Depois de ter falado sobre o gin, resolvi também debruçar-me por uma outra bebida que regressa em força no Verão, a cerveja. Aquele liquido amarelo meio gasoso bem e fresquinho, que se toma quando se está triste, para animar ou ainda, quando já animado, para animar ainda mais! Porque uma cerveja, bem gelada, vai bem com tudo, verdade? Então, porque razão, quando estamos num restaurante, escolhemos criteriosamente o menú de acordo com o nosso apetite e vontade, mas pedimos uma cerveja de forma despersonalizada e pouco específica? A cerveja não é toda igual...

Entre o Mundo das bebidas e comidas, existe uma “família” abençoada com a vida eterna: a “família” das Fermentações! A fermentação é o acto da levedura se propagar a si própria. Embora hoje seja produzida em laboratório, as suas origens estão na natureza, pois são micro-organismos vivos. Descendem dos céus, mais propriamente das chuvas. Não se podem sentir, nem sequer são visíveis a olho nu. Férteis, potentes e poderosos, estes micro-organismos multiplicam-se aos milhões. São delicados pós que inspiram a levedação do pão, que evocam aromas sensoriais de queijos a vinagres, que adicionam sedução e tentação a vinhos e cervejas.

E há momentos em que um copo de vinho ou de cerveja são mesmo imprescindíveis. E não se trata apenas de uma questão de sede ou necessidade de álcool. E, tal como o vinho, a cerveja é cultivada. É um produto agrícola, talvez o primeiro conhecido de toda a Civilização. Acredita-se que a cerveja tenha sido uma das primeiras bebidas alcoólicas criadas pelo homem… Historicamente, já era conhecida pelos antigos sumérios, egípcios, mesopotâmicos e ibéricos. Estou a falar de datas próximas a 10.000 a.C. Actualmente, é a terceira bebida mais popular do mundo, logo a seguir à água e ao chá. Mas é a bebida alcoólica mais consumida no mundo.

Ora bem, este "néctar dos Deuses", como a maior parte já sabe, é produzido a partir da fermentação de cereais, principalmente da cevada maltada. Pode definir-se a cerveja como sendo uma bebida proveniente da fermentação, e não da destilação, de um extracto aquoso açucarado, fabricado a partir de cereais germinados, adicionado de lúpulo.
 A cerveja é de fraco teor alcoólico, que vai de 0 a 8,5 graus. No entanto existem algumas excepções que podem ultrapassar os 8,5 graus.

Conheçamos, então, um pouco mais sobre a cerveja. Quando se trata de pilsens, weiss, stouts, etc. não estamos a falar de tipos de cerveja, mas sim de “estilos” de cerveja. Embora sejam idênticos, praticamente sinónimos, podem achar que é tudo a mesma coisa, mas não, por isso vou tratar corretamente as nomenclaturas. Isto não é uma regra definitiva, pois não sou eu quem decide tal, mas é a forma mais correcta de abordar as cervejas.

Comecemos, então, pelos estilos de cerveja. São inúmeros... Posso citar voltar a citar a weiss, pilsen, stout, como também a abbey (ou cervejas "de abadia"), strong ale, kölsch, lambics, bock, entre muitas outras. Já os tipos de cerveja, e ao contrário dos estilos, são apenas dois: Ale e Lager. Provavelmente já ouviram falar desses tipos, principalmente do segundo, que é o tipo que mais é vendido por cá. Basicamente, são esses dois tipos ou grupos de cerveja que existem, e a diferença entre ambas tem a ver com a espécie de levedura e do seu posicionamento no tanque, durante a fermentação.

As cervejas do tipo Lager são as cervejas mais consumidas no Mundo. Originárias da Europa Central no século XIV, são cervejas de baixa fermentação ou fermentação a frio (de 6 a 12ºC), com graduação alcoólica geralmente entre 4% e 5%. Tem entre os seus tipos mais conhecidos a Pilsener, tipo de cerveja originariamente criada no século XIX na cidade de Pilsen, região da Boémia da República Checa, e que, por isso, é muitas vezes chamada de Pilsen ou Pils, ao invés de Pilsener. Na sua grande maioria, as Lagers são mais secas, com maior predominância do malte e do lúpulo sobre os sabores e aromas provenientes da levedura.

