“The Eagle has landed!” ("A Águia aterrou"). Foi com esta frase que os astronautas Neil Armstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins anunciaram a chegada do primeiro veículo espacial tripulado à Lua. Quando a bota de Neil Armstrong pisou, pela primeira vez o solo lunar, a 20 de Julho de 1969, o feito foi celebrado em todo o mundo como um grande triunfo para a Humanidade. Passaram 50 anos sobre este grande acontecimento, transmitido pela televisão para cerca de 500 milhões de pessoas.


O módulo lunar (LEM), conhecido como Eagle, pousou no satélite terrestre no dia 20 de julho de 1969 às 20h17 GMT, embora alguns documentos da NASA indiquem que tal aconteceu um minuto depois, às 20h18 GMT. Pouco mais de seis horas depois, às 02h56 GMT, o comandante da missão Apollo 11, Armstrong, falecido em 2012, colocou o pé esquerdo na superfície lunar e pronunciou a frase pela qual sempre será lembrado: “Um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade”. Edwin “Buzz” Aldrin, de 89 anos, dissera: “Em retrospectiva, chegar à Lua não era só o nosso trabalho, era uma oportunidade histórica para mostrar ao mundo o espírito positivo dos Estados Unidos”, antes de subir num avião com destino ao Centro Espacial Kennedy, na Flórida, de onde levantou vôo a 16 de Julho de 1969. “O dia de hoje pertence a vocês”, acrescentou.

Neil Armstrong

A NASA estava a preparar-se para este 50º aniversário há semanas, com inúmeras exposições e eventos nos centros espaciais da Flórida (Kennedy) e Houston, Texas (Johnson). E no dia em que se cumpriram 50 anos, o vice-presidente americano, Mike Pence, proferiu um discurso no Centro Kennedy, em Cabo Canaveral, o mesmo lugar de onde saíram Armstrong, Aldrin e Michael Collins rumo à Lua. “Hoje, a nossa nação homenageia três astronautas corajosos”, declarou Pence, ao lado de Aldrin. “Apollo 11 é o único evento do século XX que tem uma possibilidade de ser amplamente recordado no século XXX”, concluiu.


Tais festejos reanimaram o debate público sobre o projecto actual da agência espacial, chamado Artemis, para regressar à Lua em 2024. Porém, o futuro de Artemis – baptizado em homenagem à deusa grega, irmã gémea de Apollo – dependerá da vontade do Congresso norte-americano para aumentar o orçamento da NASA de cerca de 21 bilhões de dólares por ano, algo que parece pouco provável. Muitos especialistas, incluindo alguns dentro da NASA, consideram que será impossível voltar à Lua antes de 2024, pois tanto o foguetão como a cápsula para a tripulação e a estação orbital, elementos-chave da missão, sofreram atrasos e falta ainda muito para que estejam prontos. Desde o fim do programa Apollo, que pousou a última dupla de astronautas no satélite em Dezembro de 1972, vários presidentes anunciaram o relançamento do programa espacial americano. Mas a brecha entre as ambições e a realidade orçamental tem vindo a condenar esses projectos…


Porém, o CEO da SpaceX, Elon Musk, afirmou à revista Time que acredita que será possível aterrar na Lua nos próximos dois anos, em 2021. “Vai soar uma loucura, mas acredito que podemos aterrar na Lua em menos de dois anos. Certamente com um veículo sem tripulação, acredito que podemos aterrar na Lua em 2021. Por isso, talvez dentro de um ou dois anos depois podemos enviar uma tripulação. Diria que quatro anos na pior das hipóteses”, afirmou Musk. Esta missão referida por Musk será levada a cabo não pelo Falcon 9, mas pelo novo foguetão da SpaceX, o Starship. A nave tem sido testada ao longo dos últimos meses pela equipa de engenheiros, mas a maior "pedra no sapato" de Musk parece mesmo ser a NASA, agência especial que aparentemente não se deixa convencer pela capacidade da SpaceX de ir à Lua.


