Que bom partilhar isto convosco, mas não pensem que serei apenas “mais um” no ramo imobiliário. Confesso que nunca me imaginei a abandonar de vez o universo editorial. É nele que respiro há mais de uma década, desde os bastidores da F Luxury até às histórias que conto na revista e website. Mas, se há algo que aprendi ao longo desse percurso, é que o luxo autêntico não cabe num só formato. Ele manifesta-se num perfume raro, num relógio artesanal e, naturalmente, em casas que contam a sua própria narrativa.

 

Há mais de uma década que vivo entre storytelling, marcas e relações de confiança. A comunicação, sobretudo no universo do luxo, foi a minha escola diária: escutar, interpretar, curar, ligar pessoas e expectativas a experiências à altura. É com esse ADN que passo a colaborar como Real Estate Consultant na Brightman Group – Luxury & Investment Real Estate, mantendo em paralelo, pontualmente, a minha colaboração editorial com a F Luxury.

 


O que me distingue

Não venho “mudar de carreira” para experimentar algo novo; venho antes transportar competências que sempre me definiram:

- Leitura fina do perfil de cada cliente;

- Curadoria e apresentação de propostas com rigor estético e estratégico;

- Discrição, ética e follow-up consistente, do primeiro contacto à entrega da chave (e além).


Porquê a Brightman Group

Escolhi a Brightman porque é uma empresa de serviço completo que privilegia experiência personalizada, marketing estratégico e tecnologia ao serviço de um atendimento sofisticado, liderada por Anne Brightman, fundadora e CEO, cuja experiência internacional fez elevar a marca no segmento premium. Foi através de uma conversa que tive com a Anne, que partilhou a sua visão, e o Humberto Ellwanger, que tomei a decisão de entrar neste novo mundo.

Outro dos motivos foi saber que, em 2022, a Brightman foi distinguida nos Luxury Lifestyle Awards como Best Luxury Independent Real Estate Agency in Portugal, reconhecimento que sublinha a consistência do seu posicionamento. No plano operacional, possui uma equipa de profissionais de primeira categoria e um portefólio estável no segmento alto, com cerca de 230+ imóveis e um preço médio em torno de €1,1M (valor dinâmico). A sua atividade concentra-se, sobretudo, entre Cascais/Estoril, Lisboa, Porto e Algarve, coerente com o perfil de cliente internacional e HNWI que a marca serve.

 

 

Gosto ainda do lado comunitário, pois a Brightman promove meetups e eventos de networking que aproximam investidores, consultores e clientes num ambiente de conversa aberta e lifestyle.


Training onboard



Na semana passada tive uma formação intensiva de onboarding na Brightman. Entre salutar convívio e muito empenho, aprendi o B-A-BÁ da atividade imobiliária premium na Brightman: enquadramento legal, captação qualificada, diagnóstico de valor, marketing, CRM e protocolos de atendimento de alto padrão e ainda IA (Inteligência Artifical). O mérito vai, em grande parte, para o nosso formador Humberto Ellwanger, cuja exigência serena e pragmatismo transformaram cada módulo em ferramentas práticas. Saio desta semana com método, confiança e, sobretudo, com uma rede de apoio fantástica: a equipa de rookies, da qual faço parte, talentosa e empenhada, onde foram partilhados role-plays e boas práticas.



O que se pode esperar de mim

Durante dez anos emergi na comunicação de luxo. E essa vivência brindou-me com:

- Uma rede sólida (local e internacional) que sabe a quem recorrer quando procura algo verdadeiramente especial;

- Sensibilidade para ler entre linhas e perceber as aspirações de um colecionador, o estilo de vida de uma família ou o investimento ideal para um “digital nomad”;

- E um gosto natural por curadoria: selecionar apenas o que faz sentido, em vez de “despejar” opções genéricas.

Estas competências não foram, nem nunca serão, “desligadas”. Pelo contrário: transferem-se agora para o imobiliário de luxo, onde visão editorial, estética e estratégia de marca podem fazer toda a diferença no momento de vender (ou angariar) uma propriedade.

