Edição britânica da "Vogue" faz reencontro das grandes "top models" após 33 anos do primeiro ensaio fotográfico que as catapultou, numa altura em que Cindy, Christy, Linda e Naomi não necessitavam de apelidos. Em 1990, estas quatro tops - ao lado da saudosa Tatjana Patitz, que faleceu em janeiro deste ano - tornaram-se ícones do mundo da moda (e não só) sob a lente da câmara fotográfica de Peter Lindbergh. Agora, em 2023, as quatro supermodelos reuniram-se para protagonizar o célebre “september issue”, considerada a edição mais importante do ano da publicação, desta feita sob o olhar fotográfico do brasileiro Rafael Pavarotti. Segundo o editor-chefe da revista, Edward Enninful, a inspiração das novas imagens foi mostrar como as mulheres - agora todas na casa dos 50 – se encontram nas suas vidas. A ideia não foi a de recriar as imagens de 1990, onde elas apareciam com cabelos ao vento, em jeans e blusas pretas. A preocupação foi a realidade.

Naquela época elas eram apenas jovens mulheres e podiam adoptar qualquer visual, cantar corajosamente os primeiros tempos de Madonna e Lauper, ou protagonizarem o videoclipe “Freedom”, de George Michael. Foram quatro mulheres, ao lado da mencionada Tatjana e de Cláudia Schiffer, que, ao longo de mais de três décadas, definiram a própria ideia de moda. Mas estas supermodelos originais, que apareceram na edição de janeiro de 1990 da Vogue britânica – acompanhadas pela falecida Tatjana Patitz – num editorial fotografado por outra "lenda" que também já nos deixou, Peter Lindbergh, numa capa a preto e branco, anunciou não apenas o início de um novo clima na moda que permearia os anos seguintes, mas estabeleceu estas mulheres como superfamosas e superpoderosas.




Segundo Edward Enninful, “o clima no set era mágico. As modelos estavam na sua melhor forma. Para mim, essas forças extraordinárias são as maiores especialistas. Cada pose, cada escolha de moda, cada ajuste no contacto visual era considerado com elas. Trabalhar com as supers é o equivalente da moda a assistir a Shakespeare representado da maneira que deve ser feito.”



A capa atual, que também será replicada na capa da edição de setembro da “Vogue” norte-americana, certamente também vai entrar para a história, sob o título sugestivo de “As maiores de sempre”. Linda Evangelista possui agora 58 anos. Naomi, Cindy e Christy têm 53, 57 e 54 anos, respetivamente. E a reunião das fab four vem lembrar que no final dos anos 80 e meados dos anos 90, a moda deixou de ser um hobby de nicho para se tornar um pilar do entretenimento mais mainstream. As combinações raras de atributos fotogénicos, confiança, inteligência, estilo, curiosidade e uma ética de trabalho fora deste mundo destas jovens modelos, fizeram com que a indústria mudasse por completo.



Juntas e bem-dispostas neste reencontro, o quarteto realçou também a atenção dos tabloides na altura, as capas de revista, como a tal de 1990, e a amizade que as une há mais de 30 anos. No meio deste poderoso grupo, há um nome que se tem destacado nos últimos anos pelos piores motivos: Linda Evangelista. Tudo por causa das cirurgias plásticas malsucedidas e que tiveram consequências terríveis para a sua figura e saúde mental. Em 2021, após vários anos afastada das passarelas e da imprensa, a modelo canadiana revelou que tinha ficado “permanentemente desfigurada” após uma intervenção estética desastrosa. Felizmente agora, para esta capa da “Vogue”, Linda surge com um rosto mais normal, bem diferente do que apresentava em 2021 e 2022.



Mas a questão mantém-se: após o “boom”, porque é que o fenómeno das supermodelos continua a hipnotizar o mundo três décadas depois? Tal é agora objeto de um documentário de quatro partes intitulado The Super Models, com estreia marcada para 20 de setembro, na Apple TV+. Realizada por Roger Ross Williams e Larissa Bills, a série pinta em traços largos e finos um retrato da comunidade de estilo no final dos anos 80 até meados dos anos 90, quando a moda passou a ser um pilar do entretenimento convencional ao lado do cinema, da televisão e da música.



Mais maduras, hoje questionam terem sido consideradas quase estrelas de rock. As lendárias supermodelos Naomi, Cindy, Linda e Christy reaparecem juntas na capa da Vogue britânica (e americana) na que marcará a última edição de setembro do ainda editor Edward Enninful. Considerada, historicamente, o maior momento do ano para a revista, esta sua capa não vai deixar ninguém indiferente...




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