30 anos depois, Mad Max regressa ao cinema, com Tom Hardy, Charlize Theron e muito barulho. Aliás, Charlize Theron é a grande e boa surpresa de “Mad Max: Estrada da Fúria”, um dos melhores filmes de ação (frenética) deste ano. Embora a presença de Max acompanhe o espectador do começo ao fim, sentimos que a personagem de Charlize, Imperator Furiosa, é a verdadeira protagonista deste Mad Max. É ela que põe a trama em movimento…

Um dos maiores riscos no cinema é voltar ao sítio onde já se foi feliz. Foi isso que fez o cineasta australiano George Miller, criador do pós-apocalíptico Mad Max. 36 anos exactos após o primeiro filme (1979), o próprio Miller recomeça a saga do lendário Mad Max. Mas falar num "quarto filme" não faz muito sentido. Não apenas por conta das três décadas que separam este Estrada da Fúria do Além da Cúpula do Trovão, mas principalmente porque Miller faz poucas referências ao passado da série. Aliás, nem há uma cronologia a ser seguida. O futuro apocalíptico parece, neste último, mais avançado no tempo, com mutantes e uma guerra por água que parecem dar seguimento ao que foi visto nos filmes anteriores. Depois, o "Mad" Max Rockatansky de Tom Hardy é visivelmente menos experiente do que o de Mel Gibson. Portanto, para lá do carro V8 Interceptor, no início do filme, e das assombrações da filha morta de Max, não há mais nada em Estrada da Fúria que sugira uma relação com as outras longas-metragens. A ideia era essa mesma, a de que este Mad Max se sustentasse sozinho, ou seja, ", se alguém nunca tivesse visto um Mad Max, pode desfrutar desta nova entrega e não se sentir perdido. Como afirma, Miller, “Nós partimos com a intenção de fazer um filme que tivesse princípio, meio e fim”.

Embora exista um elo comum, que torna todos os Mad Max parte de uma coisa só, tanto em termos de estética, como na acção, a substituição de Mel Gibson por Tom Hardy pode tornar-se o principal foco de discussão, por parte dos entendidos e dos fãs. Em 2015, Max continua a ser uma personagem de poucas palavras e olhos loucos, encarregado de liderar as cenas de acção, mas, claro, os dois actores têm níveis de carisma bem distintos, o que faz toda a diferença neste Estrada da Fúria. Depois, George Miller, embora tivesse as condições climáticas perfeitas no deserto da Austrália, viu-se obrigado a mudar os sets para a Namíbia. Portanto, esteticamente, este quarto filme não se diferencia assim tanto dos anteriores, com as paisagens de um alaranjado empoeirado infinito, mas mais rochosas e acidentadas do que nas planícies australianas.

Sobre a ambientação no futuro, Miller diz que, na sua mente, o enredo passa-se, efectivamente, num lugar como a Austrália, 45 anos depois de um evento apocaliptico. "Aquele lugar, um centro da Austrália, é como um microcosmo do mundo, com gangues a controlar recursos diferentes. Não há vegetação, e quando a personagem de Nicholas Hoult vê uma árvore, ele nem sequer sabe como chamá-la”, diz.

Após ser capturado por Immortan Joe (vivido pelo actor Hugh Keays-Byrne, que fez o vilão Toecutter no primeiro Mad Max), o guerreiro das estradas chamado Max vê-se no meio de uma guerra mortal, iniciada pela corajosa Imperatriz Furiosa (Charlize Theron), na tentativa de salvar um grupo de jovens esposas do déspota. Também na sua tentativa de fuga, Max aceita ajudar Furiosa na sua luta contra Joe e vê-se dividido entre seguir sozinho o seu caminho ou ficar com o grupo. Após o “golpe” dado ao homem mais poderoso deste mundo desértico e decadente, o que se segue é uma perseguição implacável com boa música, muitos tiros, bólides artesanais, repletos de gadgets e formas originais de fazer guerra num filme em constante movimento. Além das brilhantes cenas de ação, no meio do deserto há espaço para crueldade, boas intenções, passados sombrios e improváveis heróis.

“Mad Max: Estrada da Fúria” pode ser considerado como o melhor filme de acção do ano e não fica nada a dever à mítica saga, sobressaindo – mantém os níveis de adrenalina no máximo. É um filme incansável, um espetáculo para os sentidos, emocionante, vibrante, electrizante. E está tudo lá, da tragédia à análise da condição humana. Ao mesmo tempo, com muitos carros, motas e perseguicões, Aconselhado para quem não tem arritmias…

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