Como leitor que cresceu com Astérix, Obélix e o fiel Ideiafix, ver os nossos irredutíveis gauleses atravessarem finalmente o extremo sudoeste do Império romano em direção à nossa Lusitânia, é daquelas notícias que me enchem o peito. Portugal entra no mapa oficial das aventuras desta dupla, e logo com todos os sinais de identidade: a calçada portuguesa, o bacalhau e, acima de tudo, a generosidade do nosso povo.

 

Fabcaro

Um álbum soalheiro… e muito nosso

 

O argumentista Fabcaro (Fabrice Caro) quis um destino onde os heróis nunca tinham estado, tarefa cada vez mais difícil, dado o número de viagens já feitas, e desejava um álbum luminoso, de férias, com espírito mediterrânico. A escolha caiu naturalmente em Lusitânia (hoje, Portugal). Ele próprio o diz: veio várias vezes de férias e adora o país; a simpatia das pessoas conquistou-o.

 

Por se tratar de um lugar real (e tão próximo), os autores não quiseram perder a oportunidade de trabalhar sobre o terreno. Durante a preparação do livro, o editor e Fabcaro vieram a Portugal: ver sítios, sentir o ambiente, provar especialidades, tirar notas e fotografias. Essa curiosidade é meio caminho andado para um álbum que respeita e celebra a cultura que visita.



A capa provisória (uma homenagem aos nossos calceteiros)

 

O desenhador Didier Conrad recebeu um verdadeiro dossier fotográfico, cortesia de Fabcaro, e completou-o com pesquisa online. Fascinado pelos nossos padrões, decidiu que a calçada portuguesa teria lugar de destaque na capa provisória: uma homenagem ao trabalho paciente e artístico de quem talha e assenta cada cubo de pedra preto e branco. E, como motivo central, um peixe emblemático: o nosso querido bacalhau. Confesso que sorri só de imaginar os mosaicos a ondular sob as sandálias romanas e os passos apressados de Obélix.

 

Didier Conrad

 

O argumento (sem estragar a surpresa)

 

Aqui, a regra do segredo absoluto mantém-se. O que se pode revelar é pouco e saboroso: um velho escravo lusitano, que encontramos em “A Residência dos Deuses”, vai pedir ajuda a Astérix e companhia. Quanto ao resto, fico, como os bons leitores, a aguardar, divertido pelo momento em que os gauleses irão derrapar (literalmente) na calçada.

 

Anunciar com humor

 

Desde os anos 60, os criadores de Astérix têm um talento especial para anunciar novas aventuras com humor e mistério. Goscinny e Uderzo brincavam com “televisões” imaginárias, entrevistas fingidas e conferências deliciosas. Agora, Fabcaro e Conrad pegam nessa herança e atualizam-na: um vídeo online, entrevista fora de campo, um herói que resiste, outro prestes a contar mais do que devia… O suficiente para aguçar a curiosidade sem revelar o miolo. É uma arte e Astérix é mestre.

 


 

Lusitânia: de Viriato a Júlio César

 

Eis um enquadramento necessário. Como recorda Manuel Neves, doutor em Antropologia Social e Histórica, as primeiras referências aos lusitanos colocam-nos na zona montanhosa da Estrela e arredores, comunidades pré-celtas com castros fortificados. Nas altitudes, o gado e a recoleção; nas planícies, uma agricultura mais rica.

 

Com a conquista romana nasce a província da Lusitânia, crucial para o Império pelos recursos minerais, sobretudo o ouro. A produção de estanho na faixa costeira abriu rotas marítimas com o Mediterrâneo. Em menos de um século, a romanização tornou o território indispensável para Roma.

 

E os paralelos com a Gália existem: o inimigo comum (Roma), e chefes carismáticos que entram nos livros: Viriato entre os lusitanos, Vercingetórix entre os gauleses. Não por acaso, Júlio César combateu os lusitanos por volta de 60 a.C. e, dez anos depois, pôs fim à resistência gaulesa. História que promete ecoar na banda desenhada.

