Dois filmes que apostam na simplicidade, mas que são muito bons…

"À procura de uma estrela"

Adam Jones (Bradley Cooper) era um chef brilhante, com duas estrelas Michelin no currículo. Problema: no seu passado, fora drogado, alcoólico e viciado em sexo. E, por isso, também por fraqueza e excesso de vaidade, destruiu a carreira promissora, bem como a reutação dos restaurantes por onde passou… Depois de se recompor e de passar vários anos a cumprir uma penitência a que o próprio se impôs — abrir um milhão de ostras num restaurante perdido no meio dos Estados Unidos, regressa a Londres com o objetivo de lançar o melhor restaurante do mundo e, claro, conquistar a terceira estrela Michelin.

Só que para que tal se tornasse realidade, Jones precisava de uma equipa de sonho que estivesse tão motivada quanto ele e desse respsta e consiguisse corresponder às expectativas… Só que os excessos do passado, que quase lhe arruinaram a carreira e os “demónios” interiores que todos os dias tem de combater, noemadamente dívidas acumuladas, fazem com que o Chef se vingue na sua equipa.

E assim se “cozinha” uma comédia dramática, com realização a cargo de John Wells (o mesmo da série televisiva "E.R. - Serviço de Urgência" e, mais recentemente, do filme "Um Quente Agosto”. Para além de Bradley Cooper, a tal equipa de sonho, que é também um dream team de co-protagonistas é composta por Sienna Miller, Uma Thurman, Emma Thompson, Omar Sy e Daniel Brühl, com a participação da nova “coqueluche” Alicia Vikander.

“À Procura de Uma Estrela” estreou na passada quinta-feira, mas eu tive o privilégio de assistir à sua ante-estreia, graças à querida Xenica Jardim. Um filme que surpreende pela sua originalidade e realismo. Especialmente na cozinha. Convém ir já jantado, senão…


"O estagiário"

Aqui está um filme que estreou há mais tempo, mas que me surpreendeu muito pela simplicidade, como há muito não se via no cinema… Jules Ostin (Anne Hathaway) é a criadora de um bem-sucedido site de venda de roupas, uma verdadeira start up que teve um rompante crescimento e que, em apenas 18 meses, já tem mais de duas centenas de funcionários e uns milhares de clientes. Ela leva uma vida bastante atarefada, devido às exigências do cargo e também ao facto de gostar de manter contacto directo com o seu público. Eis que a sua empresa inicia um projeto de contratar pessoas da terceira idade como estagiários, numa tentativa de colocá-los de volta ao activo. Cabe a Jules trabalhar directamente com o viúvo Ben Whittaker (Robert De Niro). Com os seus 70 anos, Ben, que levava uma vida monótona, encara o inusitado estágio como uma oportunidade de se reinventar. Por mais que tenha de lidar com o inevitável choque de gerações, o que rende algumas piadas, ele rapidamente conquista os seus colegas de trabalho e aproxima-se, cada vez mais, de Jules, que passa a vê-lo também como amigo.

Jules, para além de muito jovem, é casada e tem uma filha, pelo que precisa fazer malabarismo para ser uma boa mãe, boa esposa e uma excelente profissional. E é aí que Ben entra e se torna fulcral, ajudando não só na vida profissional da personagem, como também na pessoal.

Por isso, no meio de mega lançamentos cinematográficos, com o crescente número de filmes de super-heróis, sequências e reboots, produções simples, com um argumento original, acabam por se perder e ficar ofuscadas, passando muitas vezes despercebidas pelo público. E este “O Estagiário” pode não ser uma superprodução hollywoodiana, mas garante bom entretenimento e traz-nos uma bela história, com um óptimo elenco.

O argumento, embora simples, aborda questões pertinentes dos dias de hoje, tais como a mulher inteligente, que trabalha, que tem filhos e é casada e o reformado que precisa adequar-se às novas tecnologias e que se quer sentir útil. Ambos com as suas próprias limitações, inseguranças e conflitos internos. Nancy Meyers, realizadora e argumentista, conduz esses temas de forma delicada, mas também com algum humor. E o filme, apesar de engraçado, pode provocar algumas lágrimas... Tudo isto faz com que “O Estagiário” se torne numa das maiores surpresas de cinema do segundo semestre deste ano, ganhando qualidade pela presença de grandes actores e que, com toda a certeza, merece ser visto no grande ecrã.

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