 


O que me torna diferente neste palco

Não pretendo entrar no mercado como “mais um consultor”. Entro como um parceiro que traduz estilo de vida em metros quadrados:

-  Storytelling premium, cada casa ganha narrativa própria, comunicada com o rigor editorial a que acostumei os leitores da F Luxury;

- Marketing de luxo 360°, integrando tecnologia, social media, experiências e, claro, a minha rede de contactos;

- Atenção bespoke, com visitas discretas, curadoria de serviços (de arquitetura a art buying), follow-up constante. Porque luxo é, acima de tudo, tempo e cuidado;

- Pontes entre mundos, pois continuo a colaborar com a F Luxury, o que me mantém próximo das marcas, tendências e stakeholders que valorizam o prime real estate.



E para quem é este meu novo serviço

Para quem não quer ser um número, nem “mais um lead”. Para quem valoriza confiança, estética e eficiência; para quem procura um consultor que traduza expectativas em decisões com serenidade e precisão. É esse o meu propósito!

Por isso, se está a vender, comprar ou investir em Cascais, Lisboa e arredores, fale comigo. Terei todo o gosto em apresentar uma abordagem feita à sua medida.

 

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O conceito de metaverso já existia há algum tempo, mas ganhou novo fôlego em outubro de 2021, quando o Facebook se rebatizou como Meta. Esse foi um dos maiores marcos recentes no universo tecnológico e um sinal claro do que aí vem: um mundo cada vez mais conectado através desta realidade digital imersiva.

 

Tijolo a tijolo, ou melhor, linha de código a linha de código, o metaverso vai-se construindo diante dos nossos olhos. Plataformas como a Decentraland permitem comprar terrenos virtuais e erguer desde uma simples casa até uma verdadeira cidade digital, com toda a infraestrutura que conhecemos no mundo físico. Não por acaso, foi também nesse espaço que aconteceu a primeira Metaverse Fashion Week (MVFW), reunindo marcas de moda e acessórios, tanto históricas como digitais, que quiseram apresentar as suas novidades.

 

Shudu

 

Não surpreende, portanto, que nomes de luxo como Gucci, Prada, Balenciaga e Burberry estejam a investir no metaverso, garantindo presença e influência num território que promete redefinir o futuro. E onde há moda, há também influenciadores.

 

Do real ao virtual: quem são os influenciadores digitais?

 

Tradicionalmente, é sabido que um influenciador é alguém capaz de inspirar e influenciar comportamentos ou escolhas de consumo. No marketing digital, essa influência ganha força através das redes sociais, onde partilham dicas, estilos de vida, opiniões ou produtos, criando tendências que milhões de seguidores querem imitar.

 

Lil Miquela

 

Mas se, até agora, falávamos sobretudo de pessoas “de carne e osso”, a crescente digitalização trouxe uma novidade: os influenciadores virtuais. Confesso que, à primeira vista, a ideia de seguir alguém que não existe “na realidade” me pareceu um pouco estranha. Porém, quanto mais mergulho neste tema, mais percebo que o impacto destes “avatares” vai muito além de uma curiosidade tecnológica.

 

Segundo a plataforma Virtual Humans, já existem mais de 150 influenciadores virtuais ativos em redes sociais, muitos deles exclusivamente no Instagram. A maioria tem como público principal os jovens adultos, habituados a navegar entre o TikTok, o Snapchat e o Instagram. É nesse universo que estes rostos digitais, meticulosamente criados em 3D ou totalmente gerados por computador, conquistam legiões de seguidores.

 

Daisy

 

As marcas, por sua vez, não perdem tempo. Hugo Boss, por exemplo, incluiu as personagens virtuais Imma e Nobody Sausage nas suas campanhas da primavera/verão de 2022. Este último, uma salsicha “cartoonesca” e colorida, soma milhões de seguidores, provando que a influência no digital não depende da forma humana. Até a Kentucky Fried Chicken lançou um influenciador virtual como estratégia de marketing na China. Um homem de 50 e poucos anos, com cabelo penteado para trás, barba bem cuidada, com um lifestyle luxuoso mostrado em jatos particulares ou a levantar pesos no ginásio.

