Adaptar livros é uma das práticas mais recorrentes da indústria da sétima arte. E o mestre da fantasia negra, Tim Burton, adaptou o romance de 2011, “O Lar da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares” ao cinema e, no seu habitat natural, do tenebroso e obscuro, ele está de volta ao seu melhor. Burton consegue trazer-nos um filme repleto de magia, cativando jovens e adultos.

Asa Butterfield interpreta o jovem Jake que, no seguimento da estranha morte do avô (Terence Stamp), convence os pais a deixarem-no ir conhecer o enigmático orfanato onde o aventureiro avô tinha crescido, algures numa ilha no País de Gales. É lá que entra num vórtice temporal (recuando até 1943) e conhece as crianças peculiares (dotadas de poderes especiais) que cresceram com o avô e a sua guardiã (EvaGreen). Tal como ouvira nas histórias de embalar que o seu avô lhe relatava… Contudo, Jake também se defronta com uma ameaça que põe em perigo todos os “peculiares” e chega a um momento em que terá de decidir entre ser “peculiar” ou “normal”… Trata-se da entrada em cena do vilão Mr. Barron (Samuel L. Jackson) e seus seguidores sem olhos e com tentáculos.

Lugares fantásticos, viagens no tempo, crianças misteriosas com poderes únicos, guardiões com capacidade para mudar de forma e vilões deformados e maléficos... Há de tudo um pouco neste filme. Por isso, "A Casa da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares" parece ter sido uma história feita à medida de Tim Burton. E não duvidem disso, pois até há quem brinque e afirme que Ransom Riggs - o autor do conto que dá origem ao filme, escreveu-a para Tim Burton um dia a poder transpor para o grande ecrã.

O realizador, em mais de 30 anos de carreira, tem-nos habituado ao seu estilo e estética bem característicos. A estranheza e o bizarro das personagens são perfeitos para Burton. Porém, convém lembrar que "A Casa da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares" não é um "Eduardo Mãos de Tesoura", por exemplo, pois o argumento não deixa de ser um pouco previsível, mas acreditem, é um Tim Burton no seu ponto e o filme é, sem dúvida, um dos seus melhores trabalhos dos últimos anos. O que lhe faz mais jus.

Não percam este filme focado num grupo de crianças que, como o título deixa evidente, não se encaixam no padrão. Que possuem habilidades especiais como flutuar, ter um corpo cheio de abelhas e super-força, entre outros. Tanto Riggs, como Burton, não usam a palavra poderes, pois poderia passar a ideia de se tratarem de uma espécie de super-heróis. Essas características especiais são sempre descritas como peculiaridades. Entrem no reino da peculiaridade com “A Casa da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares” num cinema perto de vós...


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