Eis um bom filme de verão, que nos vai fazer pensar antes de entrarmos novamente na água. Pois, aqui também não era expectável haver um dos maiores predadores marinhos a rondar...

Numa zona recôndita da costa mexicana, Nancy Adams (Blake Lively), estudante de medicina e praticante de surf, consegue encontrar a praia secreta que era o local favorito da sua mãe, recentemente falecida de cancro. Sabendo que é sempre perigoso andar sozinha por lugares desconhecidos, ela decide correr o risco quando a sua companheira de viagem fica a dormir, após uma noite de farra. Ao ligar para casa, diz ao pai e à irmã que encontrou o lugar especial que tanto procurava e faz-se ao mar. Eis que descobre uma carcaça de uma baleia moribunda. Logo de seguida, um súbito
ataque deixa-a ferida e isolada numa rocha dos baixios daquela praia secreta, a duzentos metros de terra firme. Entre Nancy e a salvação encontra-se um grande tubarão branco que defende o seu território de caça. E a maré vai subir...

Kate Lively vive uma improvável, mas vibrante aventura de uma jovem que, numa praia paradisíaca, encontra a mais temível companhia: um tubarão branco. Não nos deixa de vir à memória, o clássico “Tubarão” de Spielberg, mas de comum apenas tem o facto de termos um tubarão que não desiste de investir, nada mais. Contudo, “Aguas Perigosas” não deixa de ser um interessante exercício de suspense e terror.

“É um típico filme de ataque de tubarões. O espectador sabe que o tubarão vai atacar uma e outra vez. Como dizia Hitchcock, o medo não se cristaliza no ataque. O que suscita medo é a antecipação do ataque. Foi divertido trabalhar esse aspecto. Quando a câmara está debaixo de água e olhamos para uma pessoa que está à superfície, temos uma perspectiva assustadora”, afirma a actriz.

Tal como acontecia em “Gravidade” com Sandra Bullock, salvaguardadas todas as diferenças, este é um filme que usa a sua actriz principal de forma sábia para que seja a acção a conduzir os eventos e a nos fazer sofrer e vibrar com eles. E o realizador Collet-Serra, habituado a desenvolver "thrillers", faz bom uso das últimas tecnologias, nunca esquecendo o estado primitivo do ser humano, o do instinto de sobrevivência. A progressão do drama pessoal da protagonista, que vai fazer surf para encontrar paz, torna-se num suspense de primeira sobre o ser humano contra a natureza. Não se pense que a história se resume a uma mulher contra um predador, mas sim contra toda uma série de contratempos que vai encontrando, sejam medusas, recifes de coral cortantes, etc. E, com isso, vamos tendo a dose certa de momentos tensos… Resumindo, Blake Lively entrega-nos uma actuação grandiosa e o realizador Jaume Collet-Serra um suspense de primeira. A fotografia é sublime!

“Águas Perigosas” apresenta algumas novidades menos agradáveis, como um final extremamente forçado, mas que passa bem naquilo a que o filme se propõe: aterrorizar-nos. E vem provar-nos que não é necessário muito para fazer um filme competente, com uma trama q.b. e cenas de suspense que nos vão prender à cadeira. Por isso, sem ter a pretensão de fazer história no cinema como o “mítico” filme que já mencionei, “Águas Perigosas” é extremamente eficaz naquilo a que se propõe: suspense e entretenimento. A ver!


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