 

Colonel Sanders

 

Avatares digitais e o futuro do metaverso

 

Para já, a maioria destes influenciadores existe apenas nas redes sociais, mas o metaverso será o palco natural da sua evolução. Graças a tecnologias como captura de movimento, green screen e animação 3D, já há quem crie o seu próprio “eu virtual”, que pode até cantar, dançar ou interagir com seguidores em tempo real.

 

Ainda que tudo seja cuidadosamente guiado pelos criadores, para os fãs a experiência é real. É por isso que muitas destas figuras virtuais já promovem grandes marcas de moda, participam em eventos digitais e até defendem causas sociais. Pessoalmente, acho fascinante como um “avatar” pode gerar empatia e ligação emocional tão fortes quanto uma pessoa real. Tal é uma prova de que, no digital, as barreiras entre o real e o virtual se tornam cada vez mais ténues.

 

Rozy Oh

 

Porque seguimos quem não existe?

 

Lil Miquela

A mais famosa de todas. Criada pela startup Brud em 2016, apresenta-se como uma jovem de 19 anos e já foi considerada pela TIME uma das 25 personalidades mais influentes da internet. Colaborou com marcas como Prada, participou virtualmente no Coachella e até protagonizou uma campanha da Calvin Klein ao lado de Bella Hadid.

 


 

Shudu

Conhecida como “a primeira supermodelo digital do mundo”. Criada em 2017 pelo fotógrafo Cameron-James Wilson e lançada por Olivier Rousteing na campanha #BalmainArmy, chegou a enganar seguidores quando a Fenty Beauty partilhou uma das suas imagens pensando tratar-se de uma modelo real.

 


 

Rozy Oh

A primeira grande influenciadora virtual da Coreia do Sul, criada pela Sidus Studio X em 2020. Apresenta-se como uma jovem de 22 anos e é chamada de GamSeong JangIn (“especialista em expressões”) pelos fãs, graças à sua versatilidade.

 


 

Daisy e Maya

Daisy nasceu em Milão pelas mãos da Yoox Net-a-Porter, inspirada na atriz Hannah Gross, e já apareceu em campanhas da Calvin Klein e Tommy Hilfiger.

 

Daisy



Maya, por sua vez, foi criada pela Puma em 2020, lançando o modelo Rider e assumindo o papel de “virtual girl” do sudeste asiático.

 

Maya

 

Além delas, há também influenciadores virtuais masculinos, como Blawko, FN Meka, Knox Frost ou Liam Nikuro, todos a consolidarem espaço neste novo ecossistema.

 

Blawko

 
Liam Nikuro

 

O próximo passo

 

Tal como Mark Zuckerberg escreveu na sua carta de fundador em 2021, “o metaverso é a próxima fronteira da ligação entre pessoas, tal como as redes sociais foram há uma década”.



E se hoje seguimos influenciadores humanos e digitais nas redes tradicionais, amanhã será no metaverso que estes "avatares", reais ou virtuais, irão marcar tendências, ditar estilos e até inspirar causas. No fundo, não consigo deixar de pensar que, daqui a alguns anos, falar de um “influenciador virtual” será tão banal quanto hoje é falar de um youtuber ou de um criador de conteúdos no Instagram. Afinal, no mundo digital, a influência não conhece limites. E há um detalhe que me intriga particularmente: estes influenciadores virtuais nunca envelhecem, nunca morrem. Eles permanecem eternamente no auge, como personagens imortais de um futuro que já começou.

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Desligarmo-nos do telemóvel exige coragem, verdade? As férias deveriam ser sinónimo de descanso, mas, infelizmente, nem sempre é assim. Talvez porque, em Portugal, ainda são um privilégio para muitos. De acordo com dados do INE, cerca de 31% dos portugueses não conseguem pagar uma semana de férias fora de casa por ano (dados de 2024). E mesmo para quem consegue, a verdade é que estas acabam, muitas vezes, por se tornar uma corrida contra o tempo para “recarregar baterias” antes do regresso ao trabalho.