E por cá, como é que os portugueses viveram a aventura da Apollo 11 em 1969? Há 50 anos, a madrugada de segunda-feira, 21 de julho, foi diferente. Eram cerca das quatro horas da manhã em Lisboa quando as primeiras imagens começaram a ser emitidas. Excitação e hesitação, algum receio, uma boa dose de dúvida e, até, alguma histeria. A viagem de julho de 1969, que culminaria com os primeiros passos do Homem no satélite natural da Terra, gerou um turbilhão de emoções à volta do mundo, Portugal incluído. Portugal não só assistiu, como também empreendeu a viagem, pois até deixou uma recordação em solo lunar. A bandeira portuguesa foi uma das 136 que viajaram a bordo da Apollo 11, anunciava o jornal “Diário de Notícias” a 16 de Julho.

Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins foram os protagonistas da primeira aterragem com sucesso na Lua, um momento transmitido em direito na televisão e contou com uma audiência de mais de 530 milhões de pessoas em todo o mundo. Para marcar a presença do homem na Lua, foi deixada uma bandeira norte-americana e uma placa em que se pode ler "Aqui, Homens do Planeta Terra colocaram os pés na Lua pela primeira vez. Viemos em paz em nome da humanidade" e três medalhas em homenagem à tripulação da primeira missão lunar, a Apollo 1, que morreu num teste de lançamento.

Tripulação da missão Apollo 12. Da esquerda para a direita, Charles Conrad, Comandante; Richard F. Gordon Jr., Piloto do Módulo de Comando; e Alan Bean, Piloto do Módulo Lunar

Desde então, apenas 12 homens já pisaram a Lua. Depois de Neil Armstrong, só mais 11 tiveram esse privilégio. Buzz Aldrin foi o segundo homem a pisar a Lua, nove minutos depois de Neil Armstrong. Obra do destino, ou pura coincidência, o nome da mãe de Buzz era Marion Moon (Lua). A Apollo 12 foi a segunda missão a pousar na superfície lunar e a primeira a fazer uma aterragem de precisão num ponto predeterminado do satélite da Terra, no Oceano das Tormentas. Os astronautas Charles Pete Conrad e Alan Bean estiveram 31 horas na Lua e trouxeram para a Terra registos fotográficos, rochas, amostras de solo e partes da Surveyor 3 - uma sonda não tripulada enviada dois anos antes - para estudos dos efeitos da permanência na Lua no material do objecto. Charles Conrad foi o terceiro Homem a pisar a Lua, mas o seu percurso até esse momento não foi fácil. Alan Bean foi o piloto do Módulo Lunar da missão Apollo 12 e o quarto homem a pisar a superfície lunar.

Tripulação da missão Apollo 14. Da esquerda para a direita Stuart A. Roosa, Piloto do Módulo de Comando; Alan Shepard, Comandante; e Edgar Mitchell, Piloto do Módulo Lunar

A missão Apollo 14, a terceira a pousar na Lua e a primeira a ser transmitida a cores na televisão, saiu da Terra no dia 31 de Janeiro de 1971 com os astronautas Alan Shepard, o Comandante, Edgar Mitchell, Piloto do Módulo Lunar, e Stuart Roosa, Piloto do Módulo de Comando. A missão tinha como objectivo pousar na região Fra Mauro, local designado para a aterragem da Apollo 13 que, devido a uma explosão de um dos tanques do oxigénio da nave, não chegou a aterrar na Lua. Alan Shepard e Edgar Mitchell não foram os primeiros astronautas a chegar à superfície lunar, mas a sua viagem ficou marcada por vários feitos: a maior distância até então percorrida na Lua e o maior tempo de permanência na superfície (33 horas) registaram-se no seu "mandato" e, apesar de só se ter descoberto em Janeiro de 2019, a tripulação da Apollo 14 foi responsável por trazer da Lua a rocha mais antiga da Terra. E na missão em que, pela primeira vez, se subiu a pé uma colina na Lua, os astronautas deixaram uma placa em homenagem à missão Apollo 13 que dizia "Here Men from the Planet Earth put the third time foot on the Moon, January 1971 A.D. What does the future guide the paths of mankind"(Aqui, os homens do Planeta Terra colocaram pela terceira vez os pés na Lua, Janeiro de 1971. Que o futuro guie os caminhos da Humanidade). Alan Shepard foi o quinto homem a pisar a Lua, ao lado do taco de golfe utilizado no satélite. Por seu turno, Edgar Mitchell tornou-se o sexto homem a pisar a Lua.