Quanto às cervejas do tipo Ale, o que as difere das Lager é o tipo de fermentação, que é feita em temperaturas mais altas, geralmente entre os 15º e 24ºC, e os seus fermentos ficam suspensos nos tanques de fermentação, de onde deriva também o “alta fermentação” por que são conhecidas. É um processo mais antigo de fabricação, o que fez com que as cervejas do tipo Ale fossem as únicas disponíveis até meados do século XIX, quando foi inventada a baixa fermentação (Lager). Dada a sua “antiguidade”, aliada principalmente à fermentação a quente, os sabores complexos, maltados e lupulados das cervejas Ale são incomparavelmente mais perceptíveis, sendo cervejas mais encorpadas e vigorosas. São muito mais complexas e frutadas.

No sempre em "revolução" mundo das cervejas, estão constantemente a aparecer novos estilos no mercado, tais como, por exemplo, a cerveja aromatizada com Rum - Kingston (7,9º), a cerveja fabricada com Malte de Whisky - A Well Scotch e a Adelscott (6,6º) ou a cerveja fabricada com sumo de Lima ou Limão Verde - Dry Lime (4,5º).

Qunato ao consumo de cerveja na Europa Comunitária, a Alemanha lidera com 142 litros/ano por habitante, seguida da Dinamarca, com 125 litros. A Itália surge na última posição, com 22 litros. Portugal tem um “orgulhoso” consumo de 63 litros/ano.

Durante anos, os amantes do vinho (onde me incluo) têm-se vangloriado da glória do vinho tinto e das suas propriedades medicinais, que ajuda na luta contra doenças cardíacas. Mas pesquisas recentes têm demonstrado que a cerveja também pode beneficiar um grande número de pessoas. Por exemplo, de curar a insónia, para tratamentos de artrite ou até mesmo para o aumento da longevidade. Então, se também são amantes de cerveja, então têm mais um motivo para se alegrarem. Bem há pouco tempo, cientistas chineses descobriram uma forma de transformar o álcool da cerveja em algo benéfico para a saúde. A manipulação de um gene ajuda mesmo a proteger o fígado de várias doenças. Já um estudo japonês, publicado na revista científica “Medical Molecular Morphology” faz-nos acreditar que a cerveja pode afectar o nosso sistema imunológico e até combater a gripe. O estudo comprova que o lúpulo presente na cerveja possui propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, capazes de inibir a multiplicação do vírus respiratório, contribuindo também para a prevenção da pneumonia.

Por outro lado, a cerveja possui um boa quantidade de vitaminas do complexo B, capazes de beneficiar a flora intestinal, além de uma óptima capacidade antioxidante, que ajuda na manutenção de níveis saudáveis do colesterol total no sangue e protege contra o desenvolvimento de doenças, como o cancro e a diabetes.
Sabe-se, também, que a cerveja não é a culpada pela obesidade, já que tem cerca de 200 calorias por caneca, o mesmo que um café com leite integral, destaca a médica Rosa Lamuela, uma das responsáveis por uma pesquisa feita com 1.249 homens e mulheres acima de 57 anos. Tal estudo revela ainda que o que engorda, na verdade, são os petiscos gordurosos que costumam acompanhar a cerveja, como salgados e fritos. Mas a especialista saliente que o hábito moderado de tomar cerveja deve estar associado a dieta saudável e exercícios físicos regulares.
Portanto, a cerveja tem um baixo índice glicémico e é constituída de elementos poderosos, como antioxidantes, ácido fólico, ferro, minerais e vitaminas.
Contudo, o consumo adequado para que a cerveja seja realmente benéfica é de dois copos (500ml) para homens e um copo (250ml) para mulheres, por dia.