 

Confesso que também já senti isso. Aquele paradoxo estranho: finalmente tenho uns dias livres e, em vez de relaxar, sinto-me ansioso. Às vezes, até me custa desligar do telemóvel, das notificações, dos e-mails... Parece que o mundo vai desmoronar se eu não responder de imediato. E a realidade de muitos portugueses não ajuda. Conheço histórias que podiam ser as minhas ou as vossas: a Rita, que trabalha numa loja no centro de Lisboa e, nos dias “livres”, está sempre de sobreaviso para substituir colegas; o Pedro, dono de um pequeno alojamento local em Cascais, que passa as férias a correr atrás de check-ins e check-outs ou a Carla, empregada num restaurante de praia no Algarve, que diz detestar os dias de folga porque só consegue pensar no caos que a espera no regresso.

 

Sei bem o que eles sentem. E talvez por isso me tenha identificado tanto com as palavras do filósofo Juan Evaristo Valls, que diz que “as férias têm a ver com vacar, deixar um espaço vazio, estar incomunicável… e isso exige muita força”. O tal vazio que já não sabemos suportar...

 

 

Parece-me que já não sabemos estar parados. O tempo lento do verão, aquele em que podíamos perder horas a contemplar o mar, a ler sem pressa ou a fazer sestas intermináveis, está a desaparecer. Em parte, porque as condições de vida e de trabalho se tornaram mais exigentes, por outro lado, parte porque o próprio sistema em que vivemos nos habituou a procurar sempre estímulos.

 

E quando finalmente paramos, sentimos… desconforto. A terapeuta Itziar Torres explica que “o corpo não funciona assim: não lhe dizemos relaxa e ele relaxa”. É quase como se tivéssemos desaprendido a descansar. Muitas pessoas sentem ansiedade nos primeiros dias de férias: desligar do modo “produtivo” é mais difícil do que parece.

 

 

As armadilhas do “weisure”

 

Outra armadilha dos tempos modernos é o chamado weisure, a fusão entre trabalho (work) e lazer (leisure - percebem melhor agora o nome do meu blog?). Quem nunca levou o portátil “só para despachar umas coisas” nas férias? Ou quem não aproveitou para atualizar as redes sociais com fotos bonitas de forma quase estratégica, como se estivéssemos a “alimentar a nossa marca pessoal”?

 

O problema é que esta pressão subtil nos impede de descansar. Até as experiências de férias se transformam em check lists: “visitar o monumento X”, “experimentar o restaurante Y”, “tirar a foto Z para o Instagram”. No fim, acabamos por regressar exaustos, com a sensação de que o tempo voou.

 

 

O descanso é (quase) um acto de resistência

 

Hoje, percebo que descansar não é apenas parar. É, de certa forma, um acto de resistência. Exige decisão e disciplina: desligar o telemóvel, não responder a mensagens, dizer que “não” a mais trabalho. E, sim, também é um privilégio. Em Portugal, muitos não podem simplesmente desligar-se. Entre rendas elevadas, salários curtos e a instabilidade de tantos empregos, o descanso ainda é um "luxo".

 

Mas talvez possamos começar por pequenas coisas: deixar espaços no dia para não fazer nada, aceitar o tédio, andar sem rumo (literalmente), resistir à tentação de estar sempre “ligado”. Como diz Valls, “a incapacidade de parar tem a ver com a incapacidade de pensar e vice-versa”.

 


Este verão, mais do que “recarregar baterias”, quero experimentar algo diferente: ficar realmente vazio, no melhor sentido. E quem sabe, assim, descobrir o que é descansar de verdade. Vamos todos procurar fazer o mesmo? Vamos tentar aplicar isto na nossa vida. Ainda não é fácil. Lutamos contra aquela voz que nos diz que precisamos ser “produtivos”, que estamos a desperdiçar o tempo. Mas eu quero mudar. Porque o descanso não é um luxo supérfluo: é essencial. É o espaço onde podemos voltar a ser nós próprios, sem prazos, sem notificações, sem pressão. E vocês, conseguem mesmo desligar quando estão de férias?

