Após algum tempo de Hollywood estar a trabalhar para restabelecer os Óscares como um evento de televisão imperdível, com ajustes na cerimónia e na sua transmissão, a 94ª edição dos Óscares veio lembrar aos seus espectadores de que nada é melhor do que momentos genuinamente sem guião, em directo, e que apanham todos de surpresa. A noite de gala que celebra o cinema foi novamente transmitida em tempo real.
A grande noite de Óscares voltou em força este domingo, 27 de Março. Sem máscaras, as estrelas do cinema voltaram, após dois anos de interregno, à passadeira vermelha do Dolby Theatre, em Los Angeles, para ficarem a saber o que de melhor se fez na sétima arte durante o último ano. Claro que antes da cerimónia de entrega de prémios, o desfile de talentos aconteceu à porta do Dolby.
O objectivo deste ano da Academia era o de se reerguer após o desaire sofrido em 2021, quando a cerimónia teve as piores audiências da sua história televisiva. Recuperando o esplendor de outrora, contou com várias anfitriãs: Regina Hall, Amy Schumer e Wanda Sykes. As três apresentadoras também deslumbraram na passadeira vermelha, destacando-se Schumer num vistoso Oscar de La Renta.

Por momentos, esqueceu-se a Covid-19 e ninguém usou máscaras (excepto a produção). Os 2.500 convidados tiveram de apresentar obrigatoriamente o certificado de vacinação e pelo menos dois testes PCR negativos antes da cerimónia de domingo. Uma cerimónia pautada por uma Netflix, a trazer alguns candidatos favoritos para vencer nos óscares deste ano, onde o filme “Coda”, da Apple, veio a fazer história na noite passada ao se tornar o primeiro filme de streaming a conquistar uma estatueta de Melhor Filme – uma conquista que se tornou ainda mais impressionante devido à quantidade de Óscares em que o filme fora indicado. Enquanto “O Poder do Cão” não arrecadou o prémio da noite, a sua realizadora Jane Campion tornou-se a terceira mulher a ganhar o Óscar de Melhor Realização, e Ariana DeBose, de “West Side Story”, e Troy Kotsur, de “Coda”, tornaram-se os primeiros atores abertamente queer e surdos, respectivamente, a ganhar nas categorias de Melhor Ator/Atriz Secundários.

No lado mais técnico, “Dune”, de Denis Villeneuve, foi absolutamente vencedor com vitórias em Melhor Som, Melhor Design de Produção, Melhor Banda Sonora Original, Melhor Fotografia e Melhores Efeitos Visuais. Por mais impressionante que tenha sido a transformação física de Jessica Chastain em Tammy Faye, a Academia concordou que foi a sua atuação, como a televangelista que protagonizou em “Os Olhos de Tammy Faye”, que a levou à vitória, pela primeira vez, de Melhor Actriz. Will Smith também venceu, pela primeira vez e após inúmeras nomeações, o Óscar de Melhor Actor pela sua atuação em "King Richard - Criando Campeãs". Porém, ele garantiu ser notícia para o futuro ao não ter medido palavras (e mãos) com o apresentador Chris Rock.

De facto, em 2022, a noite dos Óscares ficou marcada por um momento inusitado: Will Smith agrediu Chris Rock, depois de o humorista ter feito uma piada sobre a sua mulher Jada Pinkett-Smith. Antes do anúncio do Óscar de Melhor Documentário, o humorista Chris Rock fez uma piada sobre Jada Pinkett-Smith, que recentemente tomou a decisão de rapar o cabelo, face à doença de alopecia de que padece, que causa a perda total ou parcial dos cabelos. Rock brincou, ao dizer que mal podia esperar por ver a atriz no "G.I. Jane 2", numa referência ao que seria uma sequela do filme "G.I. Jane", onde a personagem interpretada por Demi Moore é careca. Porém, o que se seguiu foi uma reação absolutamente inesperada por parte de Will Smith, que subiu ao palco e deu uma estalada ao comediante de 57 anos. "Will Smith acabou de me bater na cara", disse Rock, parecendo tão incrédulo quanto o público presente, que tentava perceber se se tratava realmente de uma agressão física ou de uma encenação. "Mantém o nome da minha mulher longe da p*ta da tua boca!", gritou por duas vezes Will Smith, já de volta ao lugar. Sobre o episódio, a Academia de Cinema dos Estados Unidos condenou, esta segunda-feira, a agressão do ator Will Smith a Chris Rock e revelou que irá analisar o caso e tirar daí as consequências.

