Verdadeiro ícone dos desenhos animados, o sarcástico e esperto coelho surgiu pela primeira vez no dia 27 de Julho de 1940, na curta-metragem “The Wild Hare” da Warner Bros., realizado por Tex (Fred) Avery. O arqui-inimigo do caçador Elmer Fudd, de quem nunca esqueceremos a sua eterna pergunta "What’s up, Doc?", nasceu exatamente em 1938, em Brooklyn (Nova Iorque), criado por Tex Avery. Já Robert McKimson foi o responsável máximo pelo desenho definitivo da personagem.
Segundo Mel Blanc, dobrador original da voz de Bugs Bunny, o coelho possui um sotaque característico do bairro nova-iorquino de Flatbush, sendo uma equilibrada mistura entre os dialectos de Bronx e Brooklyn. Segundo dizem, pode ter tido a personalidade influenciada por uma personagem anterior de Walt Disney, uma lebre chamada Max Hare, desenhada por Charlie Thorson. Tex Avery chegou a admitir ter-se inspirado um pouco em Max, embora o design de Avery tenha ficado com uma aparência ligeiramente mais inocente. Já a maneira com que Bugs Bunny morde a cenoura com o canto da boca lembra muito a forma com que o comediante Groucho Marx fumava o seu charuto…



“Não haveria Jim Carrey se não tivesse havido Bugs Bunny, não haveria Conan O'Brien nem Jerry Seinfeld”, considera à Lusa Peter Browngardt, o showrunner e actual director criativo da série da HBO «New Looney Tunes». “Estes desenhos animados influenciaram gerações e gerações de escritores, músicos, comediantes e artistas de todos os tipos”, acrescenta Browngardt. E acha que a longevidade de Bugs Bunny se deve à intemporalidade das suas características e ao facto de funcionar como “um espelho” da humanidade. “Se o «Bugs» tem 80 anos e estamos ainda a falar dele é porque a sua personalidade é tão identificável e rica”, argumenta. “Todos vemos um pouco de nós no Bugs Bunny. Ele tem todos estes traços fantásticos que ambicionamos ter: é alguém que defende os indefesos, luta contra os bullies, é um viajante, tem várias identidades”.



Também por isso é “uma personagem multigeracional”, denota Peter Browngardt. “Os desenhos animados foram rotulados como uma coisa para crianças e não o são. São peças de entretenimento que, se forem feitas correctamente, como os Looney Tunes clássicos foram, falam para todas as idades”. Este produtor admite que podem existir o receio de expor uma audiência mais nova aos Looney Tunes por causa da violência que caracteriza a série, porém defende que, no seu contexto, ela não é injusta ou gratuita. “A coisa fantástica nos desenhos animados é que os personagens não morrem, voltam sempre. Esse surrealismo e essa tolice negam qualquer verosimilhança à violência”. Ainda assim, a equipa decidiu por bem afastar Elmer Fudd e Yosemite Sam das espingardas e pistolas que usavam nos episódios clássicos, devido aos tiroteios em massa que assolam a América actual.



Além de Bugs Bunny, que se mantém o símbolo principal da Warner Bros., convém lembrar outras personagens icónicas dos Looney Tunes, como Daffy Duck, Taz, Speedy Gonzalez, Bip Bip (Papa-Léguas) e Coiote, sem esquecer Porky Pig, Foghorn Leghorn, Pepe le Pew, Tweety ou Sylvester, o gato, tendo mobilizado, ao longo do tempo, cineastas como Chuck Jones, Friz Freleng, Bob Clampett e Frank Tashlin, além do histórico e já mencionado Tex Avery.
Ao longo dos anos, o Pernalonga, como é conhecido no Brasil, protagonizou mais de 160 curtas-metragens durante a "era de ouro" da animação, além de ter participado noutros filmes. Ao ponto de a Academia de Hollywood ter distinguido Bugs Bunny com um Óscar de melhor curta-metragem de animação, em 1958, pelo filme “Knighty Knight Bugs”, de Friz Freleng. Contudo, somou diversas nomeações logo a partir da sua estreia, em 1940. Quanto aos Looney Tunes clássicos, eles também somaram perto de 30 nomeações para os Óscares, em pouco mais de 20 anos (de meados da década de 1930 à de 1960), tendo conquistado cinco “estatuetas” douradas de melhor curta-metragem de animação.



Aquando da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Bugs Bunny foi uma das “estrelas” de Hollywood que apoiou a propaganda das forças aliadas, com filmes como “Bugs Nips the Nips”, de 1944, onde enfrentava forças japonesas.
Em 1988, partilhou uma cena com Mickey Mouse em “Quem Tramou Roger Rabbit?”. Mais tarde, em 1996, participou em “Space Jam”, o filme de live-action e animação protagonizado pelo ex-jogador de basquetebol, Michael Jordan, além de outras personagens Looney Tunes. Devido ao seu trajecto e notoriedade, Bugs Bunny até ganhou uma estrela no Passeio da Fama de Hollywood, nos EUA.



Para assinalar os 80 anos de Bugs Bunny, o canal Boomerang vai ter um especial de programação, marcado para os dias 22 e 23 de Agosto, com uma selecção das melhores aparições na série “New Looney Tunes” e os filmes “Bugs Bunny 1001 Histórias de Coelho” e “Looney Tunes: A Fuga dos Coelhos”. A não perder!

Mesmo passadas oito décadas do nascimento de Bugs Bunny, ele continua a ser um eterno símbolo e referência dos desenhos animados.


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