No início deste Verão, a bandeira portuguesa cumpriu o seu primeiro centenário. Foi a 19 de Junho de 1911 que a actual bandeira foi aprovada, sendo um dos símbolos surgidos após a proclamação da República, a 5 de Outubro do ano anterior. Como acabámos de celebrar o Dia de Republica, achei por bem dar nota desta bonita efeméride…

O modelo da actual bandeira foi aprovado por Decreto da Assembleia Nacional Constituinte de 19 de Junho de 1911, após ser seleccionado, entre várias propostas, por uma Comissão, cujos membros incluíam Columbano Bordalo Pinheiro, João Chagas e Abel Botelho. Até essa data, as cores da bandeira nacional eram o azul e o branco. E que significado têm os símbolos nela utilizados? Para muitos, as chagas de Cristo vêm relembrar a reconquista do território português aos mouros; os sete castelos enaltecem os feitos militares do Rei D. Afonso Henriques; e a esfera armilar é uma homenagem aos nossos Descobrimentos… Mas vamos saber o seu significado a fundo…
Sem dúvida, a Bandeira de Portugal é um dos nossos símbolos nacionais. Desde a insurreição republicana falhada em, em 31 Janeiro de 1891, o vermelho e verde vinham sendo associados como as cores do Partido Republicano Português e os seus movimentos derivados. Nas décadas posteriores, essas cores eram popularmente propagadas como representando a esperança da nação (verde) e sangue (vermelho) daqueles que morreram em sua defesa, de forma patriótica.

Contudo, as cores da bandeira não estão especificadas, com exactidão, em nenhum documento oficial. A bandeira tem um significado republicano e nacionalista. A Comissão, encarregada da sua criação, explica a inclusão do verde por ser a cor da esperança e por estar ligada à revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891. Segundo a mesma, “o vermelho é a cor combativa, quente, viril, por excelência. É a cor da conquista e do riso. Uma cor cantante, ardente, alegre (...). Lembra o sangue e incita à vitória”.

Mais tarde, durante o Estado Novo, foi difundida a ideia de que o verde representava as florestas de Portugal e de que o vermelho representava o sangue dos que tinham morrido pela independência da Nação. Portanto, as cores da bandeira podem sempre ser interpretadas de várias maneiras, ao gosto de cada um…

No seu centro, acha-se o escudo de armas portuguesas (que se manteve tal como era na monarquia), sobreposto a uma esfera armilar, que veio substituir a coroa da velha bandeira monárquica e que representa o Império Colonial Português e as descobertas feitas por Portugal. Os cinco pontos brancos representados nos cinco escudetes no centro da bandeira fazem referência a uma lenda relacionada com o primeiro rei de Portugal. Conta a mesma que antes da Batalha de Ourique (26 de Julho de 1139), D. Afonso Henriques rezava pela protecção dos portugueses quando teve uma visão de Jesus na cruz. D. Afonso Henriques ganhou a batalha e, em sinal de gratidão, incorporou o estigma na bandeira de seu pai, que seria uma cruz azul em campo branco. Segundo a lenda, o número das quinas (5) representariam os cinco reis mouros derrotados e os besantes (25+5, sendo os besantes centrais contados duas vezes), os 30 dinheiros que Judas teria recebido pela traição a Jesus Cristo. Esta explicação tem a sua origem na Lenda de Ourique, dada a conhecer pela primeira vez num documento forjado no séc. XVI. Apesar desta simbologia ser amplamente refutada, foi divulgada por vários escritores e poetas, incluindo Luis de Camões.
Tradicionalmente, os sete castelos representam as vitórias dos portugueses sobre os seus inimigos e simbolizam também o Reino do Algarve.

Quem diria que a nossa bandeira tivesse tanto para contar?.. Uma última curiosidade histórica: o primeiro feriado nacional, decretado pela República, a 1 de Dezembro de 1910, foi o Dia da Bandeira.

Podem encontrar mais informações sobre a bandeira de Portugal em http://videos.sapo.pt/L01Zzf717LZDzDIleoma

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