Este foi um óptimo filme para esta altura de Páscoa. Sim, porque vou várias vezes ao cinema, não preciso de aguardar por convites para ante-estreias... “Cinderela” é um filme live-action americano, de grande fantasia romântica, realizado por Kenneth Branagh, a partir do guião de Chris Weitz. Produzido por David Barron, Simon Kinberg e Allison Shearmur para a Walt Disney Pictures, esta é a história conhecida por todos, inspirada no conto de fadas de Charles Perrault e na animação de 1950 dos estúdios Walt Disney com o mesmo nome.

A história segue amplamente a adaptação animada homónima, mas com várias reviravoltas. Por exemplo, nesta versão, Cinderela e o Príncipe conhecem-se antes do fatídico baile. Na ocasião, ele diz-lhe tratar-se de ser um simples aprendiz do palácio. Aliás, ao contrário da animação, o filme desenvolve mais o papel do príncipe, focando o seu relacionamento com o seu pai. Mas há mais! A fada madrinha é uma personagem mais presente do que na versão anterior, disfarçando-se como uma velha mendiga que olha por Cinderela antes de se revelar um ser mágico. Nos cinemas, o filme tem sido acompanhado pela curta-metragem de animação “Frozen: Fever”, dando continuidade ao êxito cinematográfico “Frozen”.

“Cinderela” tem um elenco exemplar: Lily James como Ella (a própria da Cinderela), Cate Blanchett como Lady Tremaine (a "madrasta má"), Richard Madden como Kit (o "Príncipe"), Sophie McShera como Drisella, Holliday Grainger como Anastasia, Stellan Skarsgård como o Grão-Duque, Derek Jacobi como o Rei, Ben Chaplin como o pai de Cinderela e Helena Bonham Carter como a Fada Madrinha.

Ao contrário de “Malévola”, que conta a história da Bela Adormecida do ponto de vista da vilã, a intenção aqui foi actualizar a linguagem, sem perder a essência da história. De tal forma que uma frase da mãe de Ella (Hayle Atwell), dita logo no começo, ecoa por todo o filme – “Tenha coragem e seja gentil”. E com esta frase, define-se a personagem principal. Tanto que Ella apega-se à frase em todas as fases por que atravessa. Mas quem rouba a cena é Cate Blanchett, como a sua madrasta. A Disney percebeu, há já algum tempo, o fascínio que as suas vilãs exercem (a Malévola de Angelina Jolie é um belo exemplo disso) e esmerou-se para o papel de Lady Tramaine, tanto no figurino (o seu guarda-roupa é irrepreensível), como na sua caracterização, para evidenciar os seus comportamentos. Não é à toa que ela odeia Ella, mas nem por isso as suas atitudes são justificáveis. Se fosse protagonizada por uma actriz inferior, talvez não tivesse funcionado tão bem…

Quanto a Kenneth Branagh, ele tem sido, sobretudo, um realizador que sempre soube como fazer uma história conhecida ganhar novos contornos, como demonstrou nas suas adaptações de William Shakespeare, “Henrique V” (1989), “Muito Barulho por Nada” (1993) e “Hamlet” (1996). Em “Cinderela”, ele não teve exactamente uma tragédia shakespereana em mãos, mas Branagh diz ter abordado a história encantada da mesma forma como encenou as obras clássicas do dramaturgo britânico. Em conversa à imprensa, Branagh assumiu que gosta de fazer “as pessoas se interessarem por histórias icónicas”. E que o segredo é dar-lhes um tratamento moderno. Branagh disse ser movido por desafios e “Cinderela” tem todos os ingredientes para isso. “Eu gosto muito de desafios. Fiquei surpreso e feliz por ter sido chamado para realizar um conto de fadas. Tive a oportunidade de mostrar porque é que continuamos interessados por estas histórias. Foi uma possibilidade para explorar novas facetas da Cinderela”. Para Branagh, a grande mensagem do filme é a frase que a mãe de Cinderela lhe diz antes de morrer: “Seja corajosa e gentil”. “Todas as coisas simples vêm acompanhadas de grandes significados. Essa frase tem uma equivalente em ‘Rei Lear’, de William Shakespeare: “Tenha paciência e resista”. “Estava determinado em fazer um filme sobre coisas importantes e capazes de inspirar”, completa o realizador.

Como já disse, em “Cinderela”, bondade e coragem mostram ser capazes de vencer o mal, e com uma produção que deu atenção a todos os promenores, o filme também resulta num belíssimo espetáculo visual. E vamos embrenhando pela magia e pela fantasia, como se estivéssemos a ver esta história pela primeira vez, com o mesmo encantamento.

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