 


 

O que podemos encontrar nas páginas

 

Como bom português que sou, imagino, e desejo, ver monumentos reconhecíveis, sabores que nos definem, a energia aberta e hospitaleira das pessoas. Quero apanhar trocadilhos deliciosos com a nossa gastronomia, ruas de calçada cheias de gags físicos, e aquele olhar bem-humorado, mas informado, sobre quem somos. Acima de tudo, espero uma aventura cheia de sola, que nos faça rir e, discretamente, nos espelhe. Porque é este o génio de Astérix: viajar, satirizar e, no fim, brindar connosco.

 

Marquem na vossa agenda: 23 de outubro de 2025 chega às livrarias o novo álbum de Astérix passado na Lusitânia, o 41º livro da coleção. Fico, como vocês, irredutivelmente ansioso...

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Gosto quando o cinema nos convida a parar, a abrir espaço para escutar, lembrar e imaginar. “O Lugar dos Sonhos”, realizado (e escrito) por Diogo Morgado, faz exatamente isso: pega num videoclube a cair de velho, num avô e num neto que mal se conhecem, e transforma um verão numa ponte entre gerações. Estreou hoje, 28 de agosto, nas salas portuguesas.

 

A história acompanha o João, um miúdo de 10 anos muito vidrado em videojogos e redes sociais, que é “desligado” pela mãe, Sofia (Áurea, em estreia no cinema) e levado até à vila onde vive o avô Júlio (Carlos Areia), ex-projecionista de filmes que resiste a vender o seu videoclube, precisamente chamado O Lugar dos Sonhos. O encontro começa algo forçado, mas rapidamente vira rito de passagem: entre fitas, memórias e conversas, o cinema torna-se linguagem comum para dizer o que, às vezes, as famílias não sabem dizer.

 


O filme mistura referências que reconhecemos, de “Serenata à Chuva” e “Matrix” a “Regresso ao Futuro”, “Parque Jurássico”, “O Feiticeiro de Oz” ou “Guerra das Estrelas”, e convoca diferentes “dialetos” da sétima arte: do mudo à animação, passando pelos efeitos contemporâneos. Sem dúvida, é uma verdadeira carta de amor assumida ao gesto de ver filmes em conjunto e de os usar como mapa para crescer. Sendo pai, Morgado diz querer aproximar os mundos dos miúdos do “scroll infinito” e dos avós que guardam histórias no corpo e na lembrança. A intenção sente-se, fazendo-nos rir ou ficar profundamente emocionados.

 


Não é difícil perceber que “O Lugar dos Sonhos” nasce da influência que “Cinema Paraíso”, de Giuseppe Tornatore, deixou na formação de Diogo Morgado. Mais do que uma piscadela de olho a este “clássico”, é um agradecimento explícito a um filme que o marcou ainda em criança e que lhe ensinou a fazer perguntas, ao cinema e à vida.

 

Antes de “O Lugar dos Sonhos”, Diogo Morgado já tinha passado pela realização no cinema: estreou-se nas longas metragens com a comédia “Malapata” (2017), aventurou-se na ficção científica em “Solum” (2019), assinou o telefilme “Interface” (2020) e voltou ao grande ecrã com o thriller/drama “Irregular” (2021).

 


Filmado entre Lisboa e Cabeço de Vide (Alentejo), o filme alterna ambientes urbanos e paisagens rurais com uma fotografia cuidada, sempre ao serviço das personagens. Para além do trio central, vemos ainda Gonçalo Menino (o filho/neto João), Maria Viralhada, Carmen Santos, Guilherme Filipe, Ricardo de Sá, Pedro Lacerda, José Pompeu e Mário Oliveira. É bom ver gerações do talento português a cruzarem-se num projeto que quer, declaradamente, falar “para todos”.

 

 

“O Lugar dos Sonhos” propõe-se a ser um filme de reconciliação, acessível, que tenta reencantar o acto de ir ao cinema numa altura em que a sala escura luta para recuperar público. Entre perfeições e imperfeições, a ambição de criar pontos de contacto intergeracionais está lá e, para mim, isso vale a ida.

 

Gosto particularmente do subtexto: legado, perdão, escuta. Aquela ideia bonita de que as histórias que nos fizeram crescer, mesmo as que achamos “menores” ou esquecidas, continuam a abrir portas novas no presente. E que um videoclube semi-arruinado pode ser, afinal, um lugar de começo.