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Durante anos, e como fã de super-heróis que sou, assisti com uma espécie de esperança teimosa a todas as tentativas (não muito bem conseguidas, diga-se de passagem) de adaptar o Quarteto Fantástico ao grande ecrã. Sempre gostei da ideia de uma família de super-heróis que não precisavam de capas ou egos insuflados para serem relevantes, apenas de laços genuínos, afectos reais e conflitos humanos. Mas Hollywood parecia insistir em reduzi-los a caricaturas planas. Até agora.

 

Com “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos”, tive, finalmente, a sensação de estar a ver um filme com alma. A primeira família da Marvel chega ao MCU (Universo Cinematográfico da Marvel) não como mais uma engrenagem no multiverso, mas como uma unidade emocional coesa, com dilemas e virtudes que ressoam para lá dos efeitos visuais. Este não é apenas um filme de super-heróis. É um filme sobre família e isso faz toda a diferença. E depois do recente “Superman”, da DC, é uma realidade: os super-heróis estão a ser retratados com mais humanidade.

 


Realizado por Matt Shakman, a mente por trás de “WandaVision” (a série da Marvel para streaming), o filme tem um tom emocionalmente inteligente, esteticamente distinto e narrativamente bem estruturado. Há ecos da estética retro-futurista de Jack Kirby e Stan Lee, mas também uma abordagem moderna e intimista, muito própria, onde os silêncios e os olhares contam tanto como as explosões.

 

 

Sim, um dos aspetos que mais me fascinou foi o ambiente retro-futurista que permeia todo o filme. Há uma estética muito marcada dos anos 50 e 60, dos cortes de cabelo e penteados aos trajes científicos, dos carros às decorações, como se o tempo tivesse congelado numa era de otimismo tecnológico, mas com acesso a uma ciência muito avançada que transcende tudo o que conhecemos. É como assistir a um episódio dos The Jetsons reimaginado por Kubrick, onde o passado sonha com o futuro, mas sem perder a ingenuidade do olhar original. Esta escolha não é apenas visual; ela confere identidade ao filme e torna o mundo do Quarteto Fantástico distintamente seu: familiar e nostálgico, mas também ousadamente visionário.

 


O elenco, então, é de luxo e funciona maravilhosamente bem como conjunto. Pedro Pascal é Reed Richards, a mente brilhante com o coração dividido. Vanessa Kirby é uma Sue Storm com uma profundidade raramente vista em personagens femininas do género: complexa, determinada, vulnerável e poderosa. Joseph Quinn traz humor e carisma a Johnny Storm, e Ebon Moss-Bachrach emociona como o Ben Grimm mais humano de todos até agora.

 

E se a ideia de “fatiga de super-heróis” paira sobre algumas estreias, confesso: não me identifico. Nunca me cansei de boas histórias bem contadas. O problema, quase sempre, não são os superpoderes, é a falta de substância. Mas este “Primeiros Passos” tem essa substância. A banda sonora de Michael Giacchino faz arrepiar, a direção de arte é sublime e há espaço para emoção, sacrifício, dilemas éticos e... família, acima de tudo.

 

Gostei especialmente da forma como o filme explora a individualidade dentro do coletivo. Cada um dos quatro enfrenta os seus próprios fantasmas, e os poderes são quase secundários perante as decisões que têm de tomar. O tema da maternidade, por exemplo, é central para Sue. E há momentos, como o que envolve o pequeno Franklin Richards, que tocam fundo, porque nos recordam que o verdadeiro heroísmo, muitas vezes, passa pelo que estamos dispostos a perder por amor.

 


Claro que o CGI não é sempre perfeito (os efeitos do Reed continuam a ter aquele “quê” de estranho), mas, francamente, não me incomodou. O foco está nas personagens, não nas luzes ou explosões. Galactus, interpretado por Ralph Ineson, é uma presença imponente e fria, e Julia Garner surpreende como uma Surfista Prateada mais etérea do que cósmica, embora algo subaproveitada, admito.

