Foi em Fevereiro de 1914 que surgiu a personagem mais famosa da história da comédia cinematográfica. “Kid Auto Races at Venice”, o primeiro filme de Charlie Chaplin como Charlot, completou, este mês, um século! Tudo começou a 2 de Fevereiro de 1914, data em que foi exibida a curta-metragem “Making a Living”, de 13 minutos, de um ilustre desconhecido, onde Chaplin aparece bem diferente da personagem que acabaria mais tarde por marcar a sua carreira e a tornar-se numa das personagens mais famosas do século XX – Charlot, o pequeno vagabundo. É que neste seu primeiro filme, Chaplin interpreta um jornalista traiçoeiro, bem vestido e com um bigode bem maior do que depois veio a utilizar com Charlot. “Making a Living” foi o início de uma carreira que transformaria Charlie Chaplin numa das maiores referências do cinema. Portanto, a primeira vez que Chaplin aparece no grande ecrã foi a 2 de fevereiro de 1914, mas foi a 7 de fevereiro do mesmo ano que a personagem Charlot se estreou no cinema, com o filme “Kid Auto Races at Venice”. Este é o segundo filme em que Chaplin participa, mas foi o primeiro em que este apresentou, pela primeira vez ao mundo, a sua personagem Charlot, ou como é conhecido em inglês "The Tramp". Chaplin apareceu neste filme com o seu lendário fato improvisado no momento, em que pensou: “vou vestir umas calças muito largas, sapatos grandes e completar tudo com uma bengala e um chapéu de coco. (…) Acrescentei a isso um pequeno bigode, para me envelhecer um pouco, mas sem alterar as minhas feições”. Assim entrou Chaplin em cena, improvisando sempre para a câmara. E aqui se denota de imediato o génio deste actor, que insiste em colocar-se diante da câmara, para grande aborrecimento do realizador. Este vai tentando, persistentemente, expulsar Chaplin da frente da máquina, contudo, o brilho de Chaplin é maior que tudo isso e consegue conquistar tanto a câmara, como o público presente. É aqui que ele começa a aprender a relacionar-se com a câmara e o mais surpreendente é que neste curto filme já se começam a identificar os primeiros tiques da personagem Charlot, como o pontapé no cigarro, ou a forma trapalhona como Charlot corre. Ou seja, vê-se a personalidade da própria personagem nascer diante da câmara. Com a evolução nos filmes posteriores, a complexa personagem Charlot é parte patife, parte figura patética ou palhaço, parte herói, parte romântico e parte cavalheiro. Como afirmava o próprio Chaplin, Charlot é “simultaneamente, um vagabundo, um gentleman, um poeta, um sonhador, um tipo rejeitado, sempre rendido ao romanesco e à aventura.” A partir deste filme Chaplin não largou mais esta personagem até ao seu primeiro filme falado, “O Grande Ditador” (1940). Só em 1947, no filme “O Barba-Azul”, é que Chaplin despiu as roupas de Charlot.
Em entrevista, o actor admitiu uma vez: “Vim para este negócio pelo dinheiro. A arte apareceu depois. Se as pessoas ficam desiludidas com isso, não posso fazer nada. É a verdade”. Charles Spencer Chaplin nasceu em Londres, a 16 de Abril de 1889, no seio de uma família de artistas do “vaudeville”. A sua infância foi difícil, com os pais separados quando tinha apenas 12 anos. O pai era alcoólico e a mãe acabou por ser internada num manicómio. Estreando-se nos palcos aos cinco anos e com uma infância, Chaplin começou muito jovem a participar em espectáculos musicais, viajando em 1910 para os Estados Unidos. Chaplin acabou por ir parar a Los Angeles, para tentar ter uma carreira como actor do celulóide e acabou por marcar toda uma era no cinema. Em 1992, Richard Attenborough realizou “Chaplin, centrando-se na vida deste grande génio do cinema, desde a sua infância pobre até ao recebimento de um Oscar Especial. O filme foca também as suas várias ligações amorosas e os problemas de ordem política, que o levaram a ser expulso dos Estados Unidos. Com Robert Downey Jr. como Charlie Chapiln, o filme contou também com a atriz Geraldine Chaplin, que interpretou a sua própria avó na vida real. Concluindo, foi a 7 de fevereiro de 2014 que se assinalaram os “100 anos de Charlot”, a personagem que imortalizou Charlie Chaplin no meio cinematográfico! E que o tornou uma referência na sétima arte!

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