 

Se, como eu, cresceste a rebobinar cassetes VHS e hoje vives entre plataformas streaming, provavelmente vais reconhecer muito deste “choque de mundos”. Por isso, vão ver este lindo filme português com os vossos, conversem à saída, comparem memórias e referências. É assim que o cinema continua vivo: na sala, em conjunto, e na conversa que se partilha. Porque aqui, o cinema volta a juntar avôs, netos e memórias. A gentil convite do próprio Diogo, eu fui à antestreia ver a minha sessão. E vocês, quando vão sonhar?

 


 

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Que bom partilhar isto convosco, mas não pensem que serei apenas “mais um” no ramo imobiliário. Confesso que nunca me imaginei a abandonar de vez o universo editorial. É nele que respiro há mais de uma década, desde os bastidores da F Luxury até às histórias que conto na revista e website. Mas, se há algo que aprendi ao longo desse percurso, é que o luxo autêntico não cabe num só formato. Ele manifesta-se num perfume raro, num relógio artesanal e, naturalmente, em casas que contam a sua própria narrativa.

 

Há mais de uma década que vivo entre storytelling, marcas e relações de confiança. A comunicação, sobretudo no universo do luxo, foi a minha escola diária: escutar, interpretar, curar, ligar pessoas e expectativas a experiências à altura. É com esse ADN que passo a colaborar como Real Estate Consultant na Brightman Group – Luxury & Investment Real Estate, mantendo em paralelo, pontualmente, a minha colaboração editorial com a F Luxury.

 


O que me distingue

Não venho “mudar de carreira” para experimentar algo novo; venho antes transportar competências que sempre me definiram:

- Leitura fina do perfil de cada cliente;

- Curadoria e apresentação de propostas com rigor estético e estratégico;

- Discrição, ética e follow-up consistente, do primeiro contacto à entrega da chave (e além).


Porquê a Brightman Group

Escolhi a Brightman porque é uma empresa de serviço completo que privilegia experiência personalizada, marketing estratégico e tecnologia ao serviço de um atendimento sofisticado, liderada por Anne Brightman, fundadora e CEO, cuja experiência internacional fez elevar a marca no segmento premium. Foi através de uma conversa que tive com a Anne, que partilhou a sua visão, e o Humberto Ellwanger, que tomei a decisão de entrar neste novo mundo.

Outro dos motivos foi saber que, em 2022, a Brightman foi distinguida nos Luxury Lifestyle Awards como Best Luxury Independent Real Estate Agency in Portugal, reconhecimento que sublinha a consistência do seu posicionamento. No plano operacional, possui uma equipa de profissionais de primeira categoria e um portefólio estável no segmento alto, com cerca de 230+ imóveis e um preço médio em torno de €1,1M (valor dinâmico). A sua atividade concentra-se, sobretudo, entre Cascais/Estoril, Lisboa, Porto e Algarve, coerente com o perfil de cliente internacional e HNWI que a marca serve.

 

 

Gosto ainda do lado comunitário, pois a Brightman promove meetups e eventos de networking que aproximam investidores, consultores e clientes num ambiente de conversa aberta e lifestyle.


Training onboard



Na semana passada tive uma formação intensiva de onboarding na Brightman. Entre salutar convívio e muito empenho, aprendi o B-A-BÁ da atividade imobiliária premium na Brightman: enquadramento legal, captação qualificada, diagnóstico de valor, marketing, CRM e protocolos de atendimento de alto padrão e ainda IA (Inteligência Artifical). O mérito vai, em grande parte, para o nosso formador Humberto Ellwanger, cuja exigência serena e pragmatismo transformaram cada módulo em ferramentas práticas. Saio desta semana com método, confiança e, sobretudo, com uma rede de apoio fantástica: a equipa de rookies, da qual faço parte, talentosa e empenhada, onde foram partilhados role-plays e boas práticas.



O que se pode esperar de mim

Durante dez anos emergi na comunicação de luxo. E essa vivência brindou-me com:

- Uma rede sólida (local e internacional) que sabe a quem recorrer quando procura algo verdadeiramente especial;

- Sensibilidade para ler entre linhas e perceber as aspirações de um colecionador, o estilo de vida de uma família ou o investimento ideal para um “digital nomad”;

- E um gosto natural por curadoria: selecionar apenas o que faz sentido, em vez de “despejar” opções genéricas.