 

Há um lado quase simbólico em ver esta família finalmente tratada com o respeito que merece. Durante décadas, o Quarteto Fantástico foi uma promessa por cumprir. Agora, com “Primeiros Passos”, essa promessa começa a materializar-se. É um filme com alma, com textura, com emoção. E, numa altura em que a Marvel parece procurar reencontrar o seu caminho, esta aposta mais contida, mais sensível e mais humana pode muito bem ser o novo rumo que o estúdio precisava. A crítica gostou, o público está a reagir com entusiasmo, e talvez o mais importante, os fãs, como eu, sentem-se finalmente representados.

 

 

Se é o melhor filme do MCU? Provavelmente, não. Mas é, sem dúvida, a melhor adaptação do Quarteto até à data. E isso, depois de tantos tropeços, já é uma enorme vitória.

 


 

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Confesso: nunca fui fã de ginásios, nem de grandes planos de treino. Mas há hábitos que, quase sem darmos por isso, fazem bem ao corpo, à mente… e ao nosso dia a dia. Um deles tem agora nome: phonning. Já tinham ouvido falar?

Pode parecer um estrangeirismo (e é), mas o conceito não podia ser mais simples e mais português, até. Trata-se de caminhar enquanto se fala ao telefone. Isso mesmo! Pegar no telemóvel, atender uma chamada e, em vez de nos sentarmos no sofá ou ficarmos parados, começamos a andar. Pela casa, pelo escritório, pela rua. O que antes era um gesto automático, hoje pode ser uma forma consciente de cuidar de nós.

 

 

Recentemente, li que mais de 31 milhões de espanhóis já o fazem. E com razão. Afinal, o phonning é uma resposta prática a um dos maiores dramas modernos: a falta de tempo. Não exige ténis de corrida, nem leggings, nem horários marcados. Apenas dois pés e uma boa conversa. Segundo dados da Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência (CNMC) de Espanha, em 2023 cada espanhol falou, em média, 40,29 horas ao telemóvel. Se considerarmos uma velocidade média de caminhada de 4,5 km/h, isso significa que um phonner percorre cerca de 181 quilómetros por ano, ou seja, mais de quatro maratonas, simplesmente a falar e a andar. Impressionante, não é? Um dado curioso que mostra como pequenos gestos acumulam grandes efeitos, mesmo sem darmos por isso.

Além disso, faz maravilhas ao coração, literalmente. Melhora a circulação, ajuda a controlar o peso, tonifica as pernas e até reforça os ossos. Mas o que mais me atrai é o lado mental: aquela sensação de bem-estar, quase como se cada passo servisse para aliviar uma preocupação. E, quando conversamos com alguém de quem gostamos, esse efeito é ainda mais poderoso.

 


Tenho dado por mim a aproveitar as chamadas com amigos, ou até reuniões telefónicas, para me pôr a mexer. Nem sempre consigo sair de casa, por isso caminho entre divisões, às vezes com música de fundo, outras vezes só com o som da voz do outro lado. E sabem que mais? Sabe-me bem. E sabe-me bem saber que estou a fazer algo por mim, mesmo que seja algo tão simples. Não digo que isto substitua um passeio à beira-mar ou uma ida ao ginásio (para quem não falha, claro), mas digo com certeza: o phonning faz sentido. E talvez devêssemos falar mais sobre estas pequenas formas de nos mexermos, sem pressão, sem metas inalcançáveis, sem culpa.

 


E se pensarmos bem, estamos sempre agarrados ao telemóvel, então, por que não usar esse tempo a nosso favor? A chamada com o Banco, a conversa com a tia, o amigo que não vemos há meses… tudo pode ser feito em movimento. Mesmo num dia de chuva, dentro de casa, o importante é o gesto: levantar-nos, dar uns passos, sair da estagnação. Há inclusive empresas que estão a incentivar os colaboradores a fazer chamadas em pé, a andar pelos corredores durante reuniões, a integrar este movimento no ambiente de trabalho. Não custa tentar. Aliás, custa mais ficar parado.

No fundo, o phonning é isso: um pequeno ritual de cuidado próprio, escondido no meio da rotina. Não há desculpas. Apenas o convite discreto de cuidarmos de nós, passo a passo, palavra a palavra. E se há tendência que vale a pena seguir, é esta. Porque no fundo, o phonning não requer ginásios, nem planos de fitness complexos. Requer apenas consciência, vontade de cuidar de nós e, claro, uma boa conversa ao telefone.

