Ultimamente, muito se tem ouvido falar desta ou aquela serem uma “it girl”. Aposto que já viram o termo “it girl” por aí e muitos nem sequer sabem o que significa… Ora, “it girl” é um termo que se utiliza para se referir a mulheres, geralmente bem jovens, que, mesmo sem querer, criam e ditam tendências, despertam o interesse das pessoas, particularmente outras mulheres, em relação ao seu modo de vestir, de andar, de pensar ou ser. As “it girls” têm o que muitos chamam de “carisma”, algo que atrai a atenção para elas. Por isso, a sua característica mais determinante é a de serem pouco comuns, de se destacarem das pessoas normais e provocar interesse, ao ponto de outras pessoas passarem a copiar a sua maneira de vestir, falar e/ou agir. Normalmente, as “it girls” comportam-se de maneira irreverente e, por isso, despertam a curiosidade de muitas pessoas sobre o seu modo de vida. É a conjugação do destaque, da irreverência, do carisma, até mesmo de alguma extravagância e muito, mas mesmo muito estilo. Mas, então, o que é uma “it girl”? Uma rapariga da moda? Que tem atitude? Ou é simplesmente famosa? Ora bem, ela reúne todas estas alternativas e algo mais. Qualquer “it girl” que se preze anda com roupas, malas e sapatos de “último grito”, mas também tem algo nela que a torna única e que não está à venda: carisma, elegância e charme. Por isso, uma verdadeira “it girl” oferece às suas seguidoras não apenas um modelo de estilo, mas todo um conceito de vida a ser seguido. Ela é capaz de influenciar e cativar num ápice! Praticamente tudo o que uma it-girl consome torna-se alvo de desejo: a roupa, o cabelo, a maquilhagem, os sapatos, o restaurante que frequenta e as viagens que faz. Claro que para manter este alto padrão de vida não basta só a boa vontade. Grande parte destas “girls” é bem-nascida, muito bem-educadas e muitas delas fazem parte da “high society” ou do mundo do espectáculo. Grande parte das "it girls" têm alguma ligação com o mundo das artes, como por exemplo atrizes, cantoras, modelos etc. Algumas, do meio mais fashion, trazem as tendências das passarelas para o dia-a-dia, compelindo outras mulheres a seguirem o mesmo estilo. Mas apesar de viverem num mundo exclusivo, todas podem ter "acesso" ao mesmo, dado que elas costumam criar blogs onde publicam fotografias dos seus looks e da sua rotina. Eis algumas incontornáveis “it girls” do momento: a cantora Miley Cyrus, a modelo e ex-apresentadora Alexa Chung, a socialite Olivia Palermo, atriz Taylor Momsen, Sarah Jessica Parker, Chloë Sevigny, Blake Lively, Kim Kardashian, Zooey Deschanel, Ashley Tisdale e Emma Watson. Mas recuemos um pouco no tempo… O primeiro uso do conceito "it" neste sentido de que falo pode ser encontrado numa história de Rudyard Kipling: "Não é a beleza, por assim dizer, nem uma boa conversa, necessariamente. É só 'it'." Elinor Glyn, escritora britânica, opinou, numa palestra: "Com 'It' você conquista todos os homens se você é mulher e todas as mulheres se você é homem. 'It' pode ser uma qualidade mental ou também um atrativo físico." Esta expressão atraiu atenção mundial em 1927, com o filme “It”, protagonizado por Clara Bow. Em 1926, Elinor Glyn encontrava-se numa crise financeira e criativa. Escandalosa e reputada escritora de romances com acentuada carga sexual, mudou-se para Hollywood para iniciar uma carreira como guionista. Depois de várias falhas, Glyn conseguiu avançar com um filme com carácter de última oportunidade. Era “It”, a história de uma funcionária de escritório que consegue conquistar o coração do seu chefe graças a uma mistura de personalidade desafiadora e o factor X. O filme, com Clara Bow, foi um sucesso e o termo “it girl” começou a ser usado para se referir a essa mulher elegante, cheia de estilo e emancipada da era do jazz. Essa mulher petulante que bebia champanhe como se não houvesse amanhã e que dançava para fazer girar o mundo. Essa Daisy Buchanan de que Jay Gatsby se havia apaixonado, no filme “O Grande Gatsby”, cuja personagem fora inspirado na rica herdeira Ginevra King, amor da juventude de F. Scott Fitzgerald. As raparigas queriam ser como ela, os rapazes, esses, queriam ir para a cama com ela… Volvido todo este tempo, "a definição do que é uma "it girl" não mudou muito desde aquela época," opina Alvaro Bermejo, diretor da revista espanhola Cuore. "Ainda continua a ser uma jovem que vai às festas, que está no epicentro da moda, tem um ou mais parceiros conhecidos e leva atrás de si uma côrte de imitadoras. O que faz numa noite é padrão para a próxima. A diferença é que hoje, além disso, certamente que essa "it girl" terá um blog ou uma coluna numa revista de moda. Está em todo o lado". Portanto, as "it girls" são, de alguma forma, um reflexo de um tempo e o nosso, actual, é aquele que passa muito rápido, transmite-se em directo, consome e regurgita famosos sem solução de continuidade, exibe-se sem pudor, alega o sucesso como um direito inalienável e possui a maior percentagem de especialistas em moda jamais vista. O mundo está cheio de roupas, e esses itens têm de se vender. Ora, as "it girls" actuais funcionam como exemplos de estilo, mas estão mais próximas das pessoas do que ícones anteriores e, por isso, é bem mais fácil a identificação com elas. Além disso, a democratização da moda tem levado a que, por “tuta e meia” se possa imitar um estilo que possa ter custado mais de 3.000 euros. As empresas de moda, curiosamente, tendem a se adaptar mais ao estilo da Taylor Momsen ou de Alexa Chung do que ao de qualquer actriz de Hollywood com vários Oscars. Elas estão a “representar” para a rua, e hoje esse é o local onde o “plus” de espontaneidade e autenticidade acontece e que toda a empresa procura...
Foquemo-nos em Alexa. Depois de Daria Werbowy, Kate Moss e Coco Rocha, agora foi a vez de Alexa Chung ter sido escolhida como rosto da marca de acessórios francesa Longchamp. A partir de Saint-Tropez, a it girl britânica exibiu as novas versões de carteiras-desejo da marca para o verão 2014 e posou para as lentes de Max Vadukul. Exemplo máximo do que acabei de referir – empresas de moda também seguem as It Girls. E Alexa parece ser o expoente máximo desta tendência. Apesar de no seu CV se ler que é ou foi modelo, DJ, apresentadora de televisão ou designer de moda ocasional, a etiqueta de it girl impôs-se-lhe e a todas as que acompanham o nome de Alexa Chung. Agora, pôde acrescentar “escritora” à sua lista de profissões cool, quando lançou, no final do ano pasado, o seu libro “It”, para que não restem dúvidas… Seja como for, ela sempre será um rapariga It. Bom, espero ter conseguido elucidar sobre este fenómeno, bem actual. As 'It girls' são ícones de consumo rápido. Rapidamente, convertem-se em figuras a imitar. Rostros que hoje são imprescindíveis e criam tendência, mas que amanhã ninguém pode vir a recordar…

Etiquetas:

Comente este artigo