Como sabem, a banda-desenhada é uma das minhas paixões. Não é à toa que vou todos os anos ao Festival Amadora BD. Ora bem, já li muito, mas desde “Crying Freeman”, fantástico "manga" com argumento de Kazuo Koike e desenhos de Ryoichi Ikegami, que nenhuma banda-desenhada tinha tamanho impacto em mim… Até começar a ler “The Walking Dead”. “The Walking Dead” é uma publicação de banda-desenhada, publicada, desde 2003, nos Estados Unidos pela Image Comics. Em Portugal está a ser editada pela Devir Livraria. A história foi criada e escrita por Robert Kirkman e o desenhador Tony Moore, que mais tarde foi substituído por Charlie Adlard (a partir da edição número 7), mas tendo continuado a desenhar as capas até à edição número 24.

Esta inusitada série narra a história de um grupo de pessoas que tenta sobreviver a todo o custo, num mundo atingido por um apocalipse zombie. A mesma não teve grandes vendas por ocasião do seu lançamento, mas veio a ganhar enorme popularidade com o tempo. Para que tenham uma ideia, em 2006, a primeira tiragem da trigésima terceira edição da série esgotou em apenas 24 horas.

“The Walking Dead” centra-se em Rick Grimes, um oficial de polícia de uma cidade no estado de Geórgia/E.U.A. Também acompanha a trajetória da sua família e uma série de outros sobreviventes que se uniram para se manterem vivos, depois do mundo ter sido infestado por zombies. Uma epidemia de proporções apocalípticas varreu o globo, fazendo com que os mortos se animem e comecem a se alimentar dos vivos. Com o avançar da série, as personagens tornam-se mais desenvolvidas e as suas personalidades vêm ao de cima sob a tensão do tal apocalipse zombie, especialmente a de Rick.

Tudo começa quando Rick e o seu parceiro Shane participam num tiroteio e Rick é baleado, entrando em coma. Ao acordar num hospital, ele descobre que os mortos-vivos infestam o edifício e cidade inteira está destruída e deserta. Bem, não completamente deserta, afinal há zombis por todo o lado... E empreende uma viagem interminável… Desde reencontrar a família, a ser torturado por um homem louco que se autodenomina "O Governador", a confrontar-se com humanos canibais no caminho, etc. Rick e os seus amigos descobrem, sobretudo, que têm muito mais a temer para além dos pútridos mortos-vivos…

“The Walking Dead”, além da grande correria e da luta pela sobrevivência, tenta passar a ideia de uma sociedade nova que surge num mundo que tal como o conhecemos, desapareceu. O mundo do comércio e das necessidades frívolas foi substituído por um mundo de sobrevivência permanente e de responsabilidade. Numa questão de meses, a sociedade desmoronou-se, deixou de haver governos, lojas de víveres e mantimentos, deixou de haver correio, televisão por cabo, internet… O grupo de personagens principais tenta viver uma vida normal em sociedade, convivendo com outras pessoas, porque, para lá do princípio da série assentar em matar zombies, o conflito principal reside entre as pessoas, nos seus interiores e pesadelos. Nos seus conflitos por sobrevivência, na procura de armas e de um lugar para viver, na tentativa de cultivar alimentos num lugar grande, de formar uma sociedade no meio do caos. Assim, nesta banda-desenhada vamos engolindo muitas vezes em seco. Porque acontecem coisas inimagináveis, sofremos mas acabamos por compreender as atitudes extremas das personagens. E todo o ritmo dos livros está pensado como se de uma tela animada se tratasse. Deparamo-nos muito com um suspense ao jeito cinematográfico…

Ainda não me atrevi a ver a série de TV. Não enquanto não acabar de ler a BD… Isto porque temo o que acontece com os livros. Os filmes que deles derivam deixam sempre muito a desejar face ao original. Mas em 31 de Outubro de 2010, estreou, nos Estados Unidos, a série de televisão baseada nos livros de quadradinhos. No seu primeiro episódio, a série registou um recorde de audiências, tendo sido vista por cerca de 5,3 milhões de espectadores nos E.U.A. Entretanto, a banda-desenhada de “The Walking Dead” foi premiada com vários títulos: um Eisner Award em 2010 para “Best Continuing Series” (Melhor série contínua), um Harvey Award em 2010 para “Best Writer” (Melhor Argumento) e a Melhor série na Comic-Con de 2010. Por isso, aconselho! Experimentem ler “The Walking Dead” em BD e deixem-se surpreender... Por cá, está para sair o 12.  livro, sendo que cada um compreende 5 a 6 edições americanas. Mal posso esperar!

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