Após a febre dos super-alimentos, chega agora um novo "capricho" para os viciados das "modas" nutricionais. Por exemplo, porque se conformar com uma toranja e uma tangerina quando se podem comer ambas numa única peça de fruta – o tangela, multiplicando as suas vitaminas? Os híbridos herdam as melhores qualidades de cada alimento “pai”, são mais resistentes e, normalmente, fornecem um maior valor nutricional.

E, mesmo nascendo em laboratórios, não estão modificados geneticamente. Que tal? Antes que estas frutas, legumes e cereais divertidos despertem a ira dos anti-transgénicos, convém esclarecer que estes novos alimentos não sofrem qualquer manipulação de DNA, embora os conhecimentos atuais no campo da genética contribuam para sua criação. Os novos alimentos são resultado do processo conhecido como hibridização, em que os pesquisadores "cruzam" os vegetais sucessivas vezes. Trata-se de um processo de tentativa e erro. Combinam-se duas variedades, plantam-se as sementes, selecionam-se os melhores frutos e faz-se tudo de novo, até se conseguir obter as características desejadas. A diferença é que, actualmente, esse processo pode durar metade do tempo, graças ao uso de marcadores moleculares, que indicam se a experiência está no caminho certo. Esses marcadores moleculares funcionam como mapas dos trechos de DNA, responsáveis por gerar as características desejadas.

Há muito que os agricultores cruzam variedades de uma mesma planta para aumentar a produtividade nas suas lavouras. Agora, esse costume serve um outro propósito: tornar os alimentos do dia-a-dia mais coloridos e práticos de comer. Em alguns mercados, já se podem encontrar legumes, frutas e cereais de aparência surpreendente. É o caso dos pimentos roxos, brancos e em tom de chocolate. Sobretudo nos supermercados europeus, os novos alimentos híbridos são já comuns. Nos Estados Unidos, por exemplo, muitas mães descobriram que as cenouras do tipo rainbow, vermelhas, amarelas e cor-de-laranja, são um bom recurso para estimular os filhos teimosos a comer mais legumes.

A escola de cozinha Kendall College, de Chicago, anuncia que vão ser cada vez mais populares, pelo seu sabor e pelo seu aspecto. Em alguns casos, as cores dos alimentos, além de cumprirem uma função estética, emprestam-lhe maior sabor e valor nutritivo. Mas Brian Wansik, da Universidade de Cornell, considera que “não vão ter uma presença massiva devido ao seu preço e escala de produção”. O último hibrido a incorporar este "boom", criado pela empresa japonesa Sakata Seed, é o Bimi ou Brocolini (bróculos + couve chinesa).

Temos muitos outros exemplos… A Nano Melancia – mais doce do que a original, uma cor levemente diferente e com peso que não passa de três quilos – esse é o novo produto resultante dos três anos de pesquisa do Dr. Eyal Vardi, CEO da Origene Seeds. O tomate Black Galaxy foi apresentado aos mercados internacionais no início de 2012, mas já tinha conquistado um lugar de destaque em Israel. O ingrediente clássico das saladas escuras foi desenvolvido pela Technological Seeds DM, com um pigmento derivado dos mirtilos. Este Black Galaxy não tem apenas uma aparência exótica, mas também contém concentrações de vitamina C mais altas do que os tomates comuns. A abóbora bolota TableSugar, lançada pela Volcani em 2007 e comercializada pela Origene Seeds, é uma versão mais enrijecida do vegetal. Ela tem duas vezes mais açúcar do que a bolota normal e metade do seu tamanho, com uma casca escura que aumenta a sua vida útil e seu sabor. Além de tudo, ela é imune a doenças como o oídio, que afecta muitas qualidades de abóboras. Outra inovação, desta vez da Hishtil, é a árvore de manjericão em miniatura, uma novidade para solucionar o problema do ciclo de vida curto do manjericão. Combinando dois tipos de manjericão, a Hishtil chegou a uma variedade reforçada que cresce com um tronco rígido e gera folhas aromáticas mais resistentes. A planta pode crescer ao ar livre em climas mais quentes e ser levada para dentro de casa no inverno.

E as combinações vão continuar… Será que estamos preparados para esta nova geração de vegetais e frutas híbridos? Só o tempo o dirá…

Etiquetas:

Comente este artigo