 


 

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Sempre gostei de descobrir histórias que surpreendem, especialmente quando mostram como as aparências podem esconder verdadeiros génios. A mais recente que me deixou fascinado é a de Hedy Lamarr. Provavelmente, muitos de vocês já ouviram este nome, talvez por filmes antigos de Hollywood ou pelas capas de revistas da época dourada do cinema. Mas sabiam que ela está na origem da tecnologia que hoje usamos no Wi-Fi, no Bluetooth e até no GPS?



Sim, Hedy Lamarr não foi apenas uma das atrizes mais deslumbrantes dos anos 30 e 40. Nascida Hedwig Eva Maria Kiesler, em Viena, em 1914, Hedy foi uma das grandes estrelas da Era Dourada do cinema norte-americano, conhecida por papéis em filmes como "Êxtase" (1933), onde protagonizou o primeiro nu integral da história do cinema, "Argélia" (1938), "Sansão e Dalila" (1949), e "A Mulher Estranha" (1946), entre outros. Um documentário sobre sua a vida, "Bombshell: A História de Hedy Lamarr", foi lançado em 2017.



De facto, a sua beleza era tão marcante que dizem que Walt Disney se inspirou nela para criar o rosto da Branca de Neve, aquela primeira princesa animada da Disney que encantou o mundo em 1937. A delicadeza dos traços, os olhos expressivos, o cabelo negro ondulado de Brance de Neve... tudo remetia a Hedy. No entanto, o que muitos não sabem é que, por trás do rosto que inspirou a Branca de Neve da Disney, escondia-se uma mente verdadeiramente visionária. Sem dúvida, a verdadeira surpresa está nos bastidores da sua vida.

 

 

Durante a Segunda Guerra Mundial, já a viver nos Estados Unidos, Hedy sentia-se frustrada por não poder contribuir de forma mais direta com o esforço de guerra. Tinha um espírito inquieto e uma inteligência que ia muito além dos papéis que lhe davam no cinema. Em parceria com o compositor George Antheil, que também era um inventor, criou um sistema de comunicações que permitia alterar as frequências de transmissão de forma contínua, tornando os sinais praticamente impossíveis de serem interceptados. Uma tecnologia inovadora que viria a ser essencial, anos depois, para a criação das comunicações sem fios que usamos hoje.

 


Em 1942, obtiveram a patente n.º 2.292.387 para este sistema, pensado originalmente para proteger as comunicações navais dos Aliados. Mas, por ser mulher e atriz, ninguém levou a ideia a sério na altura. Só décadas mais tarde é que a invenção foi redescoberta e aplicada. E hoje, sem sabermos, usamos diariamente algo que começou com o génio de Hedy - a base tecnológica para sistemas atuais como o Wi-Fi, o Bluetooth e o GPS.

 

 

Foi apenas em 1997 que ela recebeu o devido reconhecimento pela sua contribuição para a ciência e tecnologia, com um prémio da Electronic Frontier Foundation. Tarde demais, talvez, mas nunca tarde para contarmos a sua história. Ou seja, enquanto encantava o público com a sua presença no grande ecrã, Hedy Lamarr, sem formação académica formal em engenharia, estava a antecipar as bases da comunicação sem fios moderna, sendo lembrada como uma verdadeira precursora na ciência e tecnologia.



Confesso que fiquei tocado por este lado tão inesperado de alguém que o mundo conhecia apenas como “a mulher mais bonita do cinema”. A verdade é que Hedy Lamarr foi uma visionária. E, como tantas outras figuras esquecidas, merece ser lembrada não só pela beleza ou pela fama, mas pelo impacto invisível que teve no nosso presente.

 


Lamarr é o exemplo fascinante de como o talento e a inteligência podem coexistir nos lugares menos esperados, rompendo estereótipos e inspirando novas gerações. Talvez por isso seja tão importante contarmos estas histórias, porque inspiram, porque corrigem o passado e porque nos mostram que genialidade não tem um rosto só.

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