Os Aliens já nos atormentam há quase 40 anos e não há meio de desistirem. Aos 79 anos de idade, Ridley Scott regressa com mais um épico filme da saga – “Alien: Covenant” - repleto de mistérios, suspense e muita emoção.

Este novo episódio surge, em termos temporais, no seguimento de “Prometheus”. Em 2093, a nave "Prometheus" e a sua equipa de cientistas tinha sido enviada aos confins do universo em busca dos criadores da Humanidade. Infelizmente, ao descobrirem o grande segredo da criação da vida, deparam-se também com a maior ameaça à sua extinção. A nave acabou por ser destruída e os seus ocupantes mortos. Dez anos depois, os tripulantes da nave colonizadora "Covenant" encontram um planeta inexplorado onde poderão, finalmente, aterrar depois de uma longa viagem na senda de um lugar propício à vida humana. Porém, quando uma equipa de batedores se desloca ao terreno para uma avaliação mais profunda, depara-se com o maior de todos os horrores…

Realizado pelo britânico Ridley Scott, este é um "thriller" de ficção científica que prossegue a história contada no filme "Prometheus" (preâmbulo da saga "Alien", iniciada em 1979 pelo mesmo realizador). Voltando a contar com a participação de Michael Fassbender, desta vez com um duplo papel, conta no elenco com Katherine Waterston, Billy Crudup, Danny McBride e Demián Bichir bem como breves aparições de James Franco, Guy Pearce e Noomi Rapace – a retomarem as suas personagens de "Prometheus".

Um clássico do cinema moderno, "Alien - o 8º passageiro" estreou há quase 40 anos e veio revolucionar as indústrias do terror e da ficção científica. Para quem possa não estar familiarizado com esta saga, a história passa-se “num futuro distante”, com viagens inter-espaciais banalizadas, e recai num episódio espacial no qual os tripulantes da nave da sub-tenente Ellen Ripley (Sigourney Weaver) são desafiados por uma criatura temível (o Alien). Um filme aterrorizador, que nos prende à cadeira, tal é o suspense. Isto deve-se, sobretudo, às características da figura do Alien, por ser um monstro alto, ágil e discreto, com uma longa cauda pontiaguda, cujo sangue é ácido e possui duas bocas com dentes de aço, mas também ao modo progressivo e muito cuidado como são desenvolvidas as cenas. O sucesso do primeiro filme transformou-o numa das séries de franchise mais valiosas do mundo e, estranhamente ao contrário da maioria, baseia todo o seu triunfo no “mau da fita”. Em 1979, venceu o Óscar para Melhores Efeitos Especiais e ainda o prémio Saturn Awards de ficção científica. Entretanto, seguiram-se mais três sequelas sobre o conflito entre Ripley e o Alien, e ainda duas prequelas – “Prometheus” (2012) e, agora, “Alien: Covenant” (2017).

Enquanto a aventura anterior construía sugestões ambíguas em grande parte do filme para vir a entregar todos os seus conflitos de uma só vez, desta feita a narrativa distribui de modo equilibrado as suas cenas, garantido um melhor e progressivo ritmo. Apresentando efeitos colaterais da nossa acção invasiva, das questões interpessoais e de confiarmos em quem não devemos, aqui recai o raro fio condutor da série: os alienígenas prevalecem devido à ganância, incompetência ou traição dos humanos, permitindo que o invasor escape e se reproduza. Desde o "Alien – o 8º Passageiro”, a culpa tem sido sempre nossa. E, agora, Scott mostra uma nova maneira pela qual os humanos expõem a sua própria espécie ao risco de extinção.

Embora Daniels (Katherine Waterston) se apresente como uma nova versão de Ripley, o verdadeiro protagonista são os andróides David/ Walter (Michael Fassbender). O resto da tripulação apenas vai reagindo de forma básica ao perigo, seja a metralhar ou a rebentar explosivos, a agir com demasiada displicência numa atmosfera selvagem e desconhecida ou, simplesmente, a meter o nariz onde não deve.

“Alien: Covenant” apresenta novos rumos à narrativa, respondendo a algumas das perguntas que foram deixadas em aberto em “Prometheus”. Depois, quem viu a obra original, deve de se lembrar da alta tensão produzida por um único “xenomorph”, mas aqui somos surpreendidos pelo desenvolvimento e formas de outros “xenomorphs”. Embora o terror tenha uma componente digital, o universo de HR Giger prossegue com os novos bebés Alien, os “neomorphs”, aqueles que emergem do peito e são capazes de levantar os braços como que em sinal de vitória.

Em suma, este Alien é mais uma das obras de qualidade que passaram pelas mãos de Ridley Scott, conseguindo, novamente, surpreender. Em “Alien: Covenant” preparem-se uma emocionante experiência de terror e suspense ao longo das duas horas.

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