Há algum tempo que não escrevia aqui, é verdade, mas desde o meu perfil de Instagram me ter sido “hackeado” até à venda da minha casa, com tudo o que cada situação envolve, não tive tempo, nem cabeça, para vir ao blog. Peço desculpa a quem me segue...
Depois do impressionante “Companion”, Jack Quaid regressa aos grandes ecrãs com "Novocaine", uma comédia de ação que aposta num conceito original e divertido: um protagonista que não sente dor. Na pele de Nathan Caine, um solitário sub-gerente de Banco, Quaid dá vida a um herói improvável cuja maior fraqueza se revela a sua maior vantagem.
Nathan vive com Insensibilidade Congénita à Dor com Anidrose (CIPA), uma condição rara que o impede de sentir dor ou alterações de temperatura. Durante anos, esta realidade trouxe-lhe dificuldades e isolamento, até que Sherry (Amber Midthunder), uma colega de trabalho, entra na sua vida e lhe oferece uma nova perspetiva sobre a sua condição. Mas quando o Banco onde trabalham é assaltado por Simon (Ray Nicholson) e a sua quadrilha, Sherry acaba por ser raptada, levando Nathan a lançar-se numa perigosa missão de resgate.
O que torna "Novocaine" tão envolvente é a forma como transforma a sua premissa num verdadeiro espetáculo de ação e humor. Cada confronto entre Nathan e os criminosos resulta em sequências intensas e surpreendentemente hilariantes, explorando ao máximo a sua incapacidade de sentir dor.
A realização de Dan Berk e Robert Olsen imprime um ritmo dinâmico, equilibrando momentos de comédia slapstick com sequências de ação visualmente impactantes. O humor negro do filme não só diverte, como provoca reações físicas genuínas no espetador, que se encolhe involuntariamente a cada novo golpe sofrido pelo protagonista.
Jack Quaid volta a provar que tem um talento natural para personagens que oscilam entre o vulnerável e o destemido. Após papéis marcantes em "The Boys" e "Pânico 5", ele assume com mestria o papel de Nathan, captando tanto o lado cómico como a determinação da personagem. A sua interação com Ray Nicholson também merece destaque; a dinâmica entre os dois é um dos pontos altos do filme, e, tal como acontece com Jack, que é a prova de que a passagem do testemunho foi bem feita por Dennis Quaid e Meg Ryan, é impossível não reparar na herança cinematográfica que Ray carrega do seu icónico pai, Jack Nicholson.
Se a narrativa de "Novocaine" se torna previsível em certos momentos, isso nunca compromete a diversão a que se propõe. O filme não tenta ser mais do que aquilo que é: uma aventura repleta de energia, humor e sequências de ação engenhosamente coreografadas.
E acreditem: assistir "Novocaine" no cinema é uma experiência que ganha ainda mais impacto com a reação coletiva do público. Entre sustos, risos e momentos de surpresa, o filme prova ser uma excelente escolha para quem aprecia uma abordagem irreverente aos géneros de ação e comédia. De facto, Dan Berk e Robert Olsen entregam um filme que nunca se leva demasiado a sério, mas que, justamente por isso, se torna memorável. "Novocaine" é diversão pura e simples - e o grande trunfo está em nunca tentar ser mais do que isso.