Alexandre Farto, vulgo Vhils, abriu o ano a acumular uma nova conquista, pouco depois de ter realizado um vídeo para os U2. Este artista de 27 anos, que também realizou um vídeo para os Buraka Som Sistema e cuja exposição recente no Museu da Eletricidade contabilizou mais de 65 mil visitantes, ocupa agora um dos lugares na lista dos melhores da revista Forbes, ao lado de nomes como Jonathan Adler, Simone Rocha ou Christian Siriano. No site da Forbes, pode-se consultar a lista completa na área de Art & Style, e conferir ainda os "30under30" em categorias como "Hollywood", "Música" ou "Ciência". Esta lista dos "30under30" aponta os 30 nomes, com idades inferiores a 30, de diversas áreas cuja influência, poder e reconhecimento marcam o meio em que se movem e trabalham. Cristiano Ronaldo e Maria Nunes Pereira também surgem nas listas "30under30" da Forbes. O futebolista de 29 anos aparece na área de Desporto e a investigadora, também de 29 anos, surge na secção de "Cuidados de Saúde". O artista Alexandre Farto surge na lista "Art and Style". E no sítio da revista na Internet é possível ler-se que Alexandre Farto, de 27 anos, "fez murais em mais de 50 cidades de todo o mundo", sendo que a maioria "mostra rostos, feitos com uma técnica que combina escavação e pintura".

Mas quem é Vhils? Alexandre Farto ou Vhils, como é conhecido na cultura graffiti, é um pintor e também, se é que se pode chamar assim, um grafiteiro português, conhecido, sobretudo, pelos seus grandes "rostos" esculpidos em paredes citadinas. Nascido na Grande Lisboa, no Seixal, iniciou-se em pintura em 1998, com apenas onze anos. Cedo pôs-se a pintar muros de ruas e comboios da margem sul do Tejo. Acabou por terminar os seus estudos em 2008, na University of the Arts, em Londres.

Este artista, a partir das suas raízes do graffiti/street art tem vindo a explorar novos caminhos dentro da ilustração, animação e design gráfico, misturando o estilo vectorial com o desenho à mão livre, aliado a formas contrastadas e sujas, que nos remetem para momentos épicos. Como artista urbano, mais recentemente, as suas obras são fruto do seu ideário e o mundo que o envolve. Desde 2011, ele tem desenvolvido uma nova técnica, fazendo uso de explosivos, grafite, restos de cartazes e até retratos feitos com metal enferrujado, para criar retratos e frases únicos. E é esta sua vertente que o tem catapultado para a esfera mundial dos artistas urbanos, partilhando espaço com artistas como o inglês Banksy ou os franceses Invader ou JR, todos míticos e também conhecidos por trabalharem na fronteira da ilegalidade e mantendo um estatuto de relativo anonimato. Existem trabalhos seus espalhados peloas mais variados locais, como as cidades portuguesas de Lisboa, Porto e Aveiro, além de capitais como Londres, Moscovo, Bogotá, e cidades internacionais como Medellín, Cali (na Colômbia), Nova York, Los Angeles e Grottaglie (sul da Itália).

Agora, é vê-lo trabalhar as ruas como se fossem álbuns de memórias e as paredes como telas gigantes, para nos mostrarem um rosto escondido, coberto pela ruína, onde todos nos revemos. Como o próprio afirma, “gosto de recorrer a processos destrutivos e abrasivos para criar resultados que têm contornos poéticos”. Daí também o seu interesse em trabalhar, sobretudo, com superfícies delapidadas e abandonadas, com objectos que foram desprezados por não espelharem contemporaneidade, por já não acompanharem os tempos. E sobre isso, Vhils acrescenta: “gosto de lhes restituir alguma vida de forma simbólica, de as oferecer como material para reflexão sobre a passagem do tempo, sobre o desenvolvimento sem preocupação, sobre a natureza efémera das coisas”. Por isso, com o mundo a oferecer tantas matérias por explorar, como se de uma grande e potencial tela se tratasse, vamos ainda ver muito mais obras de Vhils para admirar…


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