A companhia aérea portuguesa está a comemorar o seu 70.º aniversário. A nossa companhia aérea de bandeira nasceu em 1945, no dia 14 de Março. “A TAP é, provavelmente, a única companhia aérea do mundo cujo fundador é um herói da liberdade”. Esta frase, da autoria de Frederico Delgado Rosa, neto e biógrafo de Humberto Delgado, o General Sem Medo, abre o texto que assina nas páginas da revista de bordo UP, colocada no banco da frente em todos os 77 aviões da TAP, que todas as semanas levantam voo cerca de 2500 vezes. Foi o criador, o então tenente-coronel Humberto Delgado, que baptizou a companhia: Transportes Aéreos Portugueses.

A operar desde 1945, a companhia tem o seu Hub em Lisboa, plataforma privilegiada de acesso na Europa, na encruzilhada com África, América do Norte, Central e do Sul. A Rede da TAP, líder na operação entre a Europa e o Brasil, cobre atualmente 84 destinos em 35 países a nível mundial.

Desde sempre, tem havido uma ligação sentimental muito forte entre os portugueses e a TAP… E tempos houve em que voar era uma verdadeira experiência, quando a TAP servia a bordo caviar e charutos aos viajantes em 1.ª classe, coisa que não se via noutras companhias. A primeira conexão comercial da TAP foi Lisboa-Madrid, iniciada a 19 de Setembro de 1946. Só em 1947 se estabeleceu a carreira regular Lisboa-Porto.

Nos anos 50, a grande aposta da companhia era África e com a aquisição dos C-54 Skymaster, em 1954, e dos Super-Constellation, no ano seguinte, a duração da viagem Lisboa-Luanda-Lourenço Marques foi reduzida a 22 horas. Por esta altura, já a TAP tinham passado a empresa privada de capitais públicos. E a década de 60 marca o grande avanço na companhia aérea de bandeira. Com a chegada dos três Caravelle, a empresa alarga o número de rotas para mais capitais europeias. Em 1967, quando a TAP se torna a primeira transportadora aérea europeia a voar exclusivamente a jacto, já tinha atingido o milhão de passageiros.

Numa altura em que andar de avião era um luxo acessível a muito poucos portugueses, devido ao elevado preço dos bilhetes, os que tinham esse privilégio sublinhavam a segurança que sentiam a bordo, a simpatia das hospedeiras e o requinte: na TAP, pasmem-se, as refeições eram servidas em loiça de porcelana e incluíam vinho, até na classe turística. Aliás, "TAP" e "segurança" são duas palavras que desde sempre andaram juntas.

Em Abril de 1975, a TAP foi nacionalizada e é nesse mesmo ano que também protagoniza uma das operações de resgate de cidadãos: a ponte aérea entre a metrópole e as ex-colónias, onde a situação social era explosiva. Os aviões descolavam com a carga máxima. Na década de 80, a situação económica não melhora. A empresa tem mais de dez mil trabalhadores e a subida dos preços dos petróleo, que obriga ao aumento dos preços dos bilhetes, afastam potenciais clientes que já vêem as viagens de avião como um direito democrático a que podiam ter acesso. Ainda assim, em 1988, após se "ter desfeito" de 21 aviões, investe em novos aparelhos mais económicos, os Airbus A310-300.

A crise na aviação a nível global, decorrente da Guerra do Golfo, também atinge a TAP que, no início dos anos 90, vive ainda dias conturbados de agitação social e laboral. Em 1994 é criado o Plano Estratégico e de Saneamento Económico-Financeiro, que divide a companhia em três unidades de negócio: transporte aéreo, "handling" e manutenção. Mais tarde, em 2000, há uma mudança de gestão na TAP: às escolhas políticas para a presidência da empresa sucede uma equipa de gestores profissionais, liderada pelo brasileiro Fernando Pinto, que ainda hoje se mantém no cargo.

Infelizmente, os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 dão mais uma machadada na aviação comercial, mas, por cá, ao contrário, a TAP vive mudanças estratégicas que marcam o início de uma década de recuperação. Após muitos anos de acumulação de prejuízos, 2003 é o primeiro com lucros. Surge o Grupo TAP e cresce o número de rotas.

Actualmente, em vias do processo de privatização, o Ministro da Economia, Pires de Lima, argumenta que "é o melhor para salvaguardar o futuro da TAP, porque a empresa precisa de capital para crescer". Apesar de tudo, muitos temem a perda da companhia de bandeira nacional…

E bons ventos continuam a soprar... A TAP, que transportou 11,4 milhões de passageiros em 2014, foi eleita a terceira companhia aérea mais segura da Europa, por ter um dos rácios mais baixos entre incidentes e tráfego aéreo dos últimos 30 anos. A empresa ocupa o 13.º lugar a nível mundial.

Há várias iniciativas que vão assinalar o 70º aniversário da TAP. As mesmas podem ser consultadas aqui: http://www.tap70.com/pt/



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