Há muito que não fazia um “filme da semana”, mas tal deveu-se a não ter havido, ultimamente, ante-estreias… Claro que continuo a ser um fiel frequentador de cinema e, vai daí, aqui fica o último filme que fui ver.

Numa altura em que os vampiros voltaram a ficar na moda, especialmente na televisão, com a magnífica série de Alan Ball, “True Blood”, ou “Vampire Diaries”, “Moonlight” ou a mais recente “Dracula”, passada na Inglaterra Victoriana, com Jonathan Rhys Meyers, sem esquecer a saga “Twilight” levada ao grande ecrã, surge agora uma nova história deste ser sugador de sangue. Sem as tentações da carne, este novo filme transforma-o numa vítima das circunstâncias…

“Drácula: A História Desconhecida” retrata-nos Vlad Tepes (Luke Evans) como uma vítima de um acordo faustiano, um príncipe da Transilvânia que faz uma aliança com uma criatura das trevas para defender o seu povo e a sua família do hegemônico exército turco. Estamos no Século XV. Mas este Drácula se, por um lado é, inequivocamente, hollywoodiano, por lidar com naturalidade com a violência, tem um senão: não sabe abordar o sexo. Ora, a tentação da carne é o elemento central do vampirismo, de Bram Stoker a Anne Rice, mas o filme do realizador Gary Shore passa ao lado deste campo. Contudo, se há uma lado erotizado neste Drácula, é apenas o fetiche da guerra, a demonstração grandiosa dos poderes de destruição do vampiro. E aqui, os efeitos especiais são eficazes , com especial destaque para o efeito dos morcegos.

“Drácula: A História Desconhecida” é a primeira longa-metragem da tentativa da Universal Studios em reviver os monstros clássicos num universo compartilhado. Aqui, Vlad é um príncipe benevolente da Transilvânia que, quando criança, fora entregue como refém real para os turcos. Obrigado a lutar ao lado dos seus captores, Vlad ficou conhecido como o Empalador, um guerreiro brutal e monstruoso. Após mais de uma década de frágil paz, ele recebe a exigência do Sultão Mehmed (Dominic Cooper) de entregar mil crianças do seu reino, assim como o seu próprio filho, tal como tinha acontecido consigo, para servirem o exército turco. Sem qualquer defesa, Vlad vai procurar poder nas trevas, fazendo um acordo com um mestre vampiro (Charles Dance) para ganhar a força que precisa para vencer os seus adversários no campo de batalha. Com uma condição: se em três dias, Vlad não sucumbir à sede de sangue humano que acompanham os seus poderes, ele voltará a ser humano; mas, se ceder, libertará o mestre vampiro e irá tornar-se, ele próprio, numa criatura das trevas para sempre.

Frases à parte ("às vezes o mundo não precisa de um herói, e sim de um monstro"), Shore torna este seu vampiro num monstro, de facto, mas vitima das circunstâncias. Não há problema nenhum em humanizar a personagem-título ou transformá-la num herói trágico nas suas origens. O problema é fazê-lo num filme que renega o mundo bárbaro e sedutor no qual ele sempre foi inserido… A parte disso, não deixa de ter emoção q.b. e divertimento.

E para “apimentar” o futuro, vem a ideia de que "tudo é um jogo", como diz a personagem de Charles Dance, o vampiro original, que veio iniciar este Drácula num universo de filmes compartilhados com outros monstros clássicos da Universal. Eis o novo Drácula: com controlo, sem traumas e sem conflitos, que nos vem entreter e tornar-se arauto de uma provável saga…

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