Eis um filme de animação que surpreende e diverte. Até me lembro de, na ante-estreia, comentar com o Nuno Markl: actualmente, o cinema de animação evoluiu muito, não apenas na forma técnica, mas também e sobretudo, no seu conteúdo, na sua narrativa, pois para além da animação ganhar alguma responsabilidade que antes parecia não possuir, o facto é que os filmes deste género parecem ir buscar algo mais, ficando num ponto em que se transformam num filme para crianças e adultos, divertindo os primeiros, mas captando a atenção dos segundos pelo enredo e conteúdo…

Quanto à história, as cegonhas entregam bebés... ou, pelo menos, costumavam. Era suposto! Mas agora elas entregam encomendas para a empresa global da internet “Cornerstore.com”. Júnior (Andy Samberg no original e Markl em Portugal), um dos principais profissionais da companhia, está prestes a ser promovido quando, acidentalmente, activa a máquina que faz bebés, produzindo uma linda e totalmente não autorizada bebé. Desesperado para entregar esta nova “encomenda” antes que o chefe Hunter (Kelsey Grammer no original e tobias monteiro na versão portuguesa) descubra, Júnior e a sua companheira Tulip (Katie Crown no original e Leonor Seixas em Portugal), o único ser humano da Montanha das Cegonhas, que tudo fazem para procederam à sua primeira entrega de bebés numa viagem alucinante e reveladora. Tal poderá fazer muito mais do que apenas iniciar uma família, mas também restaurar a verdadeira missão das cegonhas no mundo.

O filme, escrito por Nicholas Stoller e realizado pelo próprio Stoller, com Doug Sweetland, passa-se numa altura em que as cegonhas desistiram de entregar bebés e estão a trabalhar na entrega de encomendas de uma loja virtual, uma espécie de Amazon. Isto porque decidiram colocar toda a sua experiência e perícia, adquirida na mega estrutura por trás da fábrica de bebés, para controlarem um grande empreendimento e coordenarem todas as entregas nos horários e locais certos.

Com isso, o filme acompanha a história de Júnior, a cegonha que deseja tornar-se chefe na empresa de entregas, mas para alcançar o seu objetivo ele tem de demitir Tulipa, uma humana que nunca fora entregue aquando bebé e que crescera junto das cegonhas. Incapaz de a dispensar, acabam por se tornar cúmplices na bebé que acidentalmente acabam por criar. E a sua missão é a de a levar a um solitário rapaz que tinha pedido um irmãozinho por correspondência, contra tudo e todos: afinal, as cegonhas já não entregavam bebés… Os dois acabam por incorrer numa viagem incrível, de onde destaco a inusitada e hilariante matilha de lobos, que após uma perseguição, acabam por ficarem apaixonados pela “fofura” da bebé. Sem esquecer o pombo Toady (Stephen Kramer Glickman no original e Manuel Marques por cá), um verdadeiro “chico-esperto” que espia e conta os segredos aos colegas de trabalho, na Montanha das Cegonhas. Apesar de não se preocupar com o facto de não gostarem dele, lá no fundo, tudo faria para se integrar no grupo.

Posto isto, a maior qualidade de “Cegonhas” é ser certeiro no humor, que serve tanto para as crianças, como para os adultos. Enquanto os mais pequenos se riem das situações absurdas, os adultos têm referências - como o dia-a-dia de trabalho numa grande empresa, as dificuldades da paternidade, etc. - que só nós entendemos, mas que também nos divertimos imenso. Quanto às mensagens, elas são relevantes nos tempos que vivemos: a importância da família, da amizade, do comprometimento, da responsabilidade, do amor, tudo envolvido com muita alegria e o carisma de todas as personagens. Por isso, bem feito e bem construído, “Cegonhas” consegue tocar e conquistar, por levar o enredo por caminhos de grande diversão. Um filme que, como disse no início, acaba por ser suficiente para agradar todos os públicos.

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