Apollo 15. Da esquerda para a direita: David Scott, Comandante; Alfred Worden, Piloto do Módulo de Comando; James Irwin, Piloto do Módulo Lunar

A missão Apollo 15 foi lançada a 26 de Julho de 1971 e terminou 12 dias depois, a 7 de Agosto, com a exploração lunar a ocorrer entre os dias 30 de Julho e 2 de Agosto na região lunar Hadley-Apennine. Os astronautas escolhidos para esta missão foram David R. Scott, o Comandante, James B. Irwin, o Piloto do Módulo Lunar, e Alfred M. Worden, o Piloto do Módulo de Comando. A Apollo 15 também ficou na história pela utilização do primeiro Jipe Lunar (ou Rover Lunar), que permitiu aos astronautas explorar áreas mais distantes da zona onde se encontrava o módulo lunar Falcon. No total, Scott e Irwin percorreram cerca de 28 km da superfície lunar no Rover e passaram mais de 18 hora a explorar fora do módulo lunar. Além da utilização do primeiro Rover Lunar, a equipa encontrou uma das rochas mais famosas do programa de missões Apollo, a Genesis Rock, com cerca de 4,5 mil milhões de anos. David Scott foi, assim, o sétimo homem a pisar a Lua e James Irwin, o oitavo homem a pisar solo lunar.

Tripulação da Apollo 16. Da esquerda para a direita: Thomas K. Mattingly II,Piloto do Módulo de Comando; John W. Young, Comandante; e Charles M. Duke Jr., Piloto do Módulo Lunar

A Apollo 16 foi a penúltima missão do programa a levar astronautas à superfície lunar e a primeira a aterrar numa região montanhosa da Lua. A missão, lançada a 16 de Abril de 1972, levou à Lua os astronautas John Young, enquanto Comandante, Charles Duke, Piloto do Módulo Lunar Orion, e Thomas Mattingly, responsável pelo Módulo de Comando. No dia 21 de Abril, o módulo lunar Orion aterrou na região montanhosa Descartes. Os astronautas estiveram 71 horas na superfície lunar e aproximadamente 20 horas fora do módulo lunar a recolher informações com o Rover Lunar, que percorreu 27 km, um pouco menos do que na missão Apollo 15. John Young tornou-se no nono homem a pisar a Lua e Charles Duke foi o décimo homem a pisar a superfície lunar, embora tenha acompanhado os passos dos primeiros homens no satélite.

Tripulação da Apollo 17. Schmitt, Evans e Cernan num Rover Lunar

De 11 a 14 de Dezembro de 1972, a Apollo 17 levou os 11º (Eugene Cernan) e 12º (Harrison Schmitt) homens à superfície da Lua, marcando o fim do programa Apollo, sendo a missão que mais tempo permaneceu na superfície lunar. A tripulação da Apollo 17 foi composta por Eugene Cernan, o Comandante, Ronald Evans, o Piloto do Módulo de Comando, e Harrison Schmitt, o Piloto do Módulo Lunar e único geólogo a ir à Lua. Cernan e Schmitt aterraram o módulo lunar Challenger, no vale Taurus-Littrow, uma região geologicamente muito relevante e no centro da qual se podiam ver inúmeras crateras escuras, provavelmente produzidas por material vulcânico. Nesta última missão à Lua, foram recolhidos 115 kg de amostras do solo lunar e percorridos 35 km da superfície do satélite. Eugene Cernan deixou a sua marca na história com três missões notáveis ao espaço: piloto da missão Gemini IX, do Módulo Lunar da Apollo 10 e Comandante da Apollo 17, Ceranan foi o décimo primeiro homem a chegar à Lua e o último a pisá-la (foi o último a subir ao módulo lunar Challanger).


Portanto, a última vez que o homem pisou a Lua foi há 47 anos, mas as pegadas do homem permanecem imortalizadas na superfície do satélite da Terra.

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