“Goosebumps” é aquele tipo de obra na qual uma pessoa leva sustos em criança e dá para rir quando já se é adulto. Tratam-se de livros de terror e suspense, no género de literatura infanto-juvenil. É neste espírito de terror pueril que “Goosebumps – Arrepios” se situa e, por isso, torna-se um filme raro de se ver nos dias de hoje.

“Goosebumps” (publicada em Portugal com o nome "Arrepios") é uma série de livros do género ficcional de terror da autoria de R.L. Stine. Sessenta e dois livros foram publicados sob o título de “Goosebumps”, de 1992 a 1997. Muitos dos títulos foram levados à vida e tornaram-se filmes; a série também inspirou uma série de televisão, que durou de 1995 a 1998. Há quem os considere os “Harry Potter” do início da década de 1990. Outros, que R.L. Stine é o Stephen King da literatura infantil. O certo é que os livros de R.L. Stine já venderam mais de 400 milhões de cópias, o que o fez entrar para o Guinness World Records.

Apesar da série original acabar em 1999, em Portugal nem todos os livros das coleções foram lançados. Alguns dos livros “Goosebumps” foram publicadas pela antiga Abril/ControlJornal e os livros “Goosebumps HorrorLand” foram publicados pela Porto Editora.

Feito o enquadramento, passemos ao filme. O jovem Zach Cooper (Dylan Minnette) muda-se de Nova Iorque para uma cidade pequena dos EUA, para onde a mãe fora transferida em trabalho. Lá, eles passam a morar na casa ao lado da de Hannah (Odeya Rush) – por quem o adolescente se apaixona – e o pai, o rezingão R. L. Stine (Jack Black). Depois de ouvir uma isucessão de gritos vindos da propriedade vizinha, Zach decide invadir a residência com a ajuda do medroso colega de liceu (Ryan Lee). Acidentalmente, acaba por abrir um dos livros e, consequentemente, dar início à libertação de todos os monstros criados por Stine. Isto porque a família guardava consigo todos os manuscritos que, uma vez abertos, libertariam os terríveis monstros surgidos da imaginação do escritor. Juntos, eles vão empreender a difícil tarefa de mandar as tenebrosas criaturas de volta para as prateleiras de livros, fazendo-os regressar ao reino da ficção.

Assim, vão entrando em cena as principais atracções do filme: os monstros criados por Stine. Criaturas que vão do mais “convencional” (lobisomens, o abominável homem-das-neves, zombie...) ao bizarro (louva-a-deus gigante, “inofensivos” anões gnomos de jardim e poodles voadores e assassinos), obedecendo todos a Slappy, o boneco de ventríloquo que, de certa forma, encerra o lado sombrio da personalidade de Stine (e, por isso, também é dobrado por Jack Black).

O filme acaba por resultar bem, fiel às raízes da série de best-sellers criada por R.L. Stine, descritas pelo próprio como “assustadora, mas também engraçada”. De forma a homenagear a carreira e a obra original do escritor, “Goosebumps – Arrepios” mistura situações conhecidas de vários livros com uma larga dose de fantasia, ironia e sarcasmo. Evocando um espírito de filme vespertino de TV nos anos 90, esta longa-metragem usa o terror como base para assustar, entreter e fazer rir.

Por isso, “Jumanji” poderia ser a referência mais óbvia, mas, por que não também “Os Goonies”? Este é mais um filme do realizador Rob Letterman, que repete a parceria com Jack Black em “As Viagens de Gulliver” e que fez, entre outros, “Monstros vs. Aliens” e “O Gang dos Tubarões”. “Goosebumps – Arrepios” é um filme que entretém e que justifica uma ida ao cinema.

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