Fiquemos, então, com a lista completa dos vencedores dos Óscares de 2022 (títulos deixados no original por opção, com vencedores em negrito):
Melhor filme
Belfast
CODA
Don’t Look Up
Drive My Car
Dune
King Richard
Licorice Pizza
Nightmare Alley
The Power of the Dog
West Side Story
Melhor Realização
Kenneth Branagh (Belfast)
Ryûsuke Hamaguchi (Drive My Car)
Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)
Jane Campion (The Power of the Dog)
Steven Spielberg (West Side Story)
Melhor Actor
Javier Bardem (Being the Ricardos)
Benedict Cumberbatch (The Power of the Dog)
Andrew Garfield (Tick, Tick … Boom!)
Will Smith (King Richard)
Denzel Washington (The Tragedy of Macbeth)
Melhor Actriz
Jessica Chastain (The Eyes of Tammy Faye)
Olivia Colman (The Lost Daughter)
Penélope Cruz (Parallel Mothers)
Nicole Kidman (Being the Ricardos)
Kristen Stewart (Spencer)
Melhor Actor Secundário
Ciarán Hinds (Belfast)
Troy Kotsur (CODA)
Jesse Plemons (The Power of the Dog)
J.K. Simmons (Being the Ricardos)
Kodi Smit-McPhee (The Power of the Dog)
Melhor Actriz Secundária
Jessie Buckley (The Lost Daughter)
Ariana DeBose (West Side Story)
Judi Dench (Belfast)
Kirsten Dunst (The Power of the Dog)
Aunjanue Ellis (King Richard)
Melhor Argumento Adaptado
CODA, Siân Heder
Drive My Car, Ryûsuke Hamaguchi, Takamasa Oe
Dune, Jon Spaihts, Denis Villeneuve, Eric Roth
The Lost Daughter, Maggie Gyllenhaal
The Power of the Dog, Jane Campion
Melhor Argumento Original
Belfast, Kenneth Branagh
Don’t Look Up, Adam McKay, David Sirota
King Richard, Zach Baylin
Licorice Pizza, Paul Thomas Anderson
The Worst Person in the World, Eskil Vogt, Joachim Trier
Melhor Cinematografia
Dune, Greig Fraser
Nightmare Alley, Dan Laustsen
The Power of the Dog, Ari Wegner
The Tragedy of Macbeth, Bruno Delbonnel
West Side Story, Janusz Kamiński
Melhor filme de Animação
Encanto
Flee
Luca
The Mitchells vs. the Machines
Raya and the Last Dragon
Melhor Curta-Metragem de Animação
Affairs of the Art
Bestia
Boxballet
Robin Robin
The Windshield Wiper
Melhor Guarda-Roupa
Cruella
Cyrano
Dune
Nightmare Alley
West Side Story
Melhor Música
Don’t Look Up, Nicholas Britell
Dune, Hans Zimmer
Encanto, Germaine Franco
Parallel Mothers, Alberto Iglesias
The Power of the Dog, Jonny Greenwood
Melhor Som
Belfast
Dune
No Time to Die
The Power of the Dog
West Side Story
Melhor Canção Original
“Be Alive” (King Richard), Beyoncé Knowles-Carter, Dixson
“Dos Oruguitas” (Encanto), Lin-Manuel Miranda
“Down to Joy” (Belfast), Van Morrison
“No Time to Die” (No Time to Die), Billie Eilish, Finneas O’Connell
“Somehow You Do” (Four Good Days), Diane Warren
Melhor Documentário
Ascension
Attica
Flee
Summer of Soul (…Or, When The Revolution Could Not Be Televised)
Writing With Fire
Melhor Documentário em Curta-Metragem:
Lead Me Home
The Queen of Basketball
Three Songs for Benazir
When We Were Bullies
Melhor Edição
Don’t Look Up
Dune
King Richard
The Power of the Dog
Tick, Tick … Boom!
Melhor Filme Estrangeiro
Drive My Car (Japan)
Flee (Denmark)
The Hand of God (Italy)
Lunana: A Yak in the Classroom (Bhutan)
The Worst Person in the World (Norway)
Melhor Caracterização
Coming 2 America
Cruella
Dune
The Eyes of Tammy Faye
House of Gucci
Melhor Design de Produção
Dune
Nightmare Alley
The Power of the Dog
The Tragedy of Macbeth
West Side Story
Melhores Efeitos Visuais
Dune
Free Guy
No Time to Die
Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings
Spider-Man: No Way Home