikkel E. G. Nielsen por “O Som do Metal” (Vencedor)

Yorgos Lamprinos por "O Pai"

Chloé Zhao por "Nomadland — Sobreviver na América"

Frédéric Thoraval por "Uma Miúda Com Potencial"

Alan Baumgarten por "Os 7 de Chicago"

 

MELHOR SOM

Nicolas Becker, Jaime Baksht, Michellee Couttolenc, Carlos Cortés e Phillip Bladh por “O Som do Metal” (Vencedores)

Warren Shaw, Michael Minkler, Beau Borders e David Wyman por "Greyhound"

Ren Klyce, Jeremy Molod, David Parker, Nathan Nance e Drew Kunin por "Mank"

Oliver Tarney, Mike Prestwood Smith, William Miller e John Pritchett por "News of the World"

Ren Klyce, Coya Elliott and David Parker por "Soul"

 

MELHOR BANDA SONORA ORIGINAL

Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste por "Soul" (Vencedores)

Terence Blanchard por "Da 5 Bloods: Irmãos de Armas"

Trent Reznor e Atticus Ross por "Mank"

Emile Mosseri por "Minari"

James Newton Howard por "News of the World"

 

MELHOR MÚSICA ORIGINAL

Fight for You”, música de H.E.R. e Dernst Emile II; letra de H.E.R. e Tiara Thomas, em "Judas e o Messias Negro" (Vencedores)

"Hear my Voice", música de Daniel Pemberton; letra de Daniel Pemberton e Celeste Waite, em "Os 7 de Chicago"

'Husavik', música e letra de Savan Kotecha, Fat Max Gsus e Rickard Göransson, em "Festival Eurovisão da Canção: A História dos Fire Saga"

'Io Sì (Seen)', música de Diane Warren; letra de Diane Warren e Laura Pausini, em "Uma Vida à Sua Frente"

'Speak Now', música e letra de Leslie Odom, Jr. e Sam Ashworth, em "Uma Noite em Miami"




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