Sejam bem-vindos a Kehoe, onde a temperatura é de 10 graus negativos e com tendência a descer. Nesta requintada estância de ski nas Rocky Mountains, a polícia local não está lá muito habituada a ter de lidar com grande ação até que um dia o filho de Nels Coxman (Liam Neeson), um pacato limpador de neve, é assassinado às ordens de Viking (Tom Bateman), um excêntrico barão da droga. Consumido pela raiva e armado com artilharia improvisada, Nels parte para a vingança e decide desmantelar o cartel de Viking, na sequência de um homem de cada vez, embora quase tudo o que ele saiba sobre homicídios vem do que leu em livros de crime. À medida que os cadáveres se vão amontoando, as iniciativas de Nels provocam uma guerra entre Viking e o gang rival de índios liderado por White Bull (Tom Jackson), um chefe da máfia nativo-americano. Rapidamente, os sopés brancos de neve da localidade vão começando a ficar tingidos de vermelho…



“Vingança Perfeita” acompanha o drama de Nels Coxman, cuja vida sofre uma reviravolta quando o filho Kyle (Micheál Richardson) é inocente e misteriosamente morto por um poderoso traficante de drogas. Magoado, irá fazer de tudo para destruir o cartel, neste thriller de ação que é um remake de um filme norueguês intitulado “In Order of Disappearance” (2014). Sendo um reboot não literal do filme protagonizado por Stellan Skarsgard, tanto o original quanto esta nova adaptação são realizados por Hans Petter Moland, que faz aqui a sua estreia em filmes falados na língua inglesa. O argumento desta nova versão fica por conta do estreante Frank Baldwin.

Apesar de ser um turbilhão de violência, seguindo um rasto de vingança, o que surpreende é que tudo é atravessado por uma partícula de humor negro. Damo-nos a soltar risos aquando de algumas mortes, para além de situações caricatas que se nos apresentam e com as quais é impossível contermo-nos. O filme mistura a ironia com a violência, mas o que mais distingue o é o modo como chama a atenção de cada vez que uma vida é tomada. Sempre que alguém morre, o nome da personagem pisca no ecrã, juntamente com a alcunha (como "Wingman" ou "Speedo" ou "Limbo") e um símbolo religioso - como se de uma pequena lápide visual para a vítima se tratasse. E a ironia é o trunfo de “Vingança Perfeita”, senão seria só mais um mero filme de acção e violência gratuita… além disso, este thriller de vingança apresenta um grau de introspecção pouco comum para o género.



Resumindo, se procuram aqui um drama de ação simples, vão ao engano. “Vingança Perfeita” é uma curiosidade, uma parábola sobre o vazio subjacente de uma vingança polémica que, no entanto, tenta servir-nos a quantidade necessária de violência sangrenta. Mas é algo bem mais estranho e perspicaz.

Além de Neeson e dos atores já mencionados, o elenco conta ainda com excelentes desempenhos de Emmy Rossum, William Forsythe e Laura Dern.

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