Se são fãs da saga Star Wars como eu, a vossa espera acabou. “Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força” chegou, finalmente, aos cinemas. Agora, devido ao fluxo anormal de pessoas para as salas, ao lerem este texto, provavelmente ainda não conseguiram assistir ao filme, não aguentam mais de ansiedade mas tencionam fazê-lo nos próximos dias ...

E não é para menos... “Star Wars: O Despertar da Força” entrou para a história do cinema ao estabelecer um novo recorde de bilheteira no seu primeiro fim-de-semana de exibição, tendo representado a maior facturação num único dia de todos os tempos. O filme rendeu 238 milhões de dólares no seus primeiros dias em cartaz nos Estados Unidos. A Disney também confirmou que o novo filme da saga facturou 279 milhões de dólares durante os seus cinco primeiros dias de exibição no resto do mundo, elevando a arrecadação global do filme para uns inusitados 517 milhões dólares. E estes não foram os únicos recordes que “The Force Awakens” quebrou. O filme também teve a maior pré-estreia da história, arrecadando 57 milhões de dólares. Já quanto à sua estreia, garantiu 120 milhões de dólares, tornando-se o primeiro filme a facturar mais de 100 milhões em apenas um dia.

Realizado por J.J. Abrams, produtor da série televisiva “Perdidos” e realizador, entre outros, de “Missão Impossível” e do renovado “Star Trek”, “O Despertar da Força” é o sétimo filme de uma série idealizada pelo realizador norte-americano George Lucas e que se tornou num fenómeno da cultura popular, marcando várias gerações de espectadores ao longo dos últimos 40 anos. O filme representa também o primeiro desde que os estúdios Disney assumiram os comandos da série, adquirida a George Lucas em 2012, por quatro mil milhões de dólares. Até 2020, está na calha a estreia de quatro novos filmes.

“Star Wars: O Despertar da Força” passa-se trinta anos após os acontecimentos de “Episódio VI: O Retorno de Jedi”. Dois novos heróis, a cargo da vendedora de sucata Rey (Daisy Ridley) e Finn (John Boyega), um ex-Stormtrooper agora renegado – encontram um robô que tem de ser devolvido ao seu misterioso dono, assim como um sabre de luz perdido. Ambos decidem devolver as relíquias aos seus donos – um deles, mais tarde, descobrem tratar-se de Luke Skywalker. Eis que partem numa emocionante jornada a bordo da Millennium Falcon, ao lado de Han Solo e Chewbacca. No caminho, deparam-se com Leia Morgana, a eterna princesa, agora uma general ao comando da Rebelião e um novo vilão sombrio, Kylo Ren, pretendendo perpetuar o legado de Darth Vader… E o interessante é que todas as peças se encaixam.

Vamos às novidades? Rey, interpretada pela britânica e estreante Daisy Ridley, é fantástica e revela-se a heroína que Star Wars há muito precisava. Habilidosa, atlética, carismática e de personalidade forte, ela domina todas as cenas em que aparece e tem já o que é necessário para se tornar um ícone da saga para as novas gerações de fãs. Se há uma certeza no final do filme, é a de que Rey irá brilhar muito nos próximos episódios e, possivelmente, muito além desta trilogia. O restante do elenco novato também nos parece estranhamente familiar, mesmo que nunca tenhamos convivido com eles anteriormente. Poe Dameron (Oscar Isaac), o mais habilidoso piloto de X-Wings da Rebelião, provavelmente irá crescer mais nos próximos capítulos, mas já demonstrou ao que veio. E Finn (John Boyega) é também uma grata surpresa, trazendo uma interpretação energética, numa combinação de espontaneidade e de alívio cómico, que às vezes falta aos protagonistas dos filmes anteriores (e depois cai-se quase no ridículo de um Jar Jar Binks). Até o intrépido e carismático dróide BB-8 quase não nos faz sentir saudades (embora as sintamos sempre) de R2 D2. Portanto, tratando-se de novos heróis que vêm garantir o futuro da saga, Star Wars está muito bem entregue.

Do lado negro da Força, porém, as coisas ainda não estão bem definidas. O Kylo Ren de Adam Driver acaba por se revelar muito mais do que um mero vilão mascarado, mas proporciona-nos mais perguntas do que respostas. E tal como Daisy Ridley, Driver revela-se um grande elemento masculino do elenco, conciliando bem o duelo entre crueldade e humanidade. De uma coisa podemos ter certeza: Kylo Ren não é descartável como foi Darth Maul. E vamos ouvir falar muito dele nos próximos anos. Outros vilões que surgem neste Episódio VII -- o Líder Supremo Snoke (Andy Serkis, coberto de computação gráfica), a Capitã Phasma (Gwendoline Christie) e o General Hux (Domhnall Gleeson) -- poderiam ter mais tempo de antena, mas é bem provável que crescem em importância nos Episódios VIII e IX. O que é notório é o facto de a Primeira Ordem ser muito mais cruel e impiedosa do que costumava ser o Império, comandado por Palpatine e Vader. E mais não digo…

É bom concluir que J.J. Abrams executou a sua árdua tarefa com louvor. “O Despertar da Força” faz uso consciente de recursos de computação gráfica, sem exageros, excessos e exibicionismo. Dá prazer assistir a um filme de fantasia que parece mais autêntico, e não apenas “embrulhado” nos efeitos digitais que ensombraram a maior parte dos Episódios I a III. De facto, “O Despertar da Força” consegue captar a magia e até o sentimento dos três primeiros filmes lançados entre 1977 e 1983. Ao mesmo tempo, parece-nos moderno, actual e elegante como um Star Wars da geração actual deveria ser. Por outro lado, temos diante de nós um novo episódio do franchising mais assistido, discutido, seguido e explorado da história do cinema, e pela primeira vez não sabemos o que esperar dos seus próximos capítulos. O futuro é tão incerto tal como uma página em branco espera ser preenchida. Portanto, é bem possível que saiam do cinema a saber menos do que pensavam. E com uma sensação estranha, pois apercebem-se que nenhuma data parece tão distante como a de 26 de maio de 2017, quando o Episódio VIII chegará aos cinemas…

Em suma, os novos personagens convencem, com um enredo que deixa espaço para muita coisa acontecer nos Episódios VIII e IX. Se havia a intenção de renovar a saga de ficção-cientifica mais importante do cinema para as novas gerações e agradar, ao mesmo tempo, um enorme contingente de devotos fãs, o objectivo foi cumprido. E que venha logo o Episódio VIII!

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