Estas competências não foram, nem nunca serão, “desligadas”. Pelo contrário: transferem-se agora para o imobiliário de luxo, onde visão editorial, estética e estratégia de marca podem fazer toda a diferença no momento de vender (ou angariar) uma propriedade.

 


O que me torna diferente neste palco

Não pretendo entrar no mercado como “mais um consultor”. Entro como um parceiro que traduz estilo de vida em metros quadrados:

-  Storytelling premium, cada casa ganha narrativa própria, comunicada com o rigor editorial a que acostumei os leitores da F Luxury;

- Marketing de luxo 360°, integrando tecnologia, social media, experiências e, claro, a minha rede de contactos;

- Atenção bespoke, com visitas discretas, curadoria de serviços (de arquitetura a art buying), follow-up constante. Porque luxo é, acima de tudo, tempo e cuidado;

- Pontes entre mundos, pois continuo a colaborar com a F Luxury, o que me mantém próximo das marcas, tendências e stakeholders que valorizam o prime real estate.



E para quem é este meu novo serviço

Para quem não quer ser um número, nem “mais um lead”. Para quem valoriza confiança, estética e eficiência; para quem procura um consultor que traduza expectativas em decisões com serenidade e precisão. É esse o meu propósito!

Por isso, se está a vender, comprar ou investir em Cascais, Lisboa e arredores, fale comigo. Terei todo o gosto em apresentar uma abordagem feita à sua medida.

 

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O conceito de metaverso já existia há algum tempo, mas ganhou novo fôlego em outubro de 2021, quando o Facebook se rebatizou como Meta. Esse foi um dos maiores marcos recentes no universo tecnológico e um sinal claro do que aí vem: um mundo cada vez mais conectado através desta realidade digital imersiva.

 

Tijolo a tijolo, ou melhor, linha de código a linha de código, o metaverso vai-se construindo diante dos nossos olhos. Plataformas como a Decentraland permitem comprar terrenos virtuais e erguer desde uma simples casa até uma verdadeira cidade digital, com toda a infraestrutura que conhecemos no mundo físico. Não por acaso, foi também nesse espaço que aconteceu a primeira Metaverse Fashion Week (MVFW), reunindo marcas de moda e acessórios, tanto históricas como digitais, que quiseram apresentar as suas novidades.

 

Shudu

 

Não surpreende, portanto, que nomes de luxo como Gucci, Prada, Balenciaga e Burberry estejam a investir no metaverso, garantindo presença e influência num território que promete redefinir o futuro. E onde há moda, há também influenciadores.

 

Do real ao virtual: quem são os influenciadores digitais?

 

Tradicionalmente, é sabido que um influenciador é alguém capaz de inspirar e influenciar comportamentos ou escolhas de consumo. No marketing digital, essa influência ganha força através das redes sociais, onde partilham dicas, estilos de vida, opiniões ou produtos, criando tendências que milhões de seguidores querem imitar.

 

Lil Miquela

 

Mas se, até agora, falávamos sobretudo de pessoas “de carne e osso”, a crescente digitalização trouxe uma novidade: os influenciadores virtuais. Confesso que, à primeira vista, a ideia de seguir alguém que não existe “na realidade” me pareceu um pouco estranha. Porém, quanto mais mergulho neste tema, mais percebo que o impacto destes “avatares” vai muito além de uma curiosidade tecnológica.

 

Segundo a plataforma Virtual Humans, já existem mais de 150 influenciadores virtuais ativos em redes sociais, muitos deles exclusivamente no Instagram. A maioria tem como público principal os jovens adultos, habituados a navegar entre o TikTok, o Snapchat e o Instagram. É nesse universo que estes rostos digitais, meticulosamente criados em 3D ou totalmente gerados por computador, conquistam legiões de seguidores.

 

Daisy

 

As marcas, por sua vez, não perdem tempo. Hugo Boss, por exemplo, incluiu as personagens virtuais Imma e Nobody Sausage nas suas campanhas da primavera/verão de 2022. Este último, uma salsicha “cartoonesca” e colorida, soma milhões de seguidores, provando que a influência no digital não depende da forma humana. Até a Kentucky Fried Chicken lançou um influenciador virtual como estratégia de marketing na China. Um homem de 50 e poucos anos, com cabelo penteado para trás, barba bem cuidada, com um lifestyle luxuoso mostrado em jatos particulares ou a levantar pesos no ginásio.

