Quem, como eu, tem acompanhado o mundo da pop e da moda nas últimas décadas, certamente já se deparou com trabalhos do fotógrafo americano David LaChapelle. Afinal, ele já fez registos fenomenais dos maiores artistas mundiais, como Madonna, Gisele Bündchen, Moby, Mariah Carey, Uma Thurman, Elton John, Whitney Houston, No Doubt, entre outros. Além disso, realizou videoclipes de Jennifer Lopez, Macy Gray, Avril Lavigne, Christina Aguilera, Blink-182, Moby – o aclamado “Natural Blues”, vencedor de um prémio MTV para Melhor Vídeo do Ano –, entre muitos outros. O pop e a moda, certamente, ganharam novos contornos graças ao trabalho de LaChapelle.

 

Nascido em Connecticut, EUA, em 1963, LaChapelle estudou Belas Artes na North Carolina School of the Arts. Após concluir o curso, foi para Nova Iorque, onde estudou simultaneamente na Arts Student League e na School of Visual Arts, tendo trabalhado como empregado no antigo Studio 54, de Nova Iorque. Foi lá, no começo dos anos 80, que conheceu Andy Warhol, um dos mais celebres artistas plásticos das últimas décadas. Impressionado com o seu trabalho, Warhol convidou-o para trabalhar como fotógrafo na Interview Magazine, tinha ele 18 anos. Também o apresentou aos seus amigos famosos, dando ainda mais destaque ao trabalho do recente fotógrafo. David acabou por fazer registos de celebridades de Hollywood, como Tori Spelling, Drew Barrimore, Leonardo DiCaprio e Cher, por exemplo. As suas fotos de celebridades na seção de entrevistas da Interview renderam-lhe bons comentários, e logo ele viu-se a tirar fotografias para as melhores editoras...



 

No final dos anos 1980 e início de 1990, LaChapelle já era um dos fotógrafos mais requisitados dos grandes artistas e das principais publicações de moda do mundo, como a Vogue ItaliaGQVanity FairRolling StoneVogue ParisVibe e The Face. Mas também fotografou para grandes marcas, como Sky VodkaMTVFordDiesel JeansL’Oreal e muito mais. Embora vivesse fechado no seu estúdio, “a trabalhar todo o tempo”, isso não o poupou de expor em várias partes do mundo. As suas fotografias estão em vários museus e galerias de arte, como a nova-iorquina Staley-Wiseand Toni Shafrazi Galleries, a Fahey-Klein Gallery, e as europeias Art Trend, na Áustria, Camerawork, na Alemanha, Sozzaniand Palazzo delle Esposizioni, em Itália, e Barbican Museum, em Londres, onde conseguiu um recorde de visitantes.




David LaChapelle cresceu profissionalmente e afirmou-se como fotógrafo comercial, fotógrafo de belas-artes, realizador de videoclipes, realizador de cinema e artista americano. Porém, ele sempre foi mais conhecido pela sua fotografia, que geralmente faz referência à história da arte e que, por vezes, transmite fortes mensagens sociais. O seu estilo fotográfico é comummente descrito como "hiper-real e subversivamente astuto" ou "surrealismo pop kitsch". Um artigo de 1996 apelidou-o de "Fellini da fotografia", uma frase que lhe assenta como uma luva e que continua a ser-lhe aplicada. E tal deve-se à forma como mistura os ingredientes numa sua produção, colocando as personagens em situações e em cenários insólitos, com cores exageradas, poses imprevistas e composições caóticas.




Durante anos, as fotografias de David LaChapelle seguiram uma receita viciante: alguma doçura, muito sexo e uma pitada de espiritualidade. O seu amor descarado por todas as coisas artificiais transformou celebridades em seres divinos. Quer tenha sido Kanye West como Jesus, Courtney Love como Virgem Maria ou Michael Jackson como um arcanjo, LaChapelle frequentemente funde o sagrado e o profano.

 

"Eu acredito numa linguagem visual que deve ser tão forte quanto a palavra escrita." afirmou um dia David LaChapelle. “As minhas imagens visam ficar o mais longe possível da realidade. Os sonhos devem fazer parte da nossa vida quotidiana”, acrescentou.



 

kitsch e o exagero abundam em David LaChapelle, que fez o seu nome a fotografar celebridades que colidiam com os detritos do consumidor: bugigangas, flores e fama recombinando-se em delirantes explosões de cor. O seu trabalho possui grande reconhecimento devido ao inusitado das imagens que cria, onde acaba por revelar um mundo surreal, por meio de imagens ultrassaturadas que combinam glamour com fantasia, beleza e, para alguns, até bizarro. Há algo na fotografia de David LaChapelle que, apesar de parecer estranho, parece-nos, no entanto, familiar. Parece que nas suas fotografias, o familiar se tornou estranho.




Nos anos noventa e no início dos anos 2000, a sua estética engenhosa, que se erguia abundantemente entre a pompa cristã e os pintores renascentistas, era inesgotável, espalhada por editoriais de moda, anúncios e videoclipes. Em 2007, tendo sido ridicularizado em alguns sectores devido a um comercial insípido, David acabou por deixar a actividade e fugiu para Maui, onde vivia numa colónia de nudismo fechada. Numa entrevista recente ao The Guardian, ele disse que precisava de escapar da "propaganda" embutida no seu trabalho. “Eu nunca quis filmar outra estrela pop enquanto vivi”, disse ele. “Fui torturado por elas.” Porém, algo que ninguém pode questionar é a abordagem singular e inovadora de tudo o que cria. Afinal, a sua estética exageradamente colorida é única. Afinal, David LaChapelle é o único artista da fotografia em atividade até hoje. E tem conseguido manter com sucesso um profundo impacto no campo da fotografia de celebridades, bem como na notoriamente exigente intelectualidade da arte contemporânea. Apreciem, a seguir, alguns dos seus trabalhos e percebam as suas referências em arte clássica, barroca e pop.























































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