Mas há mais bons motivos para incorporarmos a cerveja nas nossas vidas:
1 - A CERVEJA DEIXA-NOS MAIS INTELIGENTES
Pesquisadores de Illinois descobriram que, após ingerir algumas cervejas, os homens resolviam muito mais rapidamente um jogo de quebra-cabeças do que os seus oponentes sóbrios.
2 - BEBIDA MENOS CALÓRICA E QUE NÃO FAZ BARRIGA
A “Scientific Review” aponta que a cerveja contém menos calorias do que bebidas como o vinho e o sumo de laranja. Além disso, a famosa barriguinha de cerveja não existe. “Se se beber muita cerveja, pode criar uma barriga, mas é a mesma barriga de alguém que beba a mesma quantidade de vinho”, disse Kathryn O’Sullivan, a médica que conduziu a pequisa na “Scientific Review”.
3 - CERVEJA HIDRATA COMO A ÁGUA
O pesquisador Manuel Castillo, da Universidade de Granada, expôs os resultados de um estudo que consistiu em medir a reação do corpo à ingestão de água ou cerveja, após a realização de esforço físico intenso. A conclusão foi a de que uma quantidade moderada de cerveja não prejudica a hidratação após o exercício e seria a mesma coisa que beebr água, por isso é recomendado o consumo da bebida fermentada a todas as pessoas que não tenham nenhuma contraindicação.
4 - CORAÇÃO MAIS SAUDÁVEL
Mais de 100 estudos demonstraram que o consumo moderado de cerveja diminui o risco de ataques cardíacos e morte por doença cardiovascular em 25 a 40%. Um ou dois copos por dia podem ajudar a elevar os níveis de HDL, o chamado “colesterol bom”, que ajuda a prevenir o entupimento das artérias.
5 - ESTIMULAR O CÉREBRO
Estudos têm demonstrado que uma cerveja diária pode manter o Alzheimer ou outra demência controlada. Isto é especialmente válido se se tartar de um bebedor moderado. O risco de ter uma doença mental é reduzido em 20%. Alternativamente, os lúpulos, que são utilizados na produção de cerveja, podem ajudar na cura da insónia. Uma cervejinha antes de deitar pode proporcionar boas noites de sono.
6 - AUMENTA OS NÍVEIS DE VITAMINA
Uma pesquisa na Holanda comprovou que participantes que consumiam cerveja apresentaram 30% dos níveis mais altos de vitamina B6. Além disso, a cerveja também contém vitaminas B12 e ácido fólico.
7 - BAIXA A PRESSÃO ARTERIAL
Os consumidores de cerveja moderados têm menor probabilidade de desenvolver a pressão arterial alta, um factor de risco para o ataque cardíaco.
8 - OSSOS MAIS FORTES
A cerveja contém altos níveis de silício, que está vinculado à saúde dos ossos. Um estudo realizado em 2009 pela Universidade de Tufts e em outros centros, demonstrou que os homens e mulheres de idade um pouco mais avançada e que consumiam um ou dois copos de cerveja por dia apresentavam uma densidade óssea maior. Porém, o consumo superior a esses teores foi relacionado ao maior risco de sofrer fraturas.
9 - DEIXA OS RINS SAUDÁVEIS
Uma garrafa de cerveja pode diminuir o risco de desenvolver pedras nos rins, nos homens, em 40%. A razão pode ser o elevado teor de água que possui, contribuindo a cerveja para o bom funcionamento dos rins, uma vez que a desidratação aumenta o risco de pedra nos rins. A cerveja também promove a produção de urina, como bom diurético que é, permitindo lavar a bexiga e os rins e mantê-los saudáveis.
10 - BOM PARA CABELOS CRESPOS
Para terminar, a cerveja é um condicionador natural para o cabelo. Algumas gotas de cerveja são o suficiente para “domar” um cabelo selvagem. Também se pode misturar 3 a 4 gotas de cerveja no champô todos os dias, para obter um cabelo mais brilhante.

E termino com uma novidade: a famosa marca de cervejas Carlsberg acaba de lançar cosméticos com cerveja! Parece que afinal, a cerveja também pode ser um bom aliado no que toca à beleza. Esta marca de cervejas lançou uma gama de cosméticos para homem fabricados com cerveja. A cerveja é congelada em azoto e no final os seus minerais, hidratos de carbono, proteínas e vitaminas ficam isolados e são misturados num bálsamo. Os novos cosméticos "Beer Beauty" resultam de uma parceria da cervejeira com a empresa de cosméticos Urtegaarden e estão disponíveis em qualquer parte do mundo, através do site da marca.


Etiquetas:

Comente este artigo