 

Colonel Sanders

 

Avatares digitais e o futuro do metaverso

 

Para já, a maioria destes influenciadores existe apenas nas redes sociais, mas o metaverso será o palco natural da sua evolução. Graças a tecnologias como captura de movimento, green screen e animação 3D, já há quem crie o seu próprio “eu virtual”, que pode até cantar, dançar ou interagir com seguidores em tempo real.

 

Ainda que tudo seja cuidadosamente guiado pelos criadores, para os fãs a experiência é real. É por isso que muitas destas figuras virtuais já promovem grandes marcas de moda, participam em eventos digitais e até defendem causas sociais. Pessoalmente, acho fascinante como um “avatar” pode gerar empatia e ligação emocional tão fortes quanto uma pessoa real. Tal é uma prova de que, no digital, as barreiras entre o real e o virtual se tornam cada vez mais ténues.

 

Rozy Oh

 

Porque seguimos quem não existe?

 

Lil Miquela

A mais famosa de todas. Criada pela startup Brud em 2016, apresenta-se como uma jovem de 19 anos e já foi considerada pela TIME uma das 25 personalidades mais influentes da internet. Colaborou com marcas como Prada, participou virtualmente no Coachella e até protagonizou uma campanha da Calvin Klein ao lado de Bella Hadid.

 


 

Shudu

Conhecida como “a primeira supermodelo digital do mundo”. Criada em 2017 pelo fotógrafo Cameron-James Wilson e lançada por Olivier Rousteing na campanha #BalmainArmy, chegou a enganar seguidores quando a Fenty Beauty partilhou uma das suas imagens pensando tratar-se de uma modelo real.

 


 

Rozy Oh

A primeira grande influenciadora virtual da Coreia do Sul, criada pela Sidus Studio X em 2020. Apresenta-se como uma jovem de 22 anos e é chamada de GamSeong JangIn (“especialista em expressões”) pelos fãs, graças à sua versatilidade.

 


 

Daisy e Maya

Daisy nasceu em Milão pelas mãos da Yoox Net-a-Porter, inspirada na atriz Hannah Gross, e já apareceu em campanhas da Calvin Klein e Tommy Hilfiger.

 

Daisy



Maya, por sua vez, foi criada pela Puma em 2020, lançando o modelo Rider e assumindo o papel de “virtual girl” do sudeste asiático.

 

Maya

 

Além delas, há também influenciadores virtuais masculinos, como Blawko, FN Meka, Knox Frost ou Liam Nikuro, todos a consolidarem espaço neste novo ecossistema.

 

Blawko

 
Liam Nikuro

 

O próximo passo

 

Tal como Mark Zuckerberg escreveu na sua carta de fundador em 2021, “o metaverso é a próxima fronteira da ligação entre pessoas, tal como as redes sociais foram há uma década”.



E se hoje seguimos influenciadores humanos e digitais nas redes tradicionais, amanhã será no metaverso que estes "avatares", reais ou virtuais, irão marcar tendências, ditar estilos e até inspirar causas. No fundo, não consigo deixar de pensar que, daqui a alguns anos, falar de um “influenciador virtual” será tão banal quanto hoje é falar de um youtuber ou de um criador de conteúdos no Instagram. Afinal, no mundo digital, a influência não conhece limites. E há um detalhe que me intriga particularmente: estes influenciadores virtuais nunca envelhecem, nunca morrem. Eles permanecem eternamente no auge, como personagens imortais de um futuro que já começou.

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Desligarmo-nos do telemóvel exige coragem, verdade? As férias deveriam ser sinónimo de descanso, mas, infelizmente, nem sempre é assim. Talvez porque, em Portugal, ainda são um privilégio para muitos. De acordo com dados do INE, cerca de 31% dos portugueses não conseguem pagar uma semana de férias fora de casa por ano (dados de 2024). E mesmo para quem consegue, a verdade é que estas acabam, muitas vezes, por se tornar uma corrida contra o tempo para “recarregar baterias” antes do regresso ao trabalho.

 

Confesso que também já senti isso. Aquele paradoxo estranho: finalmente tenho uns dias livres e, em vez de relaxar, sinto-me ansioso. Às vezes, até me custa desligar do telemóvel, das notificações, dos e-mails... Parece que o mundo vai desmoronar se eu não responder de imediato. E a realidade de muitos portugueses não ajuda. Conheço histórias que podiam ser as minhas ou as vossas: a Rita, que trabalha numa loja no centro de Lisboa e, nos dias “livres”, está sempre de sobreaviso para substituir colegas; o Pedro, dono de um pequeno alojamento local em Cascais, que passa as férias a correr atrás de check-ins e check-outs ou a Carla, empregada num restaurante de praia no Algarve, que diz detestar os dias de folga porque só consegue pensar no caos que a espera no regresso.

 

Sei bem o que eles sentem. E talvez por isso me tenha identificado tanto com as palavras do filósofo Juan Evaristo Valls, que diz que “as férias têm a ver com vacar, deixar um espaço vazio, estar incomunicável… e isso exige muita força”. O tal vazio que já não sabemos suportar...

 

 

Parece-me que já não sabemos estar parados. O tempo lento do verão, aquele em que podíamos perder horas a contemplar o mar, a ler sem pressa ou a fazer sestas intermináveis, está a desaparecer. Em parte, porque as condições de vida e de trabalho se tornaram mais exigentes, por outro lado, parte porque o próprio sistema em que vivemos nos habituou a procurar sempre estímulos.

 

E quando finalmente paramos, sentimos… desconforto. A terapeuta Itziar Torres explica que “o corpo não funciona assim: não lhe dizemos relaxa e ele relaxa”. É quase como se tivéssemos desaprendido a descansar. Muitas pessoas sentem ansiedade nos primeiros dias de férias: desligar do modo “produtivo” é mais difícil do que parece.

 

 

As armadilhas do “weisure”

 

Outra armadilha dos tempos modernos é o chamado weisure, a fusão entre trabalho (work) e lazer (leisure - percebem melhor agora o nome do meu blog?). Quem nunca levou o portátil “só para despachar umas coisas” nas férias? Ou quem não aproveitou para atualizar as redes sociais com fotos bonitas de forma quase estratégica, como se estivéssemos a “alimentar a nossa marca pessoal”?

 

O problema é que esta pressão subtil nos impede de descansar. Até as experiências de férias se transformam em check lists: “visitar o monumento X”, “experimentar o restaurante Y”, “tirar a foto Z para o Instagram”. No fim, acabamos por regressar exaustos, com a sensação de que o tempo voou.

 

 

O descanso é (quase) um acto de resistência

 

Hoje, percebo que descansar não é apenas parar. É, de certa forma, um acto de resistência. Exige decisão e disciplina: desligar o telemóvel, não responder a mensagens, dizer que “não” a mais trabalho. E, sim, também é um privilégio. Em Portugal, muitos não podem simplesmente desligar-se. Entre rendas elevadas, salários curtos e a instabilidade de tantos empregos, o descanso ainda é um "luxo".

 

Mas talvez possamos começar por pequenas coisas: deixar espaços no dia para não fazer nada, aceitar o tédio, andar sem rumo (literalmente), resistir à tentação de estar sempre “ligado”. Como diz Valls, “a incapacidade de parar tem a ver com a incapacidade de pensar e vice-versa”.

 


Este verão, mais do que “recarregar baterias”, quero experimentar algo diferente: ficar realmente vazio, no melhor sentido. E quem sabe, assim, descobrir o que é descansar de verdade. Vamos todos procurar fazer o mesmo? Vamos tentar aplicar isto na nossa vida. Ainda não é fácil. Lutamos contra aquela voz que nos diz que precisamos ser “produtivos”, que estamos a desperdiçar o tempo. Mas eu quero mudar. Porque o descanso não é um luxo supérfluo: é essencial. É o espaço onde podemos voltar a ser nós próprios, sem prazos, sem notificações, sem pressão. E vocês, conseguem mesmo desligar quando estão de férias?

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Durante anos, e como fã de super-heróis que sou, assisti com uma espécie de esperança teimosa a todas as tentativas (não muito bem conseguidas, diga-se de passagem) de adaptar o Quarteto Fantástico ao grande ecrã. Sempre gostei da ideia de uma família de super-heróis que não precisavam de capas ou egos insuflados para serem relevantes, apenas de laços genuínos, afectos reais e conflitos humanos. Mas Hollywood parecia insistir em reduzi-los a caricaturas planas. Até agora.

 

Com “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos”, tive, finalmente, a sensação de estar a ver um filme com alma. A primeira família da Marvel chega ao MCU (Universo Cinematográfico da Marvel) não como mais uma engrenagem no multiverso, mas como uma unidade emocional coesa, com dilemas e virtudes que ressoam para lá dos efeitos visuais. Este não é apenas um filme de super-heróis. É um filme sobre família e isso faz toda a diferença. E depois do recente “Superman”, da DC, é uma realidade: os super-heróis estão a ser retratados com mais humanidade.

 


Realizado por Matt Shakman, a mente por trás de “WandaVision” (a série da Marvel para streaming), o filme tem um tom emocionalmente inteligente, esteticamente distinto e narrativamente bem estruturado. Há ecos da estética retro-futurista de Jack Kirby e Stan Lee, mas também uma abordagem moderna e intimista, muito própria, onde os silêncios e os olhares contam tanto como as explosões.

 

 

Sim, um dos aspetos que mais me fascinou foi o ambiente retro-futurista que permeia todo o filme. Há uma estética muito marcada dos anos 50 e 60, dos cortes de cabelo e penteados aos trajes científicos, dos carros às decorações, como se o tempo tivesse congelado numa era de otimismo tecnológico, mas com acesso a uma ciência muito avançada que transcende tudo o que conhecemos. É como assistir a um episódio dos The Jetsons reimaginado por Kubrick, onde o passado sonha com o futuro, mas sem perder a ingenuidade do olhar original. Esta escolha não é apenas visual; ela confere identidade ao filme e torna o mundo do Quarteto Fantástico distintamente seu: familiar e nostálgico, mas também ousadamente visionário.

 


O elenco, então, é de luxo e funciona maravilhosamente bem como conjunto. Pedro Pascal é Reed Richards, a mente brilhante com o coração dividido. Vanessa Kirby é uma Sue Storm com uma profundidade raramente vista em personagens femininas do género: complexa, determinada, vulnerável e poderosa. Joseph Quinn traz humor e carisma a Johnny Storm, e Ebon Moss-Bachrach emociona como o Ben Grimm mais humano de todos até agora.

 

E se a ideia de “fatiga de super-heróis” paira sobre algumas estreias, confesso: não me identifico. Nunca me cansei de boas histórias bem contadas. O problema, quase sempre, não são os superpoderes, é a falta de substância. Mas este “Primeiros Passos” tem essa substância. A banda sonora de Michael Giacchino faz arrepiar, a direção de arte é sublime e há espaço para emoção, sacrifício, dilemas éticos e... família, acima de tudo.

 

Gostei especialmente da forma como o filme explora a individualidade dentro do coletivo. Cada um dos quatro enfrenta os seus próprios fantasmas, e os poderes são quase secundários perante as decisões que têm de tomar. O tema da maternidade, por exemplo, é central para Sue. E há momentos, como o que envolve o pequeno Franklin Richards, que tocam fundo, porque nos recordam que o verdadeiro heroísmo, muitas vezes, passa pelo que estamos dispostos a perder por amor.

 


Claro que o CGI não é sempre perfeito (os efeitos do Reed continuam a ter aquele “quê” de estranho), mas, francamente, não me incomodou. O foco está nas personagens, não nas luzes ou explosões. Galactus, interpretado por Ralph Ineson, é uma presença imponente e fria, e Julia Garner surpreende como uma Surfista Prateada mais etérea do que cósmica, embora algo subaproveitada, admito.

 

Há um lado quase simbólico em ver esta família finalmente tratada com o respeito que merece. Durante décadas, o Quarteto Fantástico foi uma promessa por cumprir. Agora, com “Primeiros Passos”, essa promessa começa a materializar-se. É um filme com alma, com textura, com emoção. E, numa altura em que a Marvel parece procurar reencontrar o seu caminho, esta aposta mais contida, mais sensível e mais humana pode muito bem ser o novo rumo que o estúdio precisava. A crítica gostou, o público está a reagir com entusiasmo, e talvez o mais importante, os fãs, como eu, sentem-se finalmente representados.

 

 

Se é o melhor filme do MCU? Provavelmente, não. Mas é, sem dúvida, a melhor adaptação do Quarteto até à data. E isso, depois de tantos tropeços, já é uma enorme vitória.

 


 

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