Devido aos Oscares, foi uma correria aos cinemas para poder acompanhar a cerimónia com conhecimento de causa. De modo que foram muitos os filmes que tive oportunidade de ver, num curto espaço de tempo. Por isso, vou aglomerar alguns filmes, com opiniões mais curtas, para ver se consigo retomar o ritmo normal…

Austrália
O filme de Buzz Luhrman prometia encantar e apenas causou uma pequena excitação. É, na sua essência, uma homenagem aos grandes clássicos, qualquer coisa de empolgante (fotografia deslumbrante, música a acompanhar, uma amor difícil mas arrebatador, muitos figurantes, etc.). Tinha todos os ingredientes, mas não chegou ao registo de épico romântico a que se propunha...

Contudo, não deixa de ser um interessante filme, que cativa e distrai. Pelos seus anteriores trabalhos, Luhrmann merece o nosso respeito e admiração. Por isso, não poderíamos falhar este seu novo trabalho. Mesmo quem não goste dos seus filmes mais “extravagantes”, "Austrália" está cheio de aspectos relevantes. O mais interessante deles é a reunião de uma equipa quase inteiramente composta por australianos, seus conterrâneos, encabeçada pelos actores Nicole Kidman e Hugh Jackman, que nunca decepcionam.

O enredo do filme passa-se numa Austrália em vésperas do apogeu da Segunda Guerra. Neste cenário, Lady Sarah Ashley (Nicole Kidman) recebe uma grande quinta de herança, cujo local é cobiçado por um barão de gado, que tudo faz para o obter. Um cowboy (Hugh Jackman) torna-se seu grande aliado, mas um problema ainda maior irrompe: o bombardeio japonês à cidade de Darwin.

Nicole Kidman torna-se mais consistente e convincente à medida que o filme avança, mas Hugh Jackman agarra logo a sua personagem, tornando-a num homem que respira virilidade por todos os poros. Veja-se a cena onde ele toma banho (numa sequência digna de um filme erótico da Playgirl) Acho que Baz ficou enamorado de Jackman, pois explora muito mais o seu lado viril, do que a feminilidade de “porcelana” de Kidman. A grande surpresa recai na interpretação do pequeno aborígene Nullah. Se como épico falha, o “Austrália” de Luhrmann não deixa de ser ousado. Um futuro grande filme?

Vicky Cristina Barcelona
Um novo bom filme de Woody Allen, que nunca decepciona no seu género. Depois de três histórias situadas em Londres ("Match Point", "Scoop" e "O Sonho de Cassandra"), Woody aponta, desta vez, a sua câmara para a surpreendente Barcelona, para encenar um conflito amoroso protagonizado pela sua actual actriz fetiche, Scarlett Johansson, a estreante Rebecca Hall e os espanhóis Javier Bardem e Penélope Cruz.

Vicky (Hall) e Cristina (Johansson) são duas amigas americanas com visões completamente diferentes sobre o amor: enquanto Vicky sabe perfeitamente o que quer de uma relação, Christina sabe apenas o que não quer… Elas vão de férias para Barcelona e lá conhecem um pintor “sem papas na língua”, libertino e sedutor (Bardem). De casamento marcado com um americano mais convencional, Vicky tenta resistir às investidas do artista, mas acaba por se apaixonar por ele, em segredo, logo após uma noite furtiva que não deveria ter acontecido. Já Cristina, que se entrega logo, vai acabar por viver um affair a três, com ele e sua ex-mulher tempestuosa, interpretada por Cruz.

Este é um filme típico de Woody Allen, com cenas melodramáticas mas, ao mesmo tempo, muito cómicas. Hoje em dia, ir ver um novo filme de Woody Allen é uma aposta ganha. Torna-se numa agradável rotina: filmes inteligentes e interessantes, sempre com muita sagacidade e ironia. Desde que deixou os cenários de Nova Iorque, em 2005, Allen começou a trabalhar em Londres e um novo surto de inspiração irrompeu. Agora, como uma nova mudança de ares, “Vicky Christina Barcelona” traz-nos um aprazível momento de cinema e torna-se num grande filme deste realizador, que gosta de nos mostrar relações sempre complicadas entre homens e mulheres, contadas de forma divertida mas sem perder o rumo, fazendo recurso à constante ironia. Uma nova